Sexto mandamento – “Não matarás” – Êxodo 20:13.
Uma lei tão curta — apenas duas palavras e seis consoantes no hebraico original. Tão simples que até uma criança pode entendê-la, mas tão profunda que requer uma vida inteira para ser vivida plenamente. “Não matarás” — o sexto mandamento nos convida a refletir sobre o valor sagrado da vida humana.
A Bíblia começa com o Deus vivo criando a vida nas suas diferentes manifestações. “Todas as coisas são dele, por ele e para ele” (Romanos 11:36). Quando entendemos essa verdade fundamental, compreendemos que a vida não é nossa para tirarmos, mas um dom divino que devemos honrar. Como observou João Calvino: “Se está em nossas mãos o auxílio para conservar a vida do próximo, somos obrigados a empregá-lo fielmente”.
O termo hebraico usado neste trecho é específico e geralmente refere-se ao que chamamos de “homicídio” — tirar a vida injustamente. Isso nos revela uma verdade importante: matar injustamente é fazer o trabalho do diabo, introduzindo a morte onde Deus deseja vida. É agir diretamente contra o caráter do nosso Criador, que mesmo quando o inimigo trouxe a morte ao mundo, a sobrepujou por meio de Jesus Cristo. Como João escreveu: “Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens” (João 1:4).
Esta confiança está firmemente arraigada tanto na natureza divina quanto na natureza humana. Quando tiramos injustamente a vida de alguém criado à imagem de Deus, estamos apagando uma pequena parte de nós mesmos, como se tirássemos a vida de um membro de nossa própria família. Como R. C. Sproul costumava dizer: “Cada ser humano, independente de sua condição ou comportamento, possui personalidade característica por ser portador da imagem divina”.
Jesus ampliou nossa compreensão deste mandamento quando ensinou que ele não governa apenas nossas mãos, mas também nossos corações: “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás… Eu, porém, vos digo que todo aquele que se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento” (Mateus 5:21-22). É na mente e no coração que o homicídio é concebido.
O Breve Catecismo de Westminster expande ainda mais nossa compreensão: “O sexto princípio exige todos os esforços lícitos para conservar a nossa vida e a dos nossos semelhantes”. Este mandamento não é apenas negativo — “não matarás” — mas profundamente positivo: preserve, proteja e promova a vida! O evangelho nos chama não somente para evitar o mal, mas para sermos agentes ativos da bondade de Deus em um mundo já muito acostumado a praticar a perversidade.
Não podemos refletir sobre este mandamento sem pensar em Cristo, cuja vida foi tirada injustamente por mãos impias. No entanto, através dessa injustiça suprema, Deus estava operando sua graça mais profunda — preservando sua justiça ao perdoar pecadores homicidas como nós, que tiramos muitas vezes a vida de outros com nossas palavras e em nossos corações.
“Como posso ser um preservador da vida?”
Se olhar ao seu redor, certamente encontrará oportunidades de manifestar a bondade de Deus. Talvez seja defendendo os vulneráveis, falando palavras que edificam em vez de destruir, oferecendo ajuda a quem está em desespero, ou simplesmente valorizando cada pessoa como portadora da imagem divina.
John Piper nos lembra: “A vida é o dom mais básico de Deus. Honrá-la é honrar o Doador.” Em uma cultura onde a vida é frequentemente desvalorizada, seja nas redes sociais, nos discursos políticos ou nas conversas cotidianas, somos chamados a nadar contra a corrente.
Deus da vida, que sopraste em nós o teu fôlego e nos criaste à tua imagem e semelhança, perdoa-nos pelas vezes em que nossas palavras, pensamentos ou ações trouxeram morte em vez de vida. Nós reconhecemos que muitas vezes nos iramos contra nossos irmãos, proferindo insinuações, acusações ou cultivando amargura em nossos corações. Obrigado pela graça manifestada em Cristo, que suportou a injustiça suprema para que nós pudéssemos receber o perdão.
Transforma-nos, pelo teu Espírito, em cristãos que lutam para preservar e promover a vida. Ajuda-nos a valorizar cada pessoa como portadora da sua imagem e a trabalhar ativamente pelo bem-estar dos outros. Que nossas palavras tragam cura, que nossas ações afirmem o valor das pessoas, e que nosso coração reflita teu amor por toda a humanidade. Em nome de Jesus, que venceu a morte e nos trouxe à vida, amém.
Somente Cristo!
Pr. Reginaldo Soares.

Recebeu seu chamado para o ministério pastoral em 1994, sendo encaminhado ao conselho da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) em Queimados e ao Presbitério local. Iniciou seus estudos teológicos no ano seguinte, concluindo-os em 1999. Seu ministério pastoral inclui pastoreio na IPB Inconfidência (2000-2003) e na IPB Austin (2002-2003). Desde então, serve como pastor na Igreja Presbiteriana em Engenheiro Pedreira (IPEP), onde tem conduzido seu rebanho com fé e dedicação.
Casado há 22 anos com Alexsandra, sua fiel companheira, é pai de Lisandra e Samantha, preciosas bênçãos em sua vida. Formado pelo Seminário Teológico Presbiteriano Ashbel Green Simonton, no Rio de Janeiro, e com validação acadêmica pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, acredita que a maior escola é a vivência diária com as pessoas, compartilhando fé, amor e crescimento espiritual.