Provérbios 20:22. “Não digam: ‘Vou pagar o mal com o mal’; esperem no Senhor, e ele os salvará.”
RESOLUÇÃO 14. “Resolvo nunca fazer nada por vingança.”
Edwards e o veneno doce da retaliação
Há algo quase irresistível na sede de vingança que pulsa em nossos corações feridos. Como um veneno doce, ela promete alívio para nossa dor, justiça para nossa humilhação, restauração para nossa dignidade. Portanto, quando somos traídos, difamados ou injustiçados, nossos impulsos mais primitivos clamam por retribuição. Assim como um predador ferido, algo em nós desperta faminto por vingança. No entanto, foi exatamente contra esse impulso que Jonathan Edwards, escreveu uma de suas mais penetrantes resoluções: “Resolvo nunca fazer nada por vingança.”
Além disso, essa declaração não era mero ideal teórico, mas um compromisso espiritual que moldaria todo o caráter de Edwards. Por isso, devemos nos perguntar: como essa resolução pode transformar nossa própria jornada cristã em um mundo que celebra a retaliação?
A anatomia da alma vingativa
Jonathan Edwards compreendia que a vingança não é meramente um ato externo, mas uma disposição interna que corrompe a alma desde suas raízes. Quando analisamos biblicamente essa tendência humana, descobrimos que ela revela nossa mais profunda rebelião contra a soberania divina. Afinal, a vingança é, essencialmente, nossa tentativa de usurpar o trono de Deus como juiz supremo.
“Sabemos que Deus existe em plena sabedoria, e que todas as coisas estão sujeitas à sua providência e governo, e portanto, não devemos nos queixar de coisa alguma que nos aconteça, nem nos angustiarmos por qualquer aflição.” Abraham Kuyper, Lectures on Calvinism, Editora Fiel, 2014, 184 páginas.
Edwards entendia que a resolução contra a vingança era, na verdade, uma declaração de fé na justiça perfeita de Deus. Todavia, isso não significa passividade diante do mal, mas sim uma confiança ativa de que Deus é perfeitamente capaz de executar sua justiça no tempo apropriado. Consequentemente, nossa recusa em vingar nos coloca em profunda harmonia com o caráter divino.
O texto de Provérbios 20.22 não apenas proíbe a retaliação, mas oferece uma alternativa positiva: “esperem no Senhor”. Esta expressão implica uma expectativa ativa, uma confiança paciente que se expressa em adoração e submissão. Portanto, a alternativa bíblica à vingança não é a inércia, mas a esperança na justiça de Deus.
“A história da Igreja é a história do triunfo da graça sobre a natureza humana corrompida, mas também da constante necessidade de vigilância contra as tentações do poder e da vingança que assolam até mesmo os mais devotos.” Justo L. González, Uma História do Pensamento Cristão, Editora Cultura Cristã, 2004, 1248 páginas.
Cristo, o fim de toda vingança
Na cruz, Jesus Cristo não apenas perdoou seus algozes, mas destruiu definitivamente o ciclo da retaliação humana. Enquanto oramos “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas 23.34), vemos o próprio Deus renunciando a seu direito de vingança imediata em favor da misericórdia redentora. Assim, a resolução de Edwards ecoa o coração do evangelho: Deus absorveu em si mesmo toda a vingança que merecíamos.
Cristo é tanto o modelo quanto o poder para nossa própria recusa à vingança. Por isso, quando escolhemos não retaliar, participamos misticamente do sofrimento redentor de Cristo. Além disso, demonstramos ao mundo que existe uma justiça superior àquela que os tribunais humanos podem oferecer.
E agora, como viveremos?
A resolução de Jonathan Edwards contra a vingança nos desafia a examinar nossos corações.
Identifique os ressentimentos, mágoas não resolvidas ou desejos secretos de retaliação. Esses “pequenos” venenos espirituais são precisamente onde a graça de Cristo precisa operar mais profundamente.
Em nossos relacionamentos familiares, quando somos feridos por aqueles que mais amamos, a tentação da vingança pode ser sutil: o silêncio punitivo, as palavras cortantes, o distanciamento emocional calculado. No entanto, Edwards nos chama a uma resolução mais radical: escolher deliberadamente abençoar onde fomos amaldiçoados.
No ambiente profissional, onde a competição e os conflitos são inevitáveis, nossa recusa em vingar pode ser um testemunho poderoso do evangelho. Por isso, em vez de conspirar contra quem nos prejudicou, podemos orar por seus corações e buscar oportunidades de demonstrar amor prático.
Nas redes sociais, onde a cultura da vingança se disfarça de “justiça social”, somos chamados a responder ao ódio com verdade amorosa, à calúnia com oração intercessória, ao desprezo com humildade genuína. Assim, nossa postura digital pode refletir a própria mansidão de Cristo.
Cultive disciplinas espirituais que fortaleçam nossa resolução: oração pelos que nos feriram, meditação na justiça perfeita de Deus, prática regular do perdão e busca ativa de oportunidades para abençoar nossos “inimigos”.
“A verdadeira grandeza espiritual não se manifesta na capacidade de vingar, mas na força moral para perdoar, não na habilidade de destruir o inimigo, mas no poder de transformá-lo em amigo através do amor.” João Calvino, Institutas da Religião Cristã, Editora UNESP, 2008, 1536 páginas.
Oremos
Pai celestial, assim como Edwards resolvia nunca fazer nada por vingança, concede-nos a mesma graça transformadora. Reconhecemos que nossos corações são naturalmente inclinados à retaliação e que só o poder do Espírito Santo pode nos libertar desse ciclo destrutivo.
Pedimos perdão pelos momentos em que usurpamos teu lugar como juiz, quando permitimos que a amargura corrompesse nossa alma, quando respondemos ao mal com mais mal. Ensina-nos a esperar em ti, sabendo que tua justiça é perfeita e teu tempo é soberano.
Que possamos ser instrumentos de tua paz em um mundo sedento de vingança, demonstrando através de nossas vidas que existe um poder superior ao ódio: o amor redentor de Cristo. Que nossa recusa em vingar seja um testemunho eloquente da realidade do teu reino.
Em nome de Jesus, que na cruz transformou a maior injustiça da história na mais perfeita demonstração de amor. Amém.
Somente Cristo! Pr. Reginaldo Soares.
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Meu chamado para o ministério pastoral veio em 1994, sendo encaminhado ao conselho da Igreja Presbiteriana (IPB) em Queimados e em seguida ao Presbitério de Queimados (PRQM). Iniciei meus estudos no ano seguinte, concluindo-os em 1999. A ordenação para o ministério pastoral veio em 25 de junho de 2000, quando assumi pastoreio na IPB Inconfidência (2000-2003) e da IPB Austin (2002-2003). Desde de 2004 tenho servido como pastor na Igreja Presbiteriana em Engenheiro Pedreira (IPEP), onde sigo conduzido esse amado rebanho pela graça de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Sou casado há 22 anos com Alexsandra, minha querida esposa, sou pai de Lisandra e Samantha, preciosas bênçãos de Deus em nossas vidas. Me formei no Seminário Teológico Presbiteriano Ashbel Green Simonton, no Rio de Janeiro, e consegui posteriormente a validação acadêmica pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Pela bondade de nosso Senhor, seguimos compartilhando fé, amor e buscando a cada dia crescimento espiritual. Somente Cristo!
