Como abraçar a tensão de ser cidadão do céu enquanto vive no mundo, transformando seu exílio temporário em uma vida cristã autêntica.

COMO VIVER A VIDA CRISTÃ.

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“Pois aqui não temos cidade permanente, mas buscamos a que há de vir.” Hebreus 13:14.

Tensão do Já e do Ainda Não

Já observou como uma criança pequena, quando viaja, pergunta repetidamente: “Já chegamos?” Há nessa impaciência infantil algo profundamente verdadeiro sobre nossa própria condição espiritual. Na vida cristã, somos todos peregrinos impacientes, vivendo na tensão entre o “já” da cidadania celestial e o “ainda não” da plenitude do Reino.

Imagine um homem que, tendo recebido os documentos de cidadania de um novo país, aguarda ansiosamente para atravessar a fronteira. Seus papéis são legítimos, sua identidade foi estabelecida, mas ainda vive como estrangeiro em terra estranha. Assim é a vida cristã: legalmente pertencemos ao Reino dos Céus, mas fisicamente habitamos um mundo que não é nosso lar.

Exilados com Propósito

Nossa história como povo de Deus é uma jornada de exílio e restauração. Desde o Éden perdido até a Nova Jerusalém prometida, caminhamos como “estrangeiros e peregrinos”, como Pedro nos lembra (1 Pedro 2:11). No entanto, isto não é motivo para desespero, mas para uma esperança transformadora.

“O que devemos dizer sobre este curioso arranjo?”, perguntaria C.S. Lewis. “Fomos criados para um jardim, mas vivemos num deserto; ansiamos pela eternidade, mas estamos presos ao tempo.” Esta sensação não é um erro divino, mas uma estratégia para nossa formação espiritual.

A vida cristã madura abraça esta tensão. Como Abraão, que “habitou em tendas” mesmo depois de chegar à terra prometida (Hebreus 11:9), continuamos nossa jornada sem nos fixarmos demais neste mundo. Não somos turistas espirituais tirando fotos para lembrar mais tarde; somos embaixadores representando outro Reino.

O Paradoxo do Exílio Abençoado

O paradoxo central da vida cristã é este: somos mais eficazes neste exílio precisamente quando não estamos tentando fazer dele nosso lar. “Procurai a paz da cidade para onde vos deportei”, ordenou Deus aos exilados em Babilônia (Jeremias 29:7), mas também os lembrou que seu exílio era temporário.

John Wesley, observando este paradoxo, escreveu: “O mundo não é minha casa, sou apenas um viajante de passagem.” Esta consciência de estranhamento não nos torna inúteis para o presente, mas nos liberta para servir sem as amarras do medo ou da acomodação.

A vida cristã autêntica se desenvolve neste terreno fértil da tensão: trabalhamos para a renovação deste mundo, mas nossa esperança está fixada no vindouro. Cultivamos jardins em solo estrangeiro, sabendo que um dia habitaremos o Éden restaurado.

Vivendo Entre Dois Mundos

Mas como, então, devemos viver?

Cultive uma identidade ancorada no eterno. “Se fostes ressuscitados com Cristo, buscai as coisas que são de cima” (Colossenses 3:1). A vida cristã é nutrida por uma contínua reorientação do coração.

Ame este mundo como Deus o amanão como seu destino final, mas como arena de redenção. Nosso trabalho, relacionamentos e criatividade não são meros passatempos enquanto esperamos o céu, mas participação no plano divino.

Viva com uma santa impaciência. Como o salmista que exclama: “Quando entrarei e verei a face de Deus?” (Salmos 42:2), a vida cristã madura anseia pela consumação.

O Retorno ao Lar

Um dia, nosso exílio terminará. A Nova Jerusalém descerá “como uma noiva adornada para seu esposo” (Apocalipse 21:2), e habitar com Deus será nossa realidade cotidiana. Até lá, caminhamos por fé, não por vista, como embaixadores do futuro em um presente quebrantado.

Como Charles Spurgeon uma vez observou: “Este mundo deve passar pelo fogo; vamos não construir mansões permanentes aqui.” A vida cristã encontra sua plenitude não na negação de nossa condição de exilados, mas em sua aceitação como parte do grande drama da redenção.

Você tem vivido como cidadão permanente deste mundo ou como embaixador do Reino vindouro? Que possamos dizer com Paulo: “Nossa cidadania está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador” (Filipenses 3:20), e assim prosseguir na vida cristã com esperança e propósito renovados.

Senhor Jesus, Tu que deixaste a glória para habitar entre nós, ensina-nos a viver neste exílio com propósito e graça. Que nossos olhos estejam fixos no eterno enquanto nossas mãos trabalham no presente. Ajuda-nos a amar este mundo como Tu o amas—não como nosso destino final, mas como um campo de redenção onde Teu Reino avança.

Somente Cristo! Pr. Reginaldo Soares.


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