“E quem não tomar a sua cruze vier após mim não pode ser meu discípulo.” Lucas 14:27.
O Significado Radical do Discipulado
O discipulado bíblico transcende nossa compreensão superficial de “seguir”. Jesus deixou isso claro quando declarou: “Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo” (Lucas 14:26). Esta afirmação chocante não incentiva o ódio literal à família, mas estabelece a natureza exclusiva e prioritária do nosso relacionamento com Cristo.
O cristianismo não é um sistema que podemos adotar parcialmente, como quem escolhe itens em um cardápio. Ele exige tudo ou nada. Não é algo que se adiciona à vida como um ornamento; é a própria vida, ou não é nada. Lewis, C.S. Cristianismo Puro e Simples.
Em uma sociedade pluralista que prefere colocar Jesus entre outros “grandes mestres”, seu chamado à lealdade exclusiva desafia nossas sensibilidades contemporâneas. O verdadeiro discipulado exige que amemos a Cristo de maneira única e superior, não meramente como uma opção entre muitas.
A dimensão sacrificial do discipulado é igualmente radical: “E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo” (Lucas 14:27). O que Jesus descreve aqui não é um inconveniente ocasional, mas uma reorientação completa da vida. João Calvino percebeu isso claramente quando escreveu que os seguidores de Cristo “deveriam se preparar para uma vida difícil, penosa e inquieta, repleta de muitos e vários tipos de mal”. O discipulado não promete conforto, mas conformidade com a vida cruciforme de Cristo.
Historicamente, compreendemos que os primeiros discípulos enfrentaram perseguição, rejeição social e martírio. O caminho de Cristo nunca foi o caminho da aclamação popular. Se o Instagram existisse no primeiro século, como o texto sugere, Jesus provavelmente não teria uma lista impressionante de seguidores. Sua mensagem era contrária às expectativas religiosas dominantes e aos desejos humanos naturais por conforto e aceitação.
Aqueles que Cristo chama para si não devem pensar em uma vida de facilidade ou prazer, mas em uma jornada marcada por tribulações, pois o discipulado é um chamado para carregar a cruz diariamente, em submissão à vontade divina. Calvino, João. Institutas da Religião Cristã.
Conclusão: O Cálculo Divino
Ao concluir seu chamado em Lucas 14, Jesus não suaviza suas palavras: “Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo” (Lucas 14:33). Como um grande general que avalia o custo antes da batalha, Jesus nos convida a fazer um cálculo honesto. O discipulado genuíno exige tudo o que somos e temos.
No entanto, este não é um cálculo meramente humano. A parábola da pérola de grande valor (Mateus 13:45-46) ilustra que, embora o discipulado custe tudo, o ganho é incomparavelmente maior. O que recebemos em Cristo supera infinitamente o que perdemos.
Discipulado Autêntico em uma Era de Seguidores
O discipulado não é uma questão de aparências ou associação casual. Em um mundo onde “seguir” é superficial, somos chamados a um compromisso profundo e transformador. Como isso se manifesta em nossa vida diária?
O discipulado autêntico requer que avaliemos nossas prioridades. Quando decisões importantes surgem, perguntamos primeiro: “O que significa seguir a Cristo nesta situação?” Em vez de: “O que é mais confortável ou socialmente aceitável?”
O discipulado envolve uma comunidade de seguidores comprometidos. Diferentemente do individualismo das redes sociais, seguir a Cristo nos conecta em relacionamentos significativos com outros discípulos, para apoio mútuo no caminho da cruz.
O discipulado exige renúncia contínua. Não é uma decisão única, mas um processo diário de negar-se a si mesmo. Como Jesus disse: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mateus 16:24).
Ao abraçarmos o verdadeiro discipulado, descobrimos que não estamos apenas seguindo um modelo moral, mas participando da vida de Cristo. Através da cruz que carregamos, encontramos comunhão com Aquele que primeiro carregou a cruz por nós. O custo é grande, mas a recompensa é eterna.
Oração
Senhor Jesus, confessamos que muitas vezes desejamos segui-lo sem custo. Perdoa nossa tendência de reduzir o discipulado a um compromisso casual. Concede-nos coragem para calcular honestamente o custo e, pela tua graça, pagar o preço do verdadeiro discipulado. Que possamos encontrar alegria em renunciar tudo para ganhar-Te, sabendo que nada se compara ao privilégio de ser chamado Teu discípulo. Em Teu nome oramos, Amém.
Somente Cristo! Pr. Reginaldo Soares.
Meu chamado para o ministério pastoral veio em 1994, sendo encaminhado ao conselho da Igreja Presbiteriana (IPB) em Queimados e em seguida ao Presbitério de Queimados (PRQM). Iniciei meus estudos no ano seguinte, concluindo-os em 1999. A ordenação para o ministério pastoral veio em 25 de junho de 2000, quando assumi pastoreio na IPB Inconfidência (2000-2003) e da IPB Austin (2002-2003). Desde de 2004 tenho servido como pastor na Igreja Presbiteriana em Engenheiro Pedreira (IPEP), onde sigo conduzido esse amado rebanho pela graça de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Sou casado há 22 anos com Alexsandra, minha querida esposa, sou pai de Lisandra e Samantha, preciosas bênçãos de Deus em nossas vidas. Me formei no Seminário Teológico Presbiteriano Ashbel Green Simonton, no Rio de Janeiro, e consegui posteriormente a validação acadêmica pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Pela bondade de nosso Senhor, seguimos compartilhando fé, amor e buscando a cada dia crescimento espiritual. Somente Cristo!
