em novo nascimento você não é cristão, porque religiosidade não substitui regeneração, o novo nascimento é essencial para ser cristão

Você não é cristão se não nasceu de novo

Efésios 2:4-6. “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo — pela graça vocês são salvos —, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus.”

Quando as boas intenções não bastam

Nicodemos era modelo de religiosidade, mestre em Israel, fariseu devoto, conhecedor das Escrituras. Mas Jesus lhe disse algo devastador: “Você precisa nascer de novo” (João 3:3). Não “melhorar um pouco”, não “adicionar Jesus à sua vida”, mas nascer de novo. Toda sua devoção religiosa era irrelevante sem essa transformação radical. A expressão grega anōthen pode significar “de novo” ou “do alto”, ambos os sentidos capturam esta necessidade profunda: um recomeço completo, operado por Deus e não por esforço humano. Paulo ecoa essa verdade em sua declaração: estávamos mortos em nossos delitos e pecados e mortos não melhoram; mortos precisam de ressurreição. Você não é cristão se não nasceu de novo porque religiosidade não substitui regeneração e moralidade não é o mesmo que ser nova criatura.

“O novo nascimento não é algo que fazemos por Deus, mas algo que Deus faz por nós. É obra soberana do Espírito, não conquista da vontade humana.” J.I. Packer, Vocábulos de Deus, Editora Fiel, 2009, p. 123.

O Estado Desesperador que Exige Intervenção Divina

O Antigo Testamento já havia diagnosticado nossa condição terminal. “Todos se extraviaram e juntamente se corromperam; não há quem faça o bem, não há nem um sequer” (Salmo 14:3). Jeremias declarou: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto” (17:9). Não estávamos espiritualmente feridos; estávamos espiritualmente mortos. O homem não é apenas incapazes de agradar a Deus, nossa condição é muito pior, somos incapazes até de desejá-lo verdadeiramente.

Paulo descreve nossa condição pré-regeneração com uma clareza brutal: “O pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus” (Romanos 8:7-8). E em Efésios ele diz: “Estando nós mortos nos vossos delitos e pecados… éramos, por natureza, filhos da ira” (2:1,3). Mortos, filhos da ira, inimigos de Deus, todos esses termos descrevem de maneira intensa não a condição de quem precisa de ajuda, mas de quem precisa de ressurreição.

“O homem natural não é meramente um homem doente que precisa de medicamento, mas um homem morto que precisa de vida.” Martyn Lloyd-Jones, Deus o Espírito Santo, Editora PES, 2003, p. 234.

“Mas Deus”, as duas palavras mais gloriosas

A Promessa Antiga — Ezequiel 36

Nicodemos deveria ter entendido, porque Deus havia prometido através de Ezequiel: “Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito” (36:26-27). Não “vocês consertarão seus próprios corações”, mas sim “eu darei”, “eu tirarei”, “eu porei”, a ação é divina e não humana. O próprio Deus removeria o coração morto de pedra e implantaria um coração vivo de carne.

“Mas Deus” — A Intervenção Salvadora

“Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida” (Efésios 2:4-5). Essas duas palavras, “mas Deus”, mudam tudo. Estávamos mortos, mas Deus nos vivificou, não porque merecíamos; estávamos mortos! Não porque cooperamos; mortos não cooperam, mas porque ele é “rico em misericórdia” e tem “grande amor.”

A regeneração é ato 100% divino. Pedro declara: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou” (1 Pedro 1:3). Deus regenera. Nós recebemos. Não podemos nos auto-regenerar assim como não podemos nos auto-ressuscitar da morte física.

O Resultado Inevitável — Transformação Real

Quando Deus realiza essa obra, ela sempre produz fruto. Em Atos 16:14, “o Senhor lhe abriu o coração” de Lídia, e ela “atendeu às coisas que Paulo dizia.” Abertura divina do coração resulta em respostas humanas que podem ser observadas ao longo de sua vida, o dom de Deus do novo nascimento sempre nos transforma. Ele nos presenteia com fé, com amor por novas coisas, com novos desejos. “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2 Coríntios 5:17). O novo nascimento se manifesta na realidade atual do convertido, não é aspiração futura.

Deus não nos, vivífica e depois nos abandona; ele trabalha sem cessar para nos aperfeiçoar em santidade de vida. “Porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade” (Filipenses 2:13). Quem te deu graça para te arrepender e crer te dá graça para continuar se arrependendo e crendo.

“Regeneração não é reforma, é ressurreição. Não é melhoramento do velho homem, mas criação de um novo homem.” R.C. Sproul, Eleitos de Deus, Editora Fiel, 2002, p. 156.

O Teste da Realidade

Como saber se você nasceu de novo? Procure pelo fruto. “O fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne” (Gálatas 5:22-24). A regeneração é o ato invisível realizado em nós pelo próprio Deus, mas o invisível se torna visível em nossas atitudes, paixões e desejos transformados, nossos afetos e amores já não são mais direcionados por este mundo, mas por aquilo que é do alto, que vem do próprio Deus.

Você pode ter currículo religioso impressionante como Nicodemos. Pode conhecer Bíblia, frequentar igreja, manter uma moralidade impecável, mas se não há evidência de transformação real, se não há fome crescente por santidade, se não há luta contra pecado, se não há amor pelos irmãos, se não há um quebrantamento verdadeiro, você tem motivos para se questionar sobre ter nascido de novo ou não. Porque quando Deus ressuscita alguém, essa pessoa não permanece morta.

“Se você pode viver em pecado e não se sentir miserável, você não nasceu de novo.” Charles Spurgeon, citado em All of Grace (Tudo pela Graça), Editora Fiel, 2015, p. 67.

Não Há Outra Porta de Entrada

Jesus foi absolutamente claro com Nicodemos: “Se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (João 3:3). Ele não disse: “será mais difícil” ou “terá mais desvantagem”. Ele disse: “não pode.”, é impossível. Como Paulo diz: “Pela graça vocês são salvos… não vem de vocês; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2:8-9).

Você não entra no reino ajudando Deus. Você não se torna cristão adicionando Jesus à sua vida. Você precisa nascer de novo e essa é obra só Deus pode fazer. A questão urgente não é “o que devo fazer?” mas “Deus fez isso em mim?” Há evidência de nova criação? De coisas antigas que passaram? De transformação real?

E Agora, Como Viveremos?

Examine a Si mesmo a luz das Escrituras e pare de confiar em seu currículo religioso ou em atividades superficiais e, em vez disso, pergunte-se: “Existe em mim evidências de um novo nascimento?”. Procure o fruto do Espírito crescendo em sua vida, não espere a perfeição, mas sim uma direção clara de transformação, um crescimento segundo os padrões bíblicos, não os seus próprios. Pergunte àqueles que o conhecem bem se eles notam uma mudança real em você desde que passou a professar Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Se essa evidência de novo nascimento estiver ausente, não suponha que é um cristão, mas clame a Deus pedindo: “Dá-me um coração novo!”; no entanto, se a evidência existir, mesmo que imperfeita, agradeça a Deus, pois Ele te regenerou e continuará o trabalho de santificação em sua vida.

Oremos

Senhor Deus, rico em misericórdia, Tu nos deste vida quando estávamos mortos em nossos delitos, e por isso, confessamos o erro de confiar em nossa religiosidade, boas obras ou moralidade, em vez da verdadeira regeneração. Reconhecemos que, assim como disseste a Nicodemos, é impossível nascermos de novo por nós mesmos, pois mortos não se auto-ressuscitam e corações de pedra não se transformam em corações de carne por força de vontade. Por isso, clamamos: se ainda não nascemos de novo, regenera-nos agora, tira o coração de pedra e vivifica-nos juntamente com Cristo, fazendo-nos novas criaturas! E se já fomos regenerados, abre nossos olhos para ver o milagre que operaste, concede-nos gratidão profunda e continua a Tua obra de santificação, pois o Senhor que nos deu graça para crer nos dará graça para continuar crendo. Em nome de Jesus, que veio para que tivéssemos vida. Amém.

Perguntas para Reflexão

  1. Como você diferenciaria “ser religioso” de “nascer de novo”? Qual categoria melhor descreve sua experiência?
  2. Há evidências claras de transformação em sua vida desde que professa Cristo? Que “coisas antigas passaram”?
  3. Se regeneração é 100% obra de Deus, qual é nossa responsabilidade? Como isso muda como você vê salvação?
  4. Você consegue identificar fruto do Espírito crescendo em você — amor, alegria, paz, domínio próprio? Seja específico.
  5. Se não há evidência de novo nascimento, você está disposto a clamar a Deus hoje: “Dá-me coração novo”?

Somente Cristo! Pr. Reginaldo Soares.

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