Jonathan Edwards – RESOLUÇÃO 19: Fidelidade -

2 Pedro 3.10-14. “Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo, e os elementos se desfarão abrasados; também a terra e as obras que nela existem serão atingidas. Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, que tipo de pessoas vocês devem ser em santo procedimento e piedade, esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão? Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça. Por isso, amados, esperando estas coisas, empenhem-se por ser encontrados por ele em paz, sem mácula e irrepreensíveis.”

RESOLUÇÃO 19. “Resolvo viver de tal forma que, ao morrer, deseje ter vivido assim.”

A Pergunta Que Define Tudo

E se a última trombeta soasse agora? Esta não é pergunta para especulação escatológica, mas para exame de consciência. Jonathan Edwards, aos dezenove anos, resolveu: “Nunca fazer algo que teria medo de fazer, se soubesse que ouviria a última trombeta dentro de uma hora.” É uma resolução aterradora porque expõe a distância entre o que professamos e o que praticamos. Pedro faz a mesma pergunta incômoda: “Que tipo de pessoas vocês devem ser?” A iminência do fim não é terror, mas teste de fidelidade.

“Se não há imortalidade da alma, então não há virtude, e, portanto, tudo é permitido. Mas se o fim é certo e o Juiz está às portas, então tudo muda.” Fiódor Dostoiévski, Os Irmãos Karamázov

Escarnecedores da Promessa

Pedro escreve sua segunda carta combatendo uma heresia perigosa: zombadores que ridicularizavam a promessa da volta de Cristo (2 Pedro 3.3-4). Diziam: “Onde está a promessa da sua vinda? Desde que os pais dormiram, tudo permanece como desde o princípio.” Era o cinismo travestido de sofisticação – a demora virou descrença, e a descrença, libertinagem. Se Cristo não volta, por que viver em santidade? Pedro responde com uma visão apocalíptica da história: o universo não é eterno; tem data de validade. Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça.

“A esperança da Parusia (segunda vinda de Jesus Cristo) iminente não produziu passividade nos cristãos primitivos, mas engajamento fervoroso. Eles viviam como se Cristo voltasse amanhã, mas trabalhavam como se tivessem mil anos. A iminência gerava urgência moral, não especulação ociosa.” Philip Schaff, History of the Christian Church

Três Verdades Sobre o Dia do Senhor

A Certeza do Fim – “Virá Como Ladrão”

O Dia virá – não talvez, mas certamente. A imagem do ladrão não significa que não sabemos que virá, mas quando virá. Ladrões não avisam; irrompem. Pedro empilha verbos violentos: passarão, desfarão, derreterão. O cosmos não evolui para melhor; caminha para dissolução. Não é pessimismo, mas realismo escatológico. A fidelidade cristã não se baseia na permanência das coisas, mas na promessa de Quem as desfará.

“Nada é mais contrário à natureza humana do que meditar sobre a destruição do mundo, pois nos apegamos ao presente como se fosse eterno. Mas Pedro nos chama a viver como peregrinos, não como proprietários. A fidelidade nasce da consciência de que tudo aqui é temporário.” João Calvino, Comentário às Epístolas Universais

A Pergunta Urgente – “Que Tipo de Pessoas Devem Ser?”

Esta é a questão pastoral no coração da escatologia. Se tudo será desfeito, como devemos viver? Pedro responde: “em santo procedimento e piedade”. Note: não diz o que devemos fazer, mas quem devemos ser. Fidelidade não é checklist de comportamentos, mas transformação de caráter. Edwards entendeu: não se trata de evitar pecados óbvios, mas de viver sem medo do fim súbito. A fidelidade cristã não é calculista – não serve a Deus por recompensa futura, mas porque Ele merece hoje.

“A santidade não é preparação para o céu; é antecipação do céu. Vivemos em santo procedimento não porque tememos o juízo, mas porque fomos transformados pela graça. A fidelidade é consequência, não causa, da redenção.” R.C. Sproul, A Santidade de Deus

A Promessa Gloriosa – “Novos Céus e Nova Terra”

Pedro não termina com destruição, mas com recriação. “Nós, porém… esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça.” A esperança cristã não é escapista – não queremos fugir da criação, mas vê-la renovada. O fim não é aniquilação, mas purificação. O fogo não vira para destruir; mas para purificar e refinar. A fidelidade presente se ancora na fidelidade futura de Deus. Ele que prometeu, não desistirá do Seu projeto criacional.

Encontrados Fiéis na Parousia

“Empenhem-se por ser encontrados por ele em paz, sem mácula e irrepreensíveis.” Pedro não exige perfeição, mas empenho. A fidelidade não é ausência de falhas, mas direção da vida. A trombeta pode soar a qualquer momento – e nossa resposta não deve ser pânico, mas paz. Paz de quem viveu olhando para frente. Paz de quem não precisa esconder nada quando Cristo aparecer. A fidelidade não é medo do fim, mas amor ao Senhor que vem. E quando os céus se abrirem, os fiéis não tremerão – reconhecerão Aquele que sempre amaram.

“E agora, como viveremos?”

Aplique o teste de Edwards hoje: “Há algo que estou fazendo agora que teria medo de estar fazendo se a trombeta soasse em uma hora?” Não se trata de escrúpulos neuróticos, mas de alinhamento intencional. Examine três áreas: seus relacionamentos (há alguém a quem você precisa pedir perdão?), seu caráter (há algum hábito secreto que você esconde?), suas prioridades (há investimentos temporais que não resistiriam ao fogo do juízo?). Viva hoje como se Cristo voltasse amanhã.

“Oremos”

Senhor Jesus, tu que virás em glória para julgar vivos e mortos, ensina-nos a viver na urgência santa da tua iminência. Perdoa-nos por viver como se tivéssemos tempo infinito, investindo em coisas que o fogo consumirá. Purifica nossos corações para que, quando a última trombeta soar, não precisemos esconder-nos, mas possamos correr ao teu encontro. Que nossa fidelidade hoje seja fruto da tua fidelidade eterna. E quando os céus passarem com estrondo, que sejamos encontrados em paz, irrepreensíveis e aguardando a pátria que preparaste. Maranata! Vem, Senhor Jesus. Amém.

Perguntas para Reflexão

Há algo em sua vida que você mudaria se soubesse que Cristo volta amanhã?
Como a certeza da destruição cósmica afeta sua forma de valorizar as coisas materiais?
O que significa, praticamente, viver “em santo procedimento e piedade” na sua rotina?
Você vive a esperança da volta de Cristo com medo ou com expectativa alegre?
De que forma a promessa dos “novos céus e nova terra” transforma seu engajamento com o mundo presente?

Somente Cristo! Pr. Reginaldo Soares.