O VENENO SILENCIOSO DO CORAÇÃO.

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A cobiça é como um fogo que nunca se satisfaz, quanto mais a alimentamos, mais ela consome nosso coração.

“Não cobiçarás.” ÊXODO 20:17

O jovem rico aproximou-se de Jesus, convicto de sua própria justiça. Quando o Mestre lhe mencionou vários mandamentos da lei, ele respondeu com impressionante autoconfiança: “Tudo isso tenho observado” (Mateus 19:20). É relativamente fácil afirmar que nunca matamos, roubamos ou cometemos adultério, ainda que tal afirmação nem sempre seja verdadeira no sentido mais profundo. Mas quem pode declarar, diante de Deus, que explora os corações, que jamais cobiçou?

O décimo mandamento é único. Ele não regula comportamentos externos ou ações visíveis, mas vai direto à essência da questão: o coração humano. “Não cobiçarás” revela que Deus não está interessado apenas em uma melhoria externa, mas em transformação interna. Não se trata do pecado que salta aos olhos, como roubo ou adultério, mas daquilo que é secreto, as intenções e motivações do coração. “Deus vê não apenas as ações do corpo, mas os movimentos da alma; Ele julga não apenas o que fazemos, mas o que amamos.” Jonathan Edwards.

A cobiça é um companheiro familiar. Ela surge quando vemos a casa recém-reformada do vizinho, quando observamos o novo carro de um colega ou quando notamos a aparente perfeição da família ao lado, quando desejamos o relacionamento de nossos amigos. Não precisamos ser ensinados a cobiçar — a cobiça brota naturalmente do solo fértil de nossos corações caídos.

A cobiça é como uma idolatria do coração que invade nossos desejos, domina nossos pensamentos e tem potencial de se manifestar no mundo através de nossas ações. Ela captura nossas afeições, ocupa nossa mente e destrói nossa vida. Onde há paz, ela traz hostilidade; onde há amor, ela semeia divisão; onde há contentamento, ela gera insatisfação.

Por que a cobiça é tão mortífera? 

Observe as palavras de Agostinho de Hipona: “Nosso coração é inquieto até que descanse em Ti, Senhor.”

A cobiça é aquela inquietação permanente que busca nas coisas criadas o que apenas o Criador pode oferecer. Ela é a raiz de inúmeros outros pecados — inveja, calúnia, adultério, orgulho, furto, até mesmo homicídio. A cobiça rompe o primeiro mandamento antes dos demais, pois ela coloca outros deuses diante do Senhor: o deus do dinheiro, da posição social, do prazer, do reconhecimento. 

Por que a cobiça é tão mortífera? Ela é mortífera porque nunca pode ser satisfeita.

Como combatemos esse veneno silencioso? A Escritura nos apresenta três poderosos antídotos:

Primeiro, olhe para Cristo. “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e estas coisas vos serão acrescentadas” (Mateus 6:33). John Piper nos lembra que “Deus é mais glorificado em nós quando estamos mais satisfeitos n’Ele”. Quanto mais contemplamos a beleza de Cristo, menos brilhantes se tornam os tesouros deste mundo. Os prazeres terrenos são transitórios, mas a alegria em Cristo é eterna (Salmo 103:17). As promessas deste mundo são vazias, mas as promessas de Cristo são plenas. O mundo oferece conforto temporário, mas Cristo garante paz permanente (Mateus 11:28-30).

Segundo, busque contentamento. O contentamento não é algo que perseguimos freneticamente, mas uma posição onde descansamos. Paulo testemunhou: “Aprendi a viver contente em toda e qualquer situação” (Filipenses 4:11). R. C. Sproul comenta que “o contentamento cristão não é passividade, mas uma aceitação ativa da providência divina”. Quando confiamos que nosso Pai celestial sabe melhor o que precisamos, podemos descansar na certeza de que tudo o que temos é suficiente. Se mais fosse necessário para nosso bem ou sua glória, Ele certamente providenciaria.

Terceiro, cultive gratidão. “A gratidão é o termômetro da fé e o antídoto contra a murmuração”. Hernandes Dias Lopes. A gratidão nos permite reconhecer que “toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto” (Tiago 1:17). Uma pessoa grata não apenas se alegra com suas próprias bênçãos, mas também se alegra com as bênçãos concedidas aos outros. Em vez de invejar a prosperidade alheia, ela a celebra como manifestação da bondade de Deus.

Examine agora o seu coração. Há cantos escuros onde a cobiça tem se escondido? Momentos do dia em que você se flagra desejando o que pertence aos outros? Pense: o que tenho valorizado mais que ao próprio Deus? O que tenho desejado com tanta intensidade que me rouba a paz e o contentamento?

Irmãos e irmãs, olhem para Cristo, vivam em contentamento e alegrem-se em gratidão. Isso afastará a cobiça de nossos corações e de nossas vidas. Ela é um inimigo com uma natureza agressiva e destrutiva, mas silencioso e invisível, que não devemos subestimar e com quem não devemos flertar. Em vez disso, vivamos em amor por Deus e pelo próximo, “ajuntando nossos tesouros nos céus, onde a traça e a ferrugem não os consomem, e onde os ladrões não arrombam nem roubam” (Mateus 6:20).

Pai celestial, a cobiça tem se infiltrado em meu coração mais vezes do que ouso admitir. Perdoa-me quando tenho desejado o que pertence aos outros em vez de me alegrar com o que Tu, em Tua infinita sabedoria, me concedeste. Ajuda-me a fixar os olhos em Jesus, o autor e consumador da minha fé. Ensina-me o segredo do contentamento em todas as circunstâncias. Cultiva em mim um coração grato que reconhece Tua mão bondosa em tudo. Que eu encontre em Ti meu maior tesouro, minha mais profunda alegria e minha plena satisfação. Em nome de Jesus, que sendo rico, se fez pobre por amor de nós, amém.

Somente Cristo! Pr. Reginaldo Soares.

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