EVANGELIZAR: A arte do testemunho espontâneo
Texto Áureo: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos 16.15)
Meta-descrição:
O Evangelista dos Caminhos Empoeirados
Em 1739, George Whitefield escandalizou o establishment religioso inglês ao abandonar os púlpitos catedráticos e pregar nos campos abertos de Bristol. Diante de milhares de mineiros cobertos de carvão, ele proclamou o evangelho sem paramentos litúrgicos, sem formalidades eclesiásticas, apenas com a Palavra viva ecoando pelos vales. “Deus não habita apenas em templos feitos por mãos humanas”, declarou ele, “mas encontra-nos nas estradas da vida comum.”
Dois mil anos antes, outro Pregador já havia descoberto essa verdade revolucionária. Jesus não construiu seminários nem estabeleceu cátedras teológicas formais. Em vez disso, “usou tantas situações informais como oportunidades de ensino.” Enquanto caminhava da Galileia para Jerusalém, transformou encontros casuais em aulas de eternidade, conversas triviais em pontes para o céu.
Que contraste com nossa abordagem moderna! Muitos cristãos sofrem de uma espécie de “síndrome dominical” – “falam aos incrédulos como se fosse um domingo!” Dominamos a linguagem do santuário, mas gaguejamos nos idiomas da rua. Somos eloquentes no púlpito, mas mudos no ponto de ônibus.
A Pedagogia Divina: Lições do Mestre dos Caminhos
Jesus nos ensina que evangelizar não é programa eclesiástico, mas estilo de vida. Suas parábolas eram “sobre coisas do cotidiano sem conexão com as Escrituras (recebidas na época), com a igreja ou… com qualquer coisa remotamente religiosa.” Semeadores, pescadores, pastores, viúvas, moedas perdidas – o currículo celestial emerge do laboratório terreno.
Lucas nos revela o segredo: Jesus construiu relacionamentos evangelísticos “no caminho.” Não em eventos estruturados ou programas denominacionais, mas na espontaneidade sagrada dos encontros humanos. Como observa Peterson em sua paráfrase vivaz, Jesus “fez-se estrada” para encontrar-se conosco onde estamos.
A teologia reformada compreende que a Grande Comissão – “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos 16.15) – não é convocação para eventos especiais, mas chamado para vida toda. A Confissão de Westminster declara que devemos “comunicar aos outros aquilo que recebemos de Cristo” (Cap. XIV, Seção II). Evangelizar não é atividade adicional; é respiração espiritual.
Espontaneidade Sagrada: A Flexibilidade do Amor
“Uma espontaneidade flexível”. Que definição preciosa de evangelismo autêntico! Não é agenda rígida, mas disponibilidade radical. É aprender a orar: “Adentre em meu dia, Senhor, e me ajude a adentrar no de outra pessoa.”
Muitos crentes “focados em tarefas” perdem oportunidades divinas porque estão “a caminho de algum lugar.” Mas o evangelismo no caminho exige que estejamos dispostos a alterar rotas, cancelar compromissos, abraçar interrupções sagradas. Precisamos cultivar “a humildade de ser interrompidos por Deus.”
O problema não é falta de oportunidades, mas falta de sensibilidade. “Precisamos estar constantemente e intencionalmente alertas e sensíveis a todas e quaisquer oportunidades que aparecem.” Evangelizar no caminho requer olhos espirituais abertos, corações sintonizados na frequência divina, almas magnetizadas pelo amor de Cristo.
Lloyd-Jones frequentemente observava que o evangelismo genuíno flui de corações transbordantes, não de programas elaborados. Quando Cristo nos enche, naturalmente transbordamos para outros. “Eu tenho um interesse real nas pessoas. Eu saio com elas se falamos sobre Jesus ou não.” Esse é o segredo: amar pessoas pelo que são, não pelo que podem se tornar.
O Custo do Testemunho: Além do Conforto Cristão
“Deus quer que entreguemos as nossas vidas!” Que declaração radical! Muitos cristãos querem evangelizar apenas depois que fizeram uma “avaliação dos riscos” e do quanto isto pode atrapalhar sua “zona de conforto e segurança.” Buscamos seguir Cristo mantendo nossa organização de vida intacta, servir Deus sem sacrificar nossa agenda ou ainda construirmos uma agenda evangelística que não interfira em nossa agenda pessoal.
Mas os destinatários de Hebreus ouviram palavras diferentes: “Ora, na vossa luta contra o pecado, ainda não tendes resistido até ao sangue” (Hebreus 12.4). Eles haviam “renunciado a muito pela fé: amigos, empregos e entes queridos”, mas ainda não haviam alcançado o limite do sacrifício.
Que pergunta penetrante ressoa através dos séculos: “O que estamos realmente dispostos a sacrificar pelo evangelho? Onde está a linha que não queremos cruzar em termos de serviço?” Se desafiamos às pessoas que “renunciem a tudo para seguir o Senhor,” mas apenas oferecemos “uma hora, uma vez por semana, se não estivermos muito ocupados,” estamos vendendo produto que não compramos.
A Revolução do Cotidiano: Transformando o Comum em Sagrado
Na vida moderna da “cidade caótica”, “a vida missional é informal, improvisada, uma tomada de decisão intuitiva que precisa lidar com o imediatismo da pessoa diante de você.” Pessoas feridas não esperam nossos calendários se organizarem. Corações quebrados não agendam horários convenientes.
Evangelizar no caminho significa “aprender a ouvir bem, manter nossos olhos espirituais abertos a oportunidades instantâneas, ser espontaneamente flexível.” É descobrir que farmácias se tornam púlpitos, pontos de ônibus viram salas de aula, lojas da esquina transformam-se em santuários.
Cada encontro casual é oportunidade divina disfarçada. Cada conversa trivial pode ser um prelúdio da eternidade para uma vida que se encontra perdida. O evangelismo não acontece apenas quando planejamos, mas especialmente quando não planejamos, mas vivemos o que é para nós o imprevisível que foi perfeitamente planejado por Deus.
Marchando com o Mestre: A Jornada Evangelística
Jesus não nos chama apenas para evangelizar; nos convida a evangelizar como Ele evangelizou – no caminho, nas situações informais, através de relacionamentos autênticos. Sua Grande Comissão não é comando para eventos especiais, mas convocação para vida transformada.
“Estar disposto a andar 10 quilômetros a mais pelo bem do evangelho do Senhor Jesus Cristo” – essa é a métrica do discipulado evangelístico. Não medimos sucesso por estatísticas, mas por disponibilidade. Não contamos decisões, mas investimos em relacionamentos.
Que nosso clamor seja: “Senhor, faça-me uma evangelista do caminho! Abra meus olhos para oportunidades, meu coração para pessoas, minha agenda para interrupções sagradas. “
Pai celestial, ensina-nos a evangelizar como Jesus evangelizou – no caminho, nas situações ordinárias, através de relacionamentos genuínos. Dá-nos corações sensíveis às oportunidades divinas, olhos abertos às necessidades humanas, e disponibilidade radical para alterar nossos planos pelos Teus propósitos. Que sejamos Tuas testemunhas não apenas aos domingos, mas em todos os dias da semana. Em nome de Jesus, o Evangelista dos caminhos empoeirados. Amém.
Somente Cristo! Pr. Reginaldo Soares.
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Meu chamado para o ministério pastoral veio em 1994, sendo encaminhado ao conselho da Igreja Presbiteriana (IPB) em Queimados e em seguida ao Presbitério de Queimados (PRQM). Iniciei meus estudos no ano seguinte, concluindo-os em 1999. A ordenação para o ministério pastoral veio em 25 de junho de 2000, quando assumi pastoreio na IPB Inconfidência (2000-2003) e da IPB Austin (2002-2003). Desde de 2004 tenho servido como pastor na Igreja Presbiteriana em Engenheiro Pedreira (IPEP), onde sigo conduzido esse amado rebanho pela graça de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Sou casado há 22 anos com Alexsandra, minha querida esposa, sou pai de Lisandra e Samantha, preciosas bênçãos de Deus em nossas vidas. Me formei no Seminário Teológico Presbiteriano Ashbel Green Simonton, no Rio de Janeiro, e consegui posteriormente a validação acadêmica pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Pela bondade de nosso Senhor, seguimos compartilhando fé, amor e buscando a cada dia crescimento espiritual. Somente Cristo!
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