Terceiro mandamento – “Não use o nome do Senhor, seu Deus, de forma indevida. O Senhor não deixará impune quem usar o nome dele de forma indevida.” Êxodo 20.7.
Quando pensamos nos Dez Mandamentos, talvez imaginemos regras gravadas em pedra, dadas lá no Monte Sinai (Êxodo 20). Mas eles são muito mais que isso: “São um mapa para viver perto de Deus.” E quem melhor para nos mostrar como seguir esse mapa do que Jesus? Ele não apenas ensinou os mandamentos; Ele os viveu plenamente. A ética de Jesus é a ética dos Dez Mandamentos em ação. Hoje, quero mergulhar com você no terceiro mandamento — “Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão” – Êxodo 20.7 e ver como ele pode transformar nossa devoção.
O Nome de Deus: Mais que Palavras
Na Bíblia, o nome de Deus não é só um rótulo. É uma janela através da qual podemos vislumbrar Sua glória, vermos quem Ele é. Lá em Gênesis 4.26, as pessoas começam a invocar o nome do Senhor porque Ele se revelou. Mais tarde, em Êxodo 3.14, Deus diz a Moisés: “EU SOU O QUE SOU”. Esse nome mostra Sua eternidade, Seu poder, Sua justiça. Em Êxodo 9.16, Ele levanta Faraó para que Seu nome seja conhecido por toda a terra. O templo foi construído “ao nome do Senhor” – 1 Reis 8.17, e Israel cantava louvores a esse nome – Salmo 69.30. O nome de Deus é sagrado e precisamos vê-lo desta forma.

Mas o que significa “tomar o nome em vão”? Não é só falar “Deus” sem pensar, como em um xingamento. É viver de um jeito que desonra quem Ele é. Levítico 24.16 diz que blasfemar o nome do Senhor era crime grave, punido com morte. E veja só: oferecer filhos a ídolos – Levítico 18.21, jurar falso – 19.12 ou até rituais errados – 21.5-6, eram formas de violar esse mandamento. O nome de Deus está ligado à nossa vida inteira, não só à nossa boca.
Jesus: O Nome Vivo de Deus.
Agora, olhe para Jesus. Ele é o terceiro mandamento andando entre nós. Ele veio em nome do Pai – João 5.43 e viveu para glorificar esse nome – João 12.28; 17.4. Quando ensina a orar “Santificado seja o teu nome” – Mateus 6.9, Ele nos mostra como guardar esse mandamento. Não é só pedir; é reconhecer que precisamos da graça de Deus para honrá-Lo. Jesus revelou o nome do Pai aos discípulos – João 17.6 e os guardou nesse nome – 17.11-12. Pelo batismo, esse nome é colocado sobre nós – Mateus 28.19, e é por ele que o Espírito Santo nos guia – João 14.26.
Pense nisso: o nome de Deus nos salva e nos separa. Em Números 6.24-27, a bênção sacerdotal coloca o nome do Senhor sobre Israel, trazendo paz e proteção. Jesus faz o mesmo por nós. Ele é a prova viva de que o nome de Deus merece honra total.
O que os Reformadores Dizem?
João Calvino, explica isso lindamente, ao comentar acerca do terceiro mandamento em sua obra As Institutas (2.8.22), ele diz: “[ele nos ensina] a ser ponderados de alma e língua, para não falarmos do próprio Deus e de seus mistérios senão de modo reverente e muito sóbrio, para que, ao avaliar suas obras, não concebamos senão o que é digno de honra diante d’Ele”. Para Calvino, honrar o nome de Deus é o começo de uma vida santa. Thomas Watson, conhecido puritano vai além. Ele lista doze formas de tomar o nome de Deus em vão: desde usá-lo sem cuidado até professar fé sem viver de verdade. Watson não quer nos sufocar com regras, mas nos mostrar que esse mandamento toca tudo — nossa fala, nosso coração, nossas ações.
Deus não nos deu Seu nome só para sabermos como chamá-Lo. Ele se revelou para que O conhecêssemos de perto. Quando tomamos Seu nome em vão — seja falando levianamente ou vivendo sem refletir Sua glória, perdemos essa conexão. Mas quando O honramos, algo muda. Veja o que Jesus fez: Ele viveu cada dia para o Pai. E nós? Somos chamados a carregar o nome de Deus como Ele carregou. Isso é devoção: “Viver de uma forma que o mundo consiga ver através de nós quem Deus é.“
Pense no Salmo 122.4: “Todas as tribos de Israel, o povo do Senhor, sobem para cá. Vêm para dar graças ao nome do Senhor, conforme a lei requer.” Hoje, nossa vida é esse louvor. Cada escolha, cada palavra, cada atitude pode santificar ou profaná-Lo. E aqui está a maravilha: não fazemos isso sozinhos. Como Jesus orou, Deus nos dá a graça para obedecer. Ele exige, mas também provê.
Um Desafio para Hoje
Então, como vivemos o terceiro mandamento? Quero propor um desafio a você: “Observe com atenção em como você usa o nome de Deus e se sua fala, emoções e ações são influenciadas pelo seu nome.” Quando você orar, peça: “Santificado seja o teu nome na minha vida”. Quando enfrentar uma escolha, pergunte: “Isso honra o Deus que me salvou?” Seja no trabalho, em casa ou com amigos, viva como alguém que carrega o nome do todo poderoso, o grande “EU SOU”. Se pergunte: “Minha vida glorificou a Deus?”
Esse pequeno passo pode mudar tudo. Porque, como Jesus mostrou, honrar o nome de Deus não é só obedecer uma regra é viver para o Rei que nos amou primeiro.
Somente Cristo!
Pr. Reginaldo Soares.
Referências Bibliográficas
- Bíblia Sagrada. Tradução João Ferreira de Almeida, Revista e Atualizada.
- Calvino, João. As Institutas da Religião Cristã. São Paulo: Cultura Cristã, 2006.
- Watson, Thomas. The Ten Commandments. Edinburgh: Banner of Truth, 1965.
- Stott, John. A Oração do Senhor. São Paulo: Vida Nova, 2000.
- Kelly, John N. D. Early Christian Doctrines. Londres: A&C Black, 1977.
- Packer, J.I. Conhecendo Deus. São Paulo: Mundo Cristão, 1996.
- Westminster Assembly. Confissão de Fé de Westminster. São Paulo: Cultura Cristã, 1999.
- Ryken, Philip G. Exodus: Saved for God’s Glory. Wheaton: Crossway, 2005.
- Henry, Matthew. Commentary on the Whole Bible. Peabody: Hendrickson, 1991.
- Sproul, R.C. The Holiness of God. Carol Stream: Tyndale House, 1985.

Recebeu seu chamado para o ministério pastoral em 1994, sendo encaminhado ao conselho da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) em Queimados e ao Presbitério local. Iniciou seus estudos teológicos no ano seguinte, concluindo-os em 1999. Seu ministério pastoral inclui pastoreio na IPB Inconfidência (2000-2003) e na IPB Austin (2002-2003). Desde então, serve como pastor na Igreja Presbiteriana em Engenheiro Pedreira (IPEP), onde tem conduzido seu rebanho com fé e dedicação.
Casado há 22 anos com Alexsandra, sua fiel companheira, é pai de Lisandra e Samantha, preciosas bênçãos em sua vida. Formado pelo Seminário Teológico Presbiteriano Ashbel Green Simonton, no Rio de Janeiro, e com validação acadêmica pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, acredita que a maior escola é a vivência diária com as pessoas, compartilhando fé, amor e crescimento espiritual.