PROTEGENDO O CORPO E A ALMA.

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Sexto mandamento – “Não matarás.” — ÊXODO 20:13.

O sexto princípio, em sua aparente simplicidade, revela uma profundidade extraordinária quando examinado à luz da intenção divina. Não se trata apenas de uma proibição contra o ato físico de tirar a vida, mas de um chamado divino ao cuidado integral com o próximo.

Como observou João Calvino, “o Senhor vinculou toda a raça humana por uma espécie de unidade”, estabelecendo que “a segurança de todos deve ser considerada e confiável a cada um”. Esta perspectiva revoluciona nossa compreensão da complexidade, transformando-a de uma mera restrição negativa em um mandato positivo de proteção e cuidado mútuo.

Na verdade, quando Deus pronunciou “Não matarás”, Ele não estava apenas regulando nosso comportamento externo, mas também nosso mundo interior. Como poderia ser diferente? Seria sem sentido que Deus, que vê nossos pensamentos ocultos e nossas mais profundas emoções, que tem consideração especial pelos aspectos internos de nossa existência, determinasse leis para doutrinar apenas nossos corpos finitos e não nossas almas eternas. O Criador que formou tanto o corpo quanto a alma certamente se preocupa com ambos.

Cristo ampliou esta compreensão em Seu sermão do monte: “Ouvistes o que foi dito aos antigos: ‘Não matarás’… Eu, porém, vos digo que todo aquele que se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento” (Mateus 5:21-22). Jesus desvela a dimensão interna do mandamento, mostrando que o assassinato começa na mente, germinando nas sementes da ira e do ódio que cultivamos contra o próximo. Jonathan Edwards destacou que “o ódio nada mais é do que a ira de longa data”. Permitir que a animosidade se instale no coração é violar o mandamento, mesmo que as mãos permaneçam limpas de sangue. Nossos pensamentos e interesses são importantes tanto quanto nossas ações.

Também consideramos o valor extraordinário que Deus atribui à vida humana. Cada pessoa é tanto “imagem de Deus quanto nossa carne”, como expressou Herman Bavinck. Reconhecer essa dupla dignidade do ser humano deve nos conduzir a uma reverência sagrada por cada vida.

O mandamento não se limita a proibir o mal; ele nos convoca para “defender a vida do nosso próximo”, promovendo sua tranquilidade e bem-estar. A omissão também é transgressão: “Se você não se mover para defender a segurança de outro, por essa desumanidade, você viola a lei.” Nossa responsabilidade se estende além da abstenção do mal, ela inclui o compromisso ativo com o bem.

E, se isso é verdade para o corpo, quanto mais para a alma, cujo valor é tão elevado aos olhos de Deus, que somos incapazes de medir! Proteger a vida inclui o cuidado com a salvação eterna do próximo e, portanto, possui relações com a vocação missionária de todo cristão.

Existe em você ira não resolvida, ressentimentos cultivados ou indiferença cruel ao sofrimento alheio? Você precisa se livrar urgentemente de tudo isso, comprometa-se não apenas a evitar o mal, mas a avançar na promoção do bem. Abrace a responsabilidade de proteger tanto o corpo quanto a alma daqueles que hoje estão ao seu redor. Abandone os pensamentos destrutivos e busque cultivar o genuíno amor pelo próximo.

Deus Eterno, reconheço que muitas vezes violo este mandamento em meu coração, abrigando ressentimentos e negligenciando oportunidades de defender meu próximo. Perdoe-me e transforma meu coração. Ajude-me a ver que cada pessoa carrega a tua imagem e, portanto, é digna do meu cuidado. Que eu possa, pelo poder do teu Espírito, não apenas evitar o mal, mas promover o progresso contínuo do bem, protegendo tanto o corpo quanto a alma daqueles que colocas em meu caminho. Em nome de Jesus, que deu sua vida para termos vida abundante e, ao final, perdoou seus agressores. Amém.

Somente Cristo!

Pr. Reginaldo Soares.

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