Porque Ele vive, posso crer no amanhã.
Porque Ele vive, temor não há.
Mas eu bem sei, eu sei, que a minha vida.
Está nas mãos do meu Jesus, que vivo está.
Cristo é a ressurreição que fundamenta nossa esperança no amanhã.
Você já se perguntou por que um simples refrão pode trazer lágrimas aos olhos? Essas palavras, entoadas por gerações de cristãos por todo o mundo, carregam uma profundidade teológica que transcende a melodia. O hino “Porque Ele Vive”, composto por William e Gloria Gaither na década de 1970, tornou-se muito conhecido não apenas por sua melodia, mas pelo testemunho da ressurreição de Cristo que ele proclama. Declarar que “Ele vive” amplia nossa visão sobre o presente e o futuro.
O amor encarnado e ressurreto.
A primeira estrofe do hino “Porque Ele Vive” nos confronta com a realidade do amor divino manifestado no envio de Seu Filho para morrer por nós. Este ato não foi apenas um gesto simbólico, mas uma intervenção definitiva na história humana. Como afirma John Piper: “Deus enviou seu Filho para morrer em nosso lugar porque é isto que o amor infinito faz quando confrontado com infinita ofensa, e quando o objeto desse amor é infinitamente precioso para Ele” (O Prazer de Deus na Obra do Filho, p. 47).
Esta verdade está profundamente enraizada na tradição reformada. João Calvino, em suas Institutas da Religião Cristã (Livro II, Capítulo XVI, Seção 4), declara: “Nossa reconciliação com Deus foi obtida por este meio: Cristo, tomando sobre si o castigo que devíamos pagar, aboliu nossa culpa diante do julgamento de Deus”. O amor que motivou a encarnação é o mesmo amor que transbordou na ressurreição. A ressurreição de Cristo não é apenas uma prova de sua divindade, mas é fundamental para a obra redentora. O filho de Deus assume a condenação e morte que nos pertenciam para nos conceder a vida que jamais poderíamos alcançar.
A expressão “o sepulcro vazio está” não é apenas uma afirmação histórica, mas um fundamento teológico que sustenta toda nossa esperança. É porque o túmulo está vazio que temos certeza de que o amor de Deus venceu o pecado e a morte.
A ressurreição como fundamento da fé.
“Porque Ele vive” não é apenas um refrão consolador, mas uma declaração teológica profunda. A ressurreição é o coração de toda a mensagem cristã. Sem ela, nossa fé seria um exercício sem sentido de uma falsa esperança. “Ora, se o que se prega é que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como alguns de vocês afirmam que não há ressurreição de mortos? E, se não há ressurreição de mortos, então Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e é vã a fé que vocês têm.”
“Como a ressurreição de Cristo nos beneficia? Primeiro, por sua ressurreição, Ele venceu a morte, para que pudéssemos compartilhar da justiça que Ele obteve para nós por sua morte. Segundo, por seu poder somos também ressuscitados para uma nova vida. Terceiro, a ressurreição de Cristo é uma garantia segura da nossa ressurreição gloriosa.”
Herman Bavinck, teólogo reformado holandês, elabora esta ideia em sua obra Dogmática Reformada: “A ressurreição de Cristo não é apenas um evento histórico que prova a verdade do cristianismo, mas é o evento redentor que garante nossa justificação e santificação” (Volume III, p. 451).
A esperança do amanhã.
“Porque Ele vive, eu posso crer no amanhã.” Esta linha do refrão sintetiza uma profunda verdade escatológica. Augustus Nicodemus, comenta: “A esperança cristã não é uma fuga da realidade, mas uma confiança fundamentada na obra concluída de Cristo, que garante que nosso futuro está seguro nas mãos de Deus” (Esperança em meio ao Sofrimento, p. 84). Esta esperança se estende além das circunstâncias presentes e aponta para a gloriosa vida que Cristo conquistou para nós na cruz. Nas palavras de Dietrich Bonhoeffer: “A ressurreição de Cristo transforma a morte de um fim definitivo em uma passagem para a vida eterna” (Ética, p. 157).
Quando nossa esperança está fundamentada em Jesus Cristo, para além das promessas deste mundo, somos mais capacitados a enfrentar adversidades do que aqueles cuja esperança se baseia apenas em circunstâncias temporárias. A esperança baseada na ressurreição de Cristo não é, portanto, apenas um conforto teológico, mas uma força transformadora em nossas vidas cotidianas. “Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos as pessoas mais infelizes deste mundo”, (1 Coríntios 15.19).
Conclusão
O hino “Porque Ele Vive” continua a ecoar em nossos encontros e celebrações porque a ressurreição de Jesus Cristo é o poder do próprio Deus agindo na vida dos convertidos. Porque Ele vive, nossa justificação está garantida. Porque Ele vive, nossa vida eterna está assegurada. Porque Ele vive, enfrentamos o amanhã não com um otimismo ingênuo e de confissões positivas, mas com uma esperança fundamentada na maior vitória já conquistada na história – a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte.
Que cada vez que cantarmos “Porque Ele Vive”, possamos fazê-lo não de forma automática, mas com uma renovada consciência da profunda teologia da ressurreição que ele proclama, e com corações transbordantes de gratidão pelo Cristo vivo que nos dá esperança para o amanhã. Que toda vez que cantarmos “Porque Ele Vive”, possamos enxergar os portões da Jerusalém celestial, a gloriosa cidade por onde havemos de atravessar.
Senhor Jesus, porque Tu vives, nós vivemos. Porque vencestes a morte, temos esperança inabalável. Porque ressuscitaste, nós também ressuscitaremos. Ensina-nos a viver à luz da Tua ressurreição, enraizados na certeza do Teu amor e fortalecidos pela promessa do amanhã eterno que nos espera. Que a verdade de que “Tu vives” transforme nosso hoje e nosso amanhã. Amém.
Somente Cristo! Pr. Reginaldo Soares.

Meu chamado para o ministério pastoral veio em 1994, sendo encaminhado ao conselho da Igreja Presbiteriana (IPB) em Queimados e em seguida ao Presbitério de Queimados (PRQM). Iniciei meus estudos no ano seguinte, concluindo-os em 1999. A ordenação para o ministério pastoral veio em 25 de junho de 2000, quando assumi pastoreio na IPB Inconfidência (2000-2003) e da IPB Austin (2002-2003). Desde de 2004 tenho servido como pastor na Igreja Presbiteriana em Engenheiro Pedreira (IPEP), onde sigo conduzido esse amado rebanho pela graça de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Sou casado há 22 anos com Alexsandra, minha querida esposa, sou pai de Lisandra e Samantha, preciosas bênçãos de Deus em nossas vidas. Me formei no Seminário Teológico Presbiteriano Ashbel Green Simonton, no Rio de Janeiro, e consegui posteriormente a validação acadêmica pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Pela bondade de nosso Senhor, seguimos compartilhando fé, amor e buscando a cada dia crescimento espiritual. Somente Cristo!
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