Cada um fale a verdade, não apenas evitando mentiras, mas também sendo agentes ativos da verdade, promovendo justiça e amor em nossas palavras.
“Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.” ÊXODO 20:16.
Há uma profunda ironia quando observamos o quanto nós, humanos, valorizamos a verdade nos outros, mas frequentemente somos flexíveis quando se trata de nós mesmos. Esperamos honestidade dos políticos, médicos, jornalistas e amigos, mas quantas vezes nos pegamos moldando a verdade para nosso benefício?
O nono mandamento é muito mais profundo do que simplesmente uma proibição contra mentir em um tribunal. Calvino faz a seguinte observação: “Seria absurdo, visto que Deus já demonstrou que se importa com o destino dos seres humanos, que Ele negligenciasse suas reputações, uma vez que são muito mais preciosas.” Este mandamento protege algo valioso: nossa reputação junto ao nosso próximo.
A palavra de Deus não se contenta apenas com proibir a mentira explícita. Ela vai além, exigindo que promovamos ativamente a verdade. Como Jonathan Edwards ensinou: “Uma marca da verdadeira piedade é a disposição não apenas para evitar o mal, mas para fazer o bem.” Não basta não mentir; somos chamados a ser “guardiões da verdade”.
Pense por um momento: quantas conversas você participa onde o nome de alguém ausente é manchado? Talvez os fatos sejam verdadeiros, mas o espírito com que são compartilhados revela as más intenções de um coração aprisionado pela difamação e pela intriga. Mesmo que você esteja falando a verdade, se a fala for resultado do seu ódio, ou se a acusação for motivada pelo seu ressentimento, toda e qualquer tentativa de se justificar diante de Deus será em vão. Se tivermos a coragem de avaliarmos nossos comentários para identificarmos quantos foram motivados por ressentimentos, uma grande quantidade de nossas falas com familiares, amigos, vizinhos e irmãos em Cristo seriam certamente condenadas. Veja o que o escritor de Hebreus 12:15 nos diz: “Cuidem uns dos outros para que nenhum de vocês deixe de experimentar a graça de Deus. Fiquem atentos para que não brote nenhuma raiz venenosa de amargura que cause perturbação, contaminando muitos.”
A raiz deste mandamento está na natureza do próprio Deus. Ele é o “Deus da verdade” (Salmo 31:5), e Jesus se identificou como “a verdade” em pessoa (João 14:6). Quando promovemos a verdade, refletimos a natureza divina; quando distorcemos a verdade, alinhamo-nos ao “pai da mentira” (João 8:44).
O apóstolo Paulo aprofunda esta compreensão quando nos instrui a falar “a verdade em amor” (Efésios 4:15). Note a combinação poderosa: verdade e amor. A verdade sem amor pode ser cruel (Quantas vezes você foi cruel com as pessoas, a sua volta e se protegeu dizendo que só falou a verdade?); o amor sem verdade pode ser enganoso (Quantas vezes você faltou com a verdade para com as pessoas que verdadeiramente ama). Mas a verdade falada em amor transforma nossas relações e nos abençoa.
A verdade não é apenas uma questão de expor com precisão os erros e fracassos do outro de forma crua e insensível, mas de comunicar de um modo que fortaleça os laços de confiança e respeito entre uns com os outros. Quando falamos a verdade sobre os outros e com os outros em amor, fortalecemos os laços de confiança que sustentam comunidades saudáveis.
É assustador como facilmente caímos na armadilha que Calvino descreve como uma “enfermidade” humana: “Há um prazer perverso que nos envolve quando nos ocupamos em descobrir e espalhar os erros dos outros.” Essa inclinação para a fofoca e difamação revela uma escuridão em nossos corações que precisamos confrontar honestamente e destruir esse mal em nós.
“A integridade não é simplesmente uma virtude entre muitas, mas o fundamento sobre o qual todas as outras virtudes são construídas.” R. C. Sproul . Sem honestidade, todas as nossas outras virtudes perdem sua credibilidade.
Temos um duplo desafio diante de nós. Primeiro, devemos vigiar nossas palavras, evitando não apenas mentiras diretas, mas também meias-verdades, exageros e omissões deliberadas que distorcem a realidade. Segundo, devemos ativamente promover a verdade, defendendo a reputação dos outros quando estão ausentes, interpretando suas ações e palavras com caridade, e resistindo à tentação de participar em conversas que mancham o caráter alheio.
Se pergunte:
Sou conhecido como alguém confiável, cujas palavras têm peso porque são verdadeiras?
Como reajo quando ouço outros sendo difamados?
Sou rápido em acreditar no mal sobre os outros?
Tenho prazer em compartilhar notícias negativas sobre pessoas de quem não gosto?
Que possamos ser “pessoas cuja palavra é tão consistente que nosso ‘sim’ é sempre ‘sim’ e nosso ‘não’ é sempre ‘não’, eliminando a necessidade de juramentos ou garantias adicionais.” Tim Keller.
Pai de toda Verdade, muitas vezes falhamos em honrar Teu mandamento. Perdoe-nos pelas vezes em que manchamos a reputação de outros com nossas palavras descuidadas ou maliciosas. Arranca do nosso peito o prazer secreto que sentimos ao ouvir ou compartilhar os fracassos dos outros. Transforma nosso coração para amarmos a verdade como Tu amas. Dá-nos coragem para defender os ausentes quando são difamados. Que nossa língua seja um instrumento de vida e não de morte; de verdade e não de falsidade. Ajuda-nos a lembrar que cada palavra que falamos reflete o que está em nosso interior e o nosso interior deve estar tomado de amor por Ti e pelo próximo. Em nome de Jesus, a Verdade encarnada, amém.
Somente Cristo! Pr. Reginaldo Soares.
Meu chamado para o ministério pastoral veio em 1994, sendo encaminhado ao conselho da Igreja Presbiteriana (IPB) em Queimados e em seguida ao Presbitério de Queimados (PRQM). Iniciei meus estudos no ano seguinte, concluindo-os em 1999. A ordenação para o ministério pastoral veio em 25 de junho de 2000, quando assumi pastoreio na IPB Inconfidência (2000-2003) e da IPB Austin (2002-2003). Desde de 2004 tenho servido como pastor na Igreja Presbiteriana em Engenheiro Pedreira (IPEP), onde sigo conduzido esse amado rebanho pela graça de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Sou casado há 22 anos com Alexsandra, minha querida esposa, sou pai de Lisandra e Samantha, preciosas bênçãos de Deus em nossas vidas. Me formei no Seminário Teológico Presbiteriano Ashbel Green Simonton, no Rio de Janeiro, e consegui posteriormente a validação acadêmica pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Pela bondade de nosso Senhor, seguimos compartilhando fé, amor e buscando a cada dia crescimento espiritual. Somente Cristo!
