Texto Básico: Mateus 28:19-20. “Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos.”
Leituras Bíblicas Complementares:
João 8:31-32; Lucas 9:23-25; 2 Timóteo 2:1-2; Atos dos Apóstolos 1:8; Marcos 3:14; João 15; Mateus 4:19-20.
INTRODUÇÃO
Na primavera de 1934, em um pequeno seminário clandestino chamado Finkenwalde1, na Alemanha nazista, um jovem pastor luterano chamado Dietrich Bonhoeffer2 reuniu vinte e cinco seminaristas para viver uma experiência radical de comunidade cristã. Em um tempo em que a igreja alemã estava sendo cooptada pela ideologia do Terceiro Reich,3 Bonhoeffer buscava restaurar o verdadeiro significado do discipulado cristão. Foi neste contexto que ele começou a desenvolver os pensamentos que culminariam em sua obra mais conhecida: “Nachfolge” (Seguimento), posteriormente traduzida como “Discipulado” ou “O Custo do Discipulado”.
Em uma passagem memorável deste livro, Bonhoeffer escreveu:
“Quando Cristo chama um homem, o convida a vir e morrer… O chamado para seguir a Cristo sempre significa um chamado para morrer, por mais diversas que sejam as formas como esta morte pode acontecer. Mas é o mesmo chamado.”
Estas palavras capturam a essência do discipulado cristão autêntico, um chamado que transcende épocas e culturas, e que encontra sua origem no mandato final de Jesus Cristo a seus seguidores, registrado em Mateus 28:19-20, conhecido como a Grande Comissão.
Nesta lição inaugural de nossa série “Discípulos de Cristo”, mergulharemos no conceito fundamental do discipulado, explorando seu significado bíblico, sua centralidade na vida cristã e sua relevância permanente para a igreja contemporânea. Afinal, como observou corretamente Edward L. Smither, nos primórdios do cristianismo, o termo “discípulo” tornou-se praticamente sinônimo de “cristão”. Não se tratava de um subgrupo especial dentro da igreja, mas da própria definição do que significa ser seguidor de Jesus Cristo.
EXPLICAÇÃO DO TEXTO BÁSICO.
Em Mateus 28:19-20, encontramos as palavras finais de Jesus Cristo aos seus discípulos após sua ressurreição, antes de sua ascensão aos céus. Este texto, conhecido como a Grande Comissão, representa o ápice do Evangelho de Mateus e, de certa forma, de toda a narrativa evangélica.
Contexto Histórico e Bíblico.
No contexto histórico e bíblico, Mateus 28:19-20 marca a transição crucial entre o ministério terreno de Jesus e o início da missão da Igreja. Estas palavras foram proferidas pelo Cristo ressuscitado aos seus discípulos em um monte na Galileia, após sua morte e ressurreição.
É significativo que Mateus, diferentemente de Marcos e Lucas, não concluiu seu evangelho com a ascensão de Jesus. Em vez disso, ele termina com estas palavras de autoridade, serviço e promessa de presença contínua. Este não é apenas um encerramento formal, mas representa o ápice de toda a mensagem evangelística, a culminância da história de Jesus Cristo e o legado final do Ressurreto para sua comunidade de seguidores.
Este texto marca uma transição significativa na história da salvação. O que antes era uma missão limitada a Israel (Mateus 10:5-6) agora se expande para “todas as nações”. O teólogo reformado Herman Bavinck observa:
“A Grande Comissão representa uma expansão radical da missão divina. Na antiga aliança, as nações deveriam vir a Israel; na nova aliança, Israel deve ir às nações. O particularismo dá lugar ao universalismo, não por abandonar a eleição divina, mas por expandir seu escopo conforme o plano eterno de Deus.”
O rompimento do “estreitamento étnico da sinagoga” dá lugar à “universalidade da comunidade”. A comunidade de Jesus agora abrange o mundo inteiro, substituindo o modo “etnicamente fechado de pensar da velha aliança” pela nova aliança que rompe todas as barreiras étnicas, culturais e sociais.
Propósito e Mensagem do Texto.
O propósito deste texto é estabelecer claramente a missão da igreja nascente e de todos os discípulos de Cristo ao longo da história. Não se trata de uma sugestão ou recomendação, mas de uma ordem direta do Senhor ressurreto, investido de “toda a autoridade no céu e na terra” (Mateus 28:18).
A mensagem central pode ser compreendida através da tríplice ordem missionária que Jesus apresenta:
- “Façam discípulos de todas as nações” – Esta é a ordem principal, o imperativo central da Grande Comissão. Não se trata apenas de ensinar ou pregar, mas de fazer discípulos, replicando o modelo que o próprio Jesus demonstrou durante seu ministério terreno.
- “Batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” – O batismo representa a incorporação dos novos crentes na comunidade da fé, marcando sua identificação com Cristo em sua morte e ressurreição.
- “Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado” – O discipulado não termina com a conversão, mas continua com o ensino contínuo que leva à obediência a todos os mandamentos de Cristo.
Esta tríplice ordem é emoldurada pela promessa da presença constante de Cristo: “Eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”. Esta promessa é o fundamento que possibilita o cumprimento da missão.
Termos e expressões específicas.
“Ide” – No texto original grego, este não é propriamente um imperativo, mas um particípio que poderia ser traduzido como “indo” ou “ao irdes”. Isso sugere que fazer discípulos deve acontecer no curso normal da vida do cristão, aonde quer que ele vá. Contudo, carrega a força de uma ordem plenipotenciária do “Príncipe da vida”, não sendo mais um envio “provisório, limitado, transitório”, como em Mateus 10, mas “definitivo, ilimitado, permanente, duradouro”. Augustus Nicodemus Lopes4 comenta:
“O particípio ‘indo’ no grego não deve diminuir a força do comando missionário, mas sim ampliá-lo. O discipulado não é uma atividade isolada ou restrita a momentos específicos, mas permeia toda a vida do cristão, onde quer que ele esteja e para onde, quer que vá.”
“Façam discípulos” (μαθητεύσατε, mathēteusate) – Este é o único verbo no imperativo da Grande Comissão, indicando que esta é a ordem principal. Diferente de simplesmente “ensinar”, fazer discípulos implica um processo integral de formação, que inclui chamado, conversão, instrução, modelagem e envio.
“Todas as nações” (πάντα τὰ ἔθνη, panta ta ethnē) – Esta expressão marca a universalidade da missão cristã, rompendo com as limitações étnicas anteriores. O discipulado não está mais restrito a Israel, mas estende-se a todos os povos da terra.
“Batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” – Esta fórmula trinitária aparece aqui pela primeira vez na Escritura. A expressão “no nome de” significa “a entrega do batizando ao Pai, Filho e Espírito”.
“Ensinando-os a guardar” – O discipulado inclui não apenas o conhecimento intelectual, mas a obediência prática. Este ministério do ensino vai além da “palavra de arauto” inicial, abrangendo “a palavra de aprofundamento, de cura de almas, de ensino, de exortação, de consolo”.
“Eis que estou convosco todos os dias” – Esta promessa da presença contínua de Cristo é o fundamento que possibilita o cumprimento da missão. Sem esta promessa, “seguir a Cristo seria uma ação movida por recordações”, mas com ela, ser discípulo constitui, “em meio ao presente século, um pedaço do novo mundo de Deus”.
2. A TRÍPLICE DIMENSÃO DO DISCIPULADO EM MATEUS 28:19-20.
O mandato de Jesus em Mateus 28:19-20 revela três dimensões essenciais do discipulado que formam um processo integrado.
2.1. Evangelizar: “Fazei discípulos de todas as nações”
O primeiro componente do discipulado é a proclamação do evangelho que leva à conversão. Antes que alguém possa ser discípulo de Jesus, precisa ouvir e responder à Boa Nova do Reino. O teólogo R.C. Sproul destaca:
“A evangelização não é opcional para a igreja. Não é algo que fazemos quando temos tempo ou inclinação. É o mandato do Rei do universo. A Grande Comissão é exatamente isso – uma comissão, não uma sugestão. E fazer discípulos começa com a proclamação do evangelho.”
Este mandato evangelístico possui várias características importantes:
a) É Universal: “Todas as nações” (πάντα τὰ ἔθνη, panta ta ethnē) indica que o evangelho é para todos os povos, sem exceção. Isso contrasta com a instrução anterior de Jesus aos discípulos em Mateus 10:5-6: “Não se dirijam aos gentios, nem entrem em cidade alguma dos samaritanos. Antes, dirijam-se às ovelhas perdidas de Israel.”
b) É Intencional: O verbo “fazei discípulos” (μαθητεύσατε, mathēteusate) está no imperativo, indicando um comando direto. Não é opcional, mas obrigatório para todos os seguidores de Cristo.
c) É Transformador: Fazer discípulos não é simplesmente obter conversões ou decisões, mas iniciar pessoas em um relacionamento transformador com Jesus Cristo que afeta todos os aspectos da vida.
2.2. Incorporar: “Batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.
O segundo componente do discipulado é o batismo, que representa a incorporação do novo crente na comunidade da fé. O batismo não é um ato isolado, mas simboliza a identificação do discípulo com a morte e ressurreição de Cristo (Romanos 6:3-4) e sua entrada na comunidade da aliança. O teólogo Herman Bavinck observa:
“O batismo cristão é muito mais que um rito cerimonial; é um selo da aliança da graça, representando tanto a purificação do pecado quanto a incorporação na comunidade do povo de Deus. Através dele, o novo discípulo é oficialmente identificado com Cristo e com Seu corpo, a Igreja.”
O batismo “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” tem profundo significado teológico:
a) Reconhece a Trindade: Embora não seja uma formulação trinitária completamente desenvolvida, esta expressão claramente aponta para a realidade de Deus como trino.
b) Expressa posse: ser batizado “em nome de” significa pertencer a alguém. O discípulo agora pertence ao Deus Trino.
c) Comunica Identidade: O batismo marca uma mudança radical de identidade. O discípulo não é mais definido pelo mundo, mas por sua relação com Deus.
2.3. Edificar: “Ensinando-os a guardar todas as coisas que Eu vos tenho mandado”.
O terceiro componente do discipulado é o ensino contínuo que leva à obediência. O discipulado não termina com a conversão ou o batismo; na verdade, é apenas o início de uma jornada de crescimento espiritual. O teólogo e pastor John MacArthur escreve:
“O discipulado bíblico não se contenta com a mera transmissão de informação; busca a transformação do caráter. Não se trata apenas de conhecer a vontade de Deus, mas de fazê-la. Não é suficiente memorizar os mandamentos de Cristo; é necessário obedecê-los.”
Este componente de ensino possui várias características importantes:
a) É Abrangente: “Todas as coisas que eu vos tenho mandado” não deixa espaço para seletividade. Os discípulos devem ser instruídos em todo o conselho de Deus.
b) É Prático: “Ensinando-os a guardar” indica que o objetivo do ensino não é meramente o conhecimento teórico, mas a aplicação prática.
c) É Contínuo: O particípio presente “ensinando” (διδάσκοντες, didaskontes) sugere uma ação contínua, não um evento único.
3. OS FUNDAMENTOS DO DISCIPULADO AUTÊNTICO
3.1. A autoridade de Cristo: “Toda a autoridade me foi dada…”
A Grande Comissão está fundamentada na autoridade suprema de Jesus Cristo. Em Mateus 28:18, Jesus declara: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra.” Este é o fundamento que legitima e possibilita a missão discipuladora da igreja. O professor de Novo Testamento D.A. Carson comenta:
“A Grande Comissão não está baseada em algum tipo de otimismo ingênuo sobre as capacidades humanas ou na sabedoria de nossa estratégia, mas inteiramente na autoridade ilimitada de Jesus Cristo. É porque Ele possui toda autoridade que podemos ir e fazer discípulos com confiança.”
Esta autoridade tem várias implicações importantes:
a) Legitimidade: A missão da igreja não é auto inventada, mas divinamente ordenada. Não estamos agindo por nossa própria iniciativa, mas sob as ordens diretas do Rei dos Reis.
b) Capacitação: A mesma autoridade que comissiona também capacita. Porque Jesus tem toda autoridade, Ele pode empoderar Seus discípulos para a tarefa.
c) Responsabilidade: A autoridade de Cristo significa que somos responsáveis perante Ele. Um dia prestaremos contas de como obedecemos à sua comissão.
3.2. A presença de Cristo: “Eis que estou convosco todos os dias…”
A Grande Comissão termina com uma extraordinária promessa: “Eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mateus 28:20). Esta promessa da presença contínua de Cristo é o recurso fundamental que possibilita o cumprimento da missão. Jonathan Edwards, o grande teólogo e avivalista americano, observou:
“A presença de Cristo com Sua igreja não é meramente um conforto, mas a própria fonte de sua vida e poder. Sem essa presença, todo esforço para fazer discípulos seria como tentar acender uma lâmpada sem eletricidade.”
Esta promessa tem várias dimensões:
a) Permanência: “Todos os dias” indica uma presença constante, não intermitente. Cristo está sempre com Seus discípulos, em todos os momentos e circunstâncias.
b) Universalidade: “Convosco” se refere à igreja corporativa. Cristo está presente onde Seus discípulos estão reunidos em Seu nome (Mateus 18:20).
c) Finalidade: “Até a consumação dos séculos” estabelece que esta promessa continua até o retorno de Cristo, quando o “estou com vocês” será transformado em “estaremos com o Senhor para sempre” (1 Tessalonicenses 4:17).
3.3. O Poder do Espírito Santo: “Recebereis Poder…”
Embora não mencionado explicitamente em Mateus 28:19-20, o poder do Espírito Santo é fundamental para o cumprimento da Grande Comissão. Em Atos 1:8, Jesus promete aos discípulos: “Recebereis poder quando o Espírito Santo descer sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra.” O teólogo John Stott escreve:
“A missão sem o Espírito é impensável; seria presunçoso tentar fazê-la. Mas o Espírito sem a missão é igualmente inconcebível; seria desajustado à natureza mesma do Espírito que foi enviado para capacitar a igreja para o testemunho.”
O papel do Espírito Santo no discipulado inclui:
a) Iluminação: O Espírito abre mentes e corações para compreender e receber a verdade de Deus (João 16:13).
b) Transformação: O Espírito opera a mudança interior que produz o fruto do caráter semelhante ao de Cristo (Gálatas 5:22-23).
c) Capacitação: O Espírito concede dons para o serviço e testemunho eficaz (1 Coríntios 12:4-11).
4. O CUSTO E O COMPROMISSO DO DISCIPULADO
4.1. O Custo do Discipulado: Uma Entrega Radical
Embora a Grande Comissão não mencione explicitamente o custo do discipulado, Jesus foi extremamente claro em vários outros momentos sobre o preço de segui-Lo. Em Lucas 9:23-24, Ele declara: “Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida a perderá; mas quem perder a sua vida por minha causa, este a salvará.”
Dietrich Bonhoeffer, em sua obra “Discipulado”, apresenta de forma contundente esta dimensão:
“Quando Cristo chama um homem, o convida a vir e morrer… A graça barata é a pregação do perdão sem arrependimento, batismo sem disciplina eclesiástica, comunhão sem confissão, absolvição sem confissão pessoal. A graça barata é a graça sem discipulado, graça sem a cruz, graça sem Jesus Cristo vivo e encarnado. A graça preciosa é o tesouro escondido no campo; por amor a ela o homem vende tudo o que tem com alegria; a pérola de grande valor pela qual o comerciante abre mão de todos os seus bens; o reino de Cristo, pelo qual o homem arranca o olho que o faz tropeçar; o chamado de Jesus Cristo que faz com que o discípulo deixe suas redes e o siga.”
O custo do discipulado aplica-se tanto ao sentido de “seguir Jesus” quanto ao de “ajudar outros a seguirem Jesus”:
a) O custo de seguir Jesus: Implica em abnegação, renúncia aos ídolos e ambições egoístas, disposição para enfrentar a oposição e o sofrimento por causa de Cristo.
b) O custo de ajudar outros a seguirem Jesus: Implica em investimento de tempo, energia e recursos; vulnerabilidade ao permitir que outros vejam nossas lutas e fraquezas; disposição para suportar desapontamentos quando aqueles que discipulamos falham.
4.2. O Compromisso com a Multiplicação
O verdadeiro discipulado é necessariamente multiplicador. Jesus não apenas fez discípulos, mas os enviou para fazer outros discípulos. Em 2 Timóteo 2:2, Paulo articula este princípio: “E as coisas que me ouviu dizer na presença de muitas testemunhas, confie a homens fiéis que sejam também capazes de ensinar outros.”
O pastor e escritor Robert Coleman, em sua obra clássica “O Plano Mestre de Evangelismo”, observa:
“A estratégia de Jesus era clara: Ele escolheu poucos homens, mas os discipulou profundamente, de modo que pudessem perpetuar Seu trabalho depois que Ele partisse. Seu método não era produzir conversos em massa, mas discípulos totalmente comprometidos que, por sua vez, fariam o mesmo com outros.”
Este princípio de multiplicação pode ser visto em quatro gerações espirituais mencionadas em 2 Timóteo 2:2:
- Paulo: “as coisas que me ouviu dizer”
- Timóteo: “confie”
- Homens fiéis: “a homens fiéis”
- Outros: “que sejam também capazes de ensinar outros”
4.3. A Integração entre Ser e Fazer
Uma das tensões no discipulado cristão é o equilíbrio entre “ser” (identidade) e “fazer” (atividade). Muitas vezes, tendemos a focar excessivamente em um aspecto em detrimento do outro. O teólogo Dallas Willard alerta:
“Um dos maiores erros na compreensão contemporânea do discipulado é reduzi-lo a atividades religiosas ou comportamentos externos. O discipulado bíblico começa com uma transformação do ser interior, da qual naturalmente fluem ações e atitudes semelhantes às de Cristo.”
Jesus abordou ambas as dimensões:
a) Ser: “Vocês são a luz do mundo” (Mateus 5:14) – uma declaração de identidade.
b) Fazer: “Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens” (Mateus 5:16) – um chamado à ação.
A verdadeira integração acontece quando nosso fazer flui naturalmente de nosso ser, quando nossas ações são expressões autênticas de nossa identidade em Cristo. Como afirma o estudioso N. T. Wright:1
“A ética cristã não consiste principalmente em regras que devemos seguir ou ideais aos quais devemos aspirar. Trata-se, antes de tudo, de uma questão de nos tornarmos um certo tipo de pessoa, alguém formado e moldado pelo Espírito para ser como Jesus.”
5. O DISCIPULADO NA IGREJA CONTEMPORÂNEA
5.1. Desafios ao Discipulado Bíblico.
A igreja contemporânea enfrenta numerosos desafios na implementação do discipulado bíblico. Entre eles:
a) Individualismo2
O individualismo que permeia a cultura ocidental moderna contradiz a natureza comunitária do discipulado cristão. Muitos cristãos contemporâneos veem a fé como um assunto pessoal e privado, resistindo à ideia de prestação de contas mútua e formação comunitária. O sociólogo da religião Robert Bellah observou em seu influente estudo “Habits of the Heart”:
“O individualismo é o credo primário da cultura americana, uma maneira de entender a vida que enfatiza a autonomia e a autodeterminação. Quando aplicado à religião, produz o que chamamos de ‘sheila-ismo’ – uma fé profundamente privada, desconectada de tradições e comunidades, na qual cada pessoa decide por si mesma o que acreditar.”
b) Consumismo.3
A mentalidade consumista transformou muitos cristãos em “compradores de igreja” que avaliam igrejas com base em quão bem atendem às suas necessidades e preferências, em vez de buscar um lugar onde possam crescer e servir. O teólogo Augustus Nicodemus Lopes comenta:
“Muitas igrejas atuais tornaram-se supermercados espirituais, oferecendo uma variedade de ‘produtos’ para satisfazer os desejos dos consumidores religiosos. Neste contexto, o discipulado é frequentemente reduzido a um ‘serviço opcional’ que poucos escolhem, em vez de ser entendido como o cerne da vida cristã.”
c) Secularismo.4
A cosmovisão secular que domina muitas sociedades modernas dificulta a formação de uma identidade cristã distinta. Muitos cristãos compartimentalizam sua fé, permitindo que valores seculares moldem áreas significativas de suas vidas. O teólogo James K. A. Smith observa:
“O problema não é apenas que os cristãos não pensam com uma cosmovisão cristã; é que nós somos formados por práticas e liturgias culturais que moldam nossos amores e desejos de maneiras que contradizem nossas confissões intelectuais. Somos discipulados diariamente por nossa imersão em rituais culturais que formam nossos corações e mentes mais efetivamente que muitos sermões.”
5.2. Princípios Perenes para um Discipulado Eficaz.
Apesar dos desafios contemporâneos, certos princípios de discipulado permanecem eficazes em qualquer contexto cultural:
a) Relacionamentos Intencionais
O discipulado ocorre primariamente por meio de relacionamentos, não de programas. Jesus investiu intensamente em um pequeno grupo de discípulos, vivendo com eles, comendo com eles, ensinando-os por meio de palavras e exemplo.
John Wesley, o fundador do metodismo, reconheceu este princípio quando desenvolveu seu sistema de “classes” e “bands” – pequenos grupos de responsabilidade mútua. Ele escreveu:
“O cristianismo é essencialmente uma religião social, e fazer dele uma religião solitária é, na verdade, destruí-lo. Quando digo que esta é uma religião social, quero dizer não apenas que ela não pode subsistir sem sociedade, sem cristãos vivendo e se reunindo uns com os outros, mas também que ela não pode subsistir sem que estes se amem uns aos outros, sem que ‘cuidem uns dos outros’ em amor.”
O pastor contemporâneo Bill Hull, em “The Complete Book of Discipleship”, reforça:
“O discipulado não é um programa ou um evento; é uma relação. Jesus chamou seus discípulos não apenas para aprender Seus ensinamentos, mas para estarem com Ele. Isso significa que, para fazer discípulos hoje, precisamos estabelecer relacionamentos profundos nos quais possamos modelar, ensinar e corrigir em amor.”
b) Centralidade da Palavra.
O discipulado bíblico sempre mantém a Palavra de Deus como sua fonte primária de autoridade e transformação. Em João 8:31-32, Jesus declara: “Se vocês permanecerem na minha palavra, verdadeiramente serão meus discípulos. E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará.”
O reformador Martinho Lutero enfatizou este princípio quando escreveu:
“A Palavra vem primeiro, e com a Palavra vem o Espírito. E quando o Espírito vem, a fé também vem. É absolutamente impossível separar a fé da Palavra.”
A exposição sistemática e aplicação da Escritura devem estar no centro de qualquer processo de discipulado eficaz. No entanto, isso não significa apenas o acúmulo de conhecimento bíblico, mas a transformação de vida através da aplicação da verdade bíblica, como Paulo enfatiza em Romanos 12:2: “Não se conformem com o padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente.”
c) Comunidade Autêntica
O discipulado não pode ocorrer isoladamente; ele requer uma comunidade de fé autêntica. Em Hebreus 10:24-25, somos exortados: “Consideremos como podemos motivar uns aos outros ao amor e às boas obras. Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas procuremos encorajar-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês veem que se aproxima o Dia.”
Dietrich Bonhoeffer, que experimentou a profunda realidade de comunidade cristã em Finkenwalde, escreveu em “Vida em Comunhão”:
“O cristianismo significa comunidade por meio de Jesus Cristo e em Jesus Cristo. Não há comunhão cristã que seja mais ou menos do que isso. Estamos unidos uns aos outros somente através de Jesus Cristo.”
Uma comunidade autêntica proporciona contexto para a responsabilidade mútua, encorajamento, correção amorosa e prática das “ordens recíprocas” do Novo Testamento – os comandos de “amar uns aos outros”, “servir uns aos outros”, “encorajar uns aos outros” e assim por diante.
5.3. Modelos Práticos de Discipulado.
Ao longo da história da igreja e nos contextos contemporâneos, podemos identificar diversos modelos eficazes de discipulado que corporificam os princípios bíblicos:
a) Discipulado Um-a-Um.
O modelo de mentoria individual, onde um crente mais maduro investe em um crente menos maduro, encontra precedentes no relacionamento de Paulo com Timóteo e Tito, entre outros. Este modelo permite uma adaptação personalizada às necessidades específicas do discípulo. Greg Ogden, em seu livro “Discipulado Transformador”, argumenta:
“O discipulado um-a-um permite uma adaptação específica que dificilmente se alcança em ambientes maiores. Questionamentos personalizados, prestação de contas direcionada e um espaço seguro para vulnerabilidade são algumas das vantagens deste modelo. Além disso, esse formato facilita a reprodução, pois cada pessoa discipulada pode, eventualmente, discipular outra.”
Este modelo é especialmente eficaz para novos convertidos e para abordar áreas específicas de crescimento espiritual.
b) Grupos Pequenos
O modelo de pequenos grupos, onde 4-12 pessoas se reúnem regularmente para estudo bíblico, oração, responsabilidade mútua e aplicação da verdade, reflete a prática de Jesus com os Doze. Este modelo combina os benefícios da comunidade com atenção individualizada. Franklin Ferreira, teólogo brasileiro, observa:
“O pequeno grupo oferece um espaço único onde a Palavra de Deus pode ser estudada não apenas para informação, mas para transformação coletiva. A dinâmica do grupo permite que diferentes perspectivas enriqueçam a compreensão, que diferentes dons ministrem uns aos outros, e que a verdade seja aplicada em contextos variados. É um laboratório para a prática do amor cristão.”
Grupos pequenos bem conduzidos podem servir como “igrejas em miniatura”, onde os elementos essenciais da vida eclesial – adoração, ensinamento, comunhão, serviço e evangelismo – são experimentados em uma escala menor e mais íntima.
c) Treinamento Vocacional
Este modelo foca no desenvolvimento de habilidades e dons específicos para o ministério. Paulo treinou vários colaboradores que posteriormente estabeleceram e fortaleceram igrejas. Este tipo de discipulado combina instrução teórica com aplicação prática em contextos ministeriais reais. O teólogo Michael Frost explica:
“O treinamento vocacional segue o modelo de aprendizado tradicional: observar, participar e, finalmente, liderar com supervisão. Jesus utilizou este modelo com seus discípulos, enviando-os em missões práticas e depois avaliando seus resultados. Paulo também aplicou este princípio em suas viagens missionárias, gradualmente delegando mais responsabilidade a seus aprendizes.”
Este modelo é particularmente relevante para o desenvolvimento de líderes na igreja e para a equipação dos santos para as obras do ministério (Efésios 4:11-12).
CONCLUSÃO
Ao concluirmos nossa exploração do conceito de discipulado, retornamos à Grande Comissão de Mateus 28:19-20, o texto fundacional de nossa lição. Nesta passagem, Jesus estabelece o discipulado como o coração pulsante da missão da igreja – não como uma atividade opcional para os especialmente comprometidos, mas como a própria essência do que significa ser seu seguidor.
Em 1963, o escritor e apologista C.S. Lewis observou, em uma de suas cartas:
“O substrato mais profundo da vida cristã, na mente do Senhor, é que nos tornemos pouco Cristos. O todo plano da graça é o de produzir criaturas como o Filho, que está no céu… Tudo isso toma um longo tempo. Até mesmo o melhor cristão é algo pior do que um esboço muito rudimentar do que Deus pretende.”
Esta perspectiva capta magnificamente a essência do discipulado: um processo contínuo pelo qual somos gradualmente transformados à imagem de Cristo e, por sua vez, ajudamos outros a passarem pelo mesmo processo transformador.
No século XXI, em um mundo caracterizado por individualismo, consumismo, secularismo e fragmentação social, o chamado de Jesus para fazer discípulos soa com urgência renovada. Nossa cultura oferece muitas versões diluídas e distorcidas do cristianismo: versões terapêuticas que reduzem a fé a autoajuda, versões prosperistas que prometem bênçãos materiais, versões ativistas que se concentram exclusivamente em mudança social, ou versões privadas que confinam a fé à esfera pessoal.
Contra todas estas distorções, a Grande Comissão nos chama de volta ao discipulado integral – um discipulado que abrange evangelismo e edificação, palavra e ação, transformação individual e impacto social. Como o teólogo David Platt argumenta em seu livro “Radical”:
“Discipulado não é uma chamada para fazer mais, mas uma chamada para ser mais em Cristo e através de Cristo. A partir daí, inevitavelmente faremos mais, não por obrigação legalista, mas por transbordamento da graça e pela habitação do Espírito Santo em nós.”
Ao refletirmos sobre o conceito de discipulado à luz da Grande Comissão, somos confrontados com duas verdades aparentemente paradoxais: o discipulado é incrivelmente custoso, exigindo nada menos que nossa vida inteira; e o discipulado é abundantemente gratificante, oferecendo nada menos que participação na própria vida e missão de Deus.
Nossa jornada de discipulado é fundamentada na autoridade suprema de Cristo, sustentada por sua presença constante e capacitada pelo poder do Espírito Santo. Com estes recursos divinos, podemos responder com confiança ao chamado para fazer discípulos de todas as nações, até que Cristo volte e complete a obra que começou em nós e através de nós.
APLICAÇÃO
À luz de tudo o que aprendemos sobre o conceito bíblico de discipulado, somos desafiados a responder concretamente ao mandato de Jesus. Aqui estão algumas aplicações práticas que podemos implementar:
1. Avalie Sua Compreensão de Discipulado
Comece examinando sua própria compreensão do discipulado à luz do que estudamos. Pergunte-se:
- O discipulado tem sido central ou periférico em minha experiência cristã?
- Tenho visto o discipulado principalmente como aquisição de conhecimento ou como transformação integral?
- Compreendo o duplo sentido do discipulado – seguir a Jesus e ajudar outros a segui-Lo?
A teóloga Roberta Hestenes sugere:
“Grande parte da crise na igreja contemporânea deriva de uma compreensão deformada do discipulado. Recuperar a visão bíblica do que significa ser e fazer discípulos é o primeiro passo para a renovação autêntica.”
2. Comprometa-se com Seu Próprio Crescimento Disciplinar
Independentemente de onde você esteja na jornada cristã, comprometa-se a dar o próximo passo em seu próprio discipulado:
- Para novos crentes: Busque fundamentação nas verdades básicas da fé através de estudos bíblicos para iniciantes, mentoria pessoal e envolvimento ativo na igreja.
- Para crentes em crescimento: Estabeleça um plano intencional de crescimento espiritual que inclua leitura bíblica sistemática, oração regular, comunidade genuína e serviço consistente.
- Para crentes maduros: Aprofunde seu discipulado explorando áreas não desenvolvidas de sua vida espiritual e buscando aplicar a verdade bíblica em todas as dimensões de sua existência.
Como escreveu Jonathan Edwards:
“A verdadeira religião, em grande medida, consiste em afetos santos… os afetos santos não são apenas uma parte da religião, mas são coisas nas quais consiste a vida da religião, nas quais a alma se engaja com Deus e se dedica a Ele.”
3. Invista na Vida de Pelo Menos Uma Pessoa
O discipulado não é apenas sobre nosso próprio crescimento, mas também sobre investir na vida espiritual de outros. Identifique pelo menos uma pessoa em quem você pode investir intencionalmente:
- Ore regularmente por esta pessoa.
- Estabeleça encontros regulares para estudo bíblico, oração, prestação de contas e mentoria.
- Compartilhe não apenas conhecimento, mas sua própria vida (1 Tessalonicenses 2:8).
- Modele o tipo de discipulado que você deseja ver reproduzido.
Greg Ogden, em “Discipulado Transformador”, adverte:
“O maior impedimento para o discipulado eficaz nas igrejas hoje não é a falta de conhecimento sobre como fazê-lo, mas a falta de intencionalidade. Fazer discípulos raramente acontece por acidente; requer compromisso deliberado e sacrificial.”
4. Contribua para uma Cultura de Discipulado em Sua Igreja
O discipulado floresce melhor em um ambiente que o valoriza e promove. Trabalhe para cultivar essa cultura em sua igreja local:
- Apoie lideranças que priorizam o discipulado e não apenas atividades.
- Participe ativamente de pequenos grupos que enfatizam relacionamento e transformação.
- Sugira e contribua para iniciativas de discipulado na congregação.
- Compartilhe recursos, livros e ferramentas de discipulado com outros crentes.
O pastor e teólogo Francis Schaeffer5 observou:
“A maior apologética para o evangelho cristão é a comunidade cristã, onde há verdadeiro amor entre pessoas que, de outra forma, não tem nada em comum, exceto que pertencem a Cristo e são transformadas pelo Seu Espírito.”
5. Vincule Discipulado à Missão
Para ser bíblico, o discipulado deve estar conectado à missão. Considere como você pode integrar ambos:
- Leve seu grupo de discipulado a participar em alguma atividade missionária ou projeto de serviço comunitário.
- Busque oportunidades de compartilhar sua fé no contexto normal de sua vida.
- Ore regularmente pela evangelização e pelo avanço do Reino de Deus localmente e globalmente.
- Pense em como sua vocação e habilidades particulares podem ser usadas para o bem comum e o avanço do evangelho.
Christopher Wright6 nos desafia:
“A missão não é apenas um apêndice opcional ao discipulado, mas sua própria razão de ser. Fomos salvos para servir. Fomos abençoados para abençoar. Fomos chamados para enviar. Este é o DNA do discipulado bíblico.”
Em última análise, o discipulado não é apenas mais uma atividade a ser incorporada em agendas já sobrecarregadas, mas uma reorientação completa da vida sob a senhorio de Cristo. É um chamado para sermos transformados à imagem de Jesus e, no processo, nos tornarmos agentes de transformação em um mundo quebrado. Com humildade, ousadia e dependência do Espírito Santo, que possamos responder fielmente ao mandato do Cristo ressurreto para fazer discípulos de todas as nações.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bavinck, Herman. Dogmática Reformada. São Paulo: Cultura Cristã, 2012.
Bonhoeffer, Dietrich. Discipulado. São Paulo: Mundo Cristão, 2016.
Bosch, David J. Missão Transformadora: Mudanças de Paradigma na Teologia da Missão. São Leopoldo: Sinodal, 2002.
Chan, Francis. Multiplicação: Discípulos que Fazem Discípulos. Belo Horizonte: Editora Atos, 2013.
Coleman, Robert E. O Plano Mestre de Evangelismo. São Paulo: Mundo Cristão, 2006.
Dever, Mark. Discipulado. São José dos Campos: Fiel, 2016.
Edwards, Jonathan. Afetos Religiosos. São Paulo: Editora Vida Nova, 2018.
Ferreira, Franklin. Teologia Sistemática: Uma Introdução aos Princípios da Fé Cristã. São Paulo: Vida Nova, 2007.
Horton, Michael. Cristão e Seguidor. São Paulo: Cultura Cristã, 2010.
Hull, Bill. The Complete Book of Discipleship: On Being and Making Followers of Christ. Colorado Springs: NavPress, 2006.
Kuyper, Abraham. Calvinismo. São Paulo: Cultura Cristã, 2014.
Lewis, C.S. Cartas a Malcolm. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2019.
Lopes, Augustus Nicodemus. O Que Estão Fazendo com a Igreja. São Paulo: Mundo Cristão, 2008.
MacArthur, John. Doze Homens Comuns e Extraordinários. São José dos Campos: Fiel, 2008.
Madureira, Jonas. Inteligência Humilhada: Crítica à Idolatria da Razão na Cultura Contemporânea. São Paulo: Vida Nova, 2017.
Ogden, Greg. Discipulado Transformador. São Paulo: Vida, 2010.
Padilla, René. Missão Integral: Ensaios sobre o Reino e a Igreja. São Paulo: ABU Editora, 2009.
Piper, John. Paixões de Deus por Sua Glória. São Paulo: Shedd Publicações, 2018.
Platt, David. Radical: Uma Provocação para Voltar às Raízes da Fé. São Paulo: Vida Nova, 2011.
Schaeffer, Francis. A Igreja no Século XXI. São Paulo: Cultura Cristã, 2010.
Smith, James K.A. Desiring the Kingdom: Worship, Worldview, and Cultural Formation. Grand Rapids: Baker Academic, 2009.
Smither, Edward L. Augustine as Mentor: A Model for Preparing Spiritual Leaders. Nashville: B&H Academic, 2008.
Sproul, R.C. Todos São Teólogos. São Paulo: Cultura Cristã, 2014.
Stott, John. O Discípulo Radical. São Paulo: Ultimato, 2011.
Willard, Dallas. Renovação do Espírito. São Paulo: Mundo Cristão, 2003.
Wilkins, Michael J. Following the Master: A Biblical Theology of Discipleship. Grand Rapids: Zondervan, 1992.
Wright, Christopher J.H. A Missão de Deus: Desvendando a Grande Narrativa da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 2014.Wright, N.T. Simplesmente Cristão. São Paulo: Vida Nova, 2008.
- N. T. Wright (Nicholas Thomas Wright) é um teólogo, historiador e estudioso do Novo Testamento, nascido em 1948 no Reino Unido. Especialista em Paulo e na ressurreição de Cristo, foi bispo anglicano de Durham e professor em diversas universidades, incluindo Oxford e St. Andrews. Wright defende a “Nova Perspectiva sobre Paulo”, enfatizando o contexto judaico das cartas paulinas. Entre suas obras mais influentes estão A Ressurreição do Filho de Deus e Simplesmente Cristão. Seu trabalho busca conectar a teologia acadêmica com a fé prática, desafiando leituras tradicionais e oferecendo uma visão robusta do cristianismo histórico. ↩︎
- O individualismo é uma filosofia que enfatiza a importância da liberdade e autonomia do indivíduo, colocando-o como prioridade em relação ao coletivo. Defende a autodeterminação, a busca pelo sucesso pessoal e a responsabilidade individual. Na prática, o individualismo pode se manifestar em diversas áreas, como política, economia e sociedade, promovendo a independência e a iniciativa pessoal. Embora seja um princípio central em muitas sociedades ocidentais, o individualismo também pode ser criticado por gerar isolamento social, enfraquecer os laços comunitários e fomentar a desigualdade, ao priorizar interesses pessoais em detrimento do bem-estar coletivo. ↩︎
- O consumismo é um comportamento caracterizado pela busca constante de adquirir bens e serviços, muitas vezes além das necessidades reais, impulsionado pelo desejo de status e satisfação imediata. Esse fenômeno está frequentemente ligado ao capitalismo, onde a produção e o consumo são incentivados como motores econômicos. O consumismo promove o materialismo, gerando um ciclo de insatisfação contínua e degradação ambiental, devido ao consumo excessivo e ao desperdício. Embora impulse a economia, o consumismo também é criticado por contribuir para o esgotamento dos recursos naturais, aumentar a desigualdade social e enfraquecer valores humanos e espirituais. ↩︎
- O secularismo é uma filosofia que defende a separação entre religião e governo, promovendo a neutralidade religiosa nas esferas pública e política. Ele busca assegurar que as decisões políticas e sociais sejam baseadas em razão e evidência, sem interferência de doutrinas religiosas. Historicamente, o secularismo emergiu durante a modernidade, como uma resposta à autoridade religiosa excessiva nas instituições políticas e sociais. Embora favoreça a liberdade religiosa, ele muitas vezes é associado a uma diminuição da influência da religião na vida pública, podendo gerar tensões entre valores espirituais e sociais em sociedades predominantemente religiosas. ↩︎
- Francis Schaeffer (1912-1984) foi um teólogo, filósofo e apologista cristão reformado, conhecido por sua abordagem à relação entre fé e cultura. Fundou a comunidade L’Abri na Suíça, onde orientava intelectuais e buscadores sobre o cristianismo. Schaeffer criticava a secularização da sociedade ocidental e enfatizava a necessidade de uma cosmovisão cristã coerente. Suas obras, como O Deus que Intervém e Como Viveremos?, analisam a crise espiritual do Ocidente e defendem um cristianismo engajado culturalmente. Influenciou líderes evangélicos, especialmente no combate ao relativismo moral e à fragmentação do pensamento moderno, destacando a autoridade das Escrituras e a necessidade de um testemunho autêntico. ↩︎
- Christopher J. H. Wright (1947-) é um teólogo anglicano britânico, especialista em Antigo Testamento e missão cristã. Doutor pela Universidade de Cambridge, ele tem se destacado por sua defesa da missão integral da igreja, alinhada com a justiça social e a evangelização. Wright foi diretor internacional da Langham Partnership, organização fundada por John Stott para promover a formação teológica global. Entre suas obras mais influentes estão A Missão de Deus e A Missão do Povo de Deus, onde enfatiza a centralidade das Escrituras para a missão da igreja. Seu ensino conecta teologia bíblica com prática missionária relevante. ↩︎