O CAMINHO DA PUREZA (Parte II).

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“Não adulterarás.” Êxodo 20:14

O sétimo mandamento, entregue a Moisés há milênios atrás no coração do deserto, entre relâmpagos e trovões no Monte Sinai, com apenas duas palavras no original, carrega um profundo chamado à pureza que ressoa até nossos dias. Como observou João Calvino, “o propósito desse mandamento é que, como Deus ama a castidade e a pureza, devemos nos guardar de toda impureza”. A simplicidade do texto esconde a profundidade da intenção divina. Não se trata apenas de evitar o adultério literal, mas de cultivar um coração e uma mente que não é escravizada por desejos carnais.

Em nossa cultura moderna, somos constantemente bombardeados por mensagens que trivializam a sexualidade. Filmes, músicas e redes sociais frequentemente apresentam a intimidade sexual como um bem de consumo, completamente desconectada do compromisso e da aliança matrimonial. A ideia de liberdade sexual é vendida como se sua prática nunca trouxesse nenhuma consequência negativa, seja uma doença, uma gravidez fora de lugar, um histórico de frustrações emocionais ou uma sensação de vazio que nunca vai embora. Mas o propósito divino para nossa sexualidade é muito mais elevado e belo.

Como escreveu C.S. Lewis: “O prazer, quando se desprende dos valores que o acompanham e se torna um fim em si mesmo, destrói a si mesmo e àqueles que o buscam.” A sabedoria divina por trás deste mandamento não visa restringir nossa felicidade, mas protegê-la.

O casamento, como instituído por Deus desde o princípio, não é mera convenção social, mas um abrigo sagrado. Como lembra Timothy Keller, “o casamento foi criado não para satisfazer nossos desejos românticos, mas para nos ajudar a alcançar santidade pessoal e crescimento espiritual”. Dentro desta aliança, a intimidade é santificada e abençoada.

Para os solteiros, este mandamento não representa uma sentença de frustração permanente, mas um chamado à integridade. Paulo reconheceu que a continência é um dom especial (1 Coríntios 7:7), e Jesus mencionou que alguns recebem o dom do celibato (Mateus 19:12). No entanto, para aqueles que não possuem este dom específico, o casamento oferece o contexto apropriado para a expressão da sexualidade.

John Piper sabiamente observa: “A satisfação que Deus oferece não vem através da tolerância com nossos desejos naturais, mas através da transformação deles”. Esta transformação ocorre quando submetemos nossa vontade à vontade de Deus, confiando que seus mandamentos são para nosso bem.

A pureza não é meramente a ausência de comportamentos inadequados, mas a presença ativa da virtude. Ninguém pode se considerar santo porque sufoca seus desejos, não se trata de escondê-los em algum canto escuro da alma, mas sim de não ter desejos obscuros para esconder, de manifestar o que está no coração e o que está no coração seja algo que alegra a Cristo. Expressar o caráter de Cristo vivendo em obediência à sua Palavra é o alvo da vida cristã.

Avalie honestamente suas práticas, pensamentos e hábitos. Existem áreas onde a impureza encontrou espaço em sua vida? Comprometa-se a buscar pureza não apenas em ações externas, mas também nos pensamentos e desejos do coração. Se você é casado, invista na saúde de seu casamento. Se solteiro, honre a Deus com sua sexualidade, confie no cuidado divino e que, a seu tempo, Deus trará até você tudo o que você necessita.

Deus Santo, reconhecemos que a pureza que exiges vai além de comportamentos externos e alcança os pensamentos mais íntimos do meu coração. Perdoa-nos pelas vezes em que temos comprometido essa pureza. Ajuda-nos a ver a beleza do teu ideal de sexualidade e a viver conforme teu plano perfeito. Que nós possamos honrar a Ti com nossos corpos e mentes, entendendo que a verdadeira liberdade vem da obediência aos teus mandamentos. Em nome de Jesus, que viveu em perfeita pureza, amém.

Somente Cristo!

Pr. Reginaldo Soares.

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