Salmo 116:3-5. “Laços de morte me cercaram, e angústias do inferno se apoderaram de mim; caí em tribulação e tristeza. Então, invoquei o nome do Senhor: ó Senhor, livra-me a alma. Compassivo e justo é o Senhor; o nosso Deus é misericordioso.”
Há momentos em que a alma humana se encontra tão ferida que a própria existência parece insuportável. O salmista conhecia essa realidade quando escreveu sobre “laços de morte” e “angústias do inferno”. Setembro amarelo nos lembra que o suicídio não é apenas estatística, é o clamor desesperado de almas que perderam a esperança de que a dor possa cessar.
“Isolada, solitária e confusa, com seus pensamentos te empurrando para um abismo sem fim de emoções ruins, a vida vai se desestabilizando e faz você perder a esperança.” — Renata Gandolfo
A Condição Humana Fragmentada
Vivemos numa era de conexões virtuais, mas desconexões reais. Por trás das telas que exibem vidas aparentemente perfeitas, milhões enfrentam sozinhos seus demônios interiores. A queda de Adão não apenas corrompeu nossa natureza, ela fragmentou nossa capacidade de encontrar esperança genuína em nós mesmos. O que antes era comunhão perfeita tornou-se isolamento doloroso.
A entrada do pecado na humanidade ocorreu na Queda, quando Adão e Eva desobedeceram deliberadamente a Deus, rompendo a comunhão original e corrompendo radicalmente a natureza humana. Essa desobediência se perpetua em todas as pessoas, não apenas como atos isolados, mas como um estado herdado que afeta integralmente o ser: a mente se torna propensa à rebelião e a justificar o erro, enquanto o coração e a vontade se inclinam ao egoísmo e à idolatria, resultando em um estado de separação e inimizade com o Criador.
O mundo oferece autoestima e autoconhecimento como cura, mas Cristo oferece algo diferente: conhecimento de Deus através de Sua Palavra. “Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração” (Hebreus 4:12). O suicídio não é fraqueza moral — é sintoma de uma alma que perdeu de vista sua verdadeira identidade em Cristo.
A Pessoa da Esperança
Jesus declarou: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém pode vir ao Pai senão por mim” (João 14:6). Quando pensamentos suicidas assolam a mente, não precisamos de filosofias ou técnicas — precisamos de uma Pessoa. Cristo não apenas oferece esperança; Ele É a esperança. “De novo, lhes falava Jesus, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida” (João 8:12).
Andar com Cristo é encontrar a verdadeira luz em meio às nossas trevas, sejam elas a dor da alma ou a confusão de pensamentos. Ele não é apenas uma esperança distante no fim de um túnel escuro, mas a própria presença que ilumina o caminho. A ironia da fé é que, ao abandonarmos a pretensão de sermos mestres de nosso próprio destino, permitimos que a Luz de Cristo, que é a própria Verdade, dissipe as sombras e nos guie. Conforme João 8:12 afirma: “Eu sou a luz do mundo”, Ele se revela não como um mero conceito, mas como a realidade que nos dá clareza e propósito.
Deus não nos deixa órfãos em nossa angústia. Ele provê recursos concretos: Sua Palavra que “habitará ricamente” em nós (Colossenses 3:16), a comunhão dos santos onde “se um membro sofre, todos sofrem com ele” (1 Coríntios 12:25-26), e os Salmos como linguagem para nossa dor. O salmista clamou: “Tem compaixão de mim, Senhor, porque eu me sinto debilitado; sara-me, Senhor, porque os meus ossos estão abalados” (Salmo 6:2-3).
“As tentações em sua vida não são diferentes daquelas que outros enfrentaram. Deus é fiel, e ele não permitirá tentações maiores do que vocês podem suportar.” — 1 Coríntios 10:13.
O suicídio sussurra mentiras sobre permanência da dor e ausência de saída. Mas Cristo proclama verdade: “Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, à tua direita, há delícias perpetuamente” (Salmo 16:11). A dor é real, mas temporária. Cristo é real, e eterno. Ele que ressuscitou dos mortos pode ressuscitar corações mortos pela desesperança.
“E agora, como viveremos?”
Se você enfrenta pensamentos suicidas, saiba: Você não está sozinho, sua dor importa a Deus, e há ajuda disponível. Busque ajuda profissional imediatamente — Deus usa médicos e terapeutas como instrumentos de cura. Procure uma comunidade cristã saudável onde possa ser conhecido e cuidado. Alimente-se da Palavra diariamente, especialmente dos Salmos. E lembre-se: o mesmo Deus que “abriu o mar para o seu povo passar” pode abrir caminhos de esperança onde você só vê becos sem saída. Sua vida tem valor infinito porque Cristo morreu por você.
“Oremos”
Pai misericordioso, há entre nós almas feridas contemplando o suicídio como única saída. Tu conheces cada pensamento sombrio, cada lágrima derramada no silêncio. Quebra as cadeias da desesperança. Sê Tu a luz no fim do túnel escuro. Cerca essas vidas preciosas com Tua presença e com pessoas que possam demonstrar Teu amor. Lembra-lhes que em Ti há “plenitude de alegria” e que nenhuma dor é maior que Tua capacidade de curar. Em nome de Jesus, nosso Salvador e Consolador. Amém.
Perguntas para Reflexão
- Como podemos criar espaços seguros onde pessoas possam compartilhar suas lutas sem julgamento?
- Que recursos bíblicos têm sido âncora para sua alma em momentos de profunda dificuldade?
- De que maneiras práticas você pode ser instrumento de esperança para alguém em desespero?
- Como a verdade de que Cristo é “compassivo e misericordioso” transforma nossa perspectiva sobre o sofrimento mental?
Somente Cristo! Pr. Reginaldo Soares.
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Meu chamado para o ministério pastoral veio em 1994, sendo encaminhado ao conselho da Igreja Presbiteriana (IPB) em Queimados e em seguida ao Presbitério de Queimados (PRQM). Iniciei meus estudos no ano seguinte, concluindo-os em 1999. A ordenação para o ministério pastoral veio em 25 de junho de 2000, quando assumi pastoreio na IPB Inconfidência (2000-2003) e da IPB Austin (2002-2003). Desde de 2004 tenho servido como pastor na Igreja Presbiteriana em Engenheiro Pedreira (IPEP), onde sigo conduzido esse amado rebanho pela graça de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Sou casado há 22 anos com Alexsandra, minha querida esposa, sou pai de Lisandra e Samantha, preciosas bênçãos de Deus em nossas vidas. Me formei no Seminário Teológico Presbiteriano Ashbel Green Simonton, no Rio de Janeiro, e consegui posteriormente a validação acadêmica pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Pela bondade de nosso Senhor, seguimos compartilhando fé, amor e buscando a cada dia crescimento espiritual. Somente Cristo!