10 de dezembro de 2025

Você não é cristão porque gosta de Jesus

Por Reginaldo

Mateus 12.46-50. “Enquanto Jesus ainda falava às multidões, estavam do lado de fora sua mãe e seus irmãos, procurando falar com ele. E alguém lhe disse: — Olhe, a sua mãe e os seus irmãos estão lá fora e querem falar com o senhor. Porém Jesus respondeu ao que lhe trouxe o aviso: — Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos? E, apontando para os discípulos, disse: — Aqui estão minha mãe e meus irmãos. Porque qualquer que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, irmã e mãe.”

A Popularidade Enganosa de Jesus

Jesus é popular. Revistas usam Seu rosto nas capas para aumentar vendas. Filmes sobre Ele lotam cinemas. Até produtos absurdos como sandálias com “Jesus Te Ama” nas solas vendem bem. O Dalai Lama O chama de “pessoa iluminada”, Gandhi escreveu carinhosamente sobre Ele, Einstein ficava “encantado” com Sua figura. Mas aqui está o problema: gostar de Jesus não é suficiente.

“Estou tentando impedir que alguém diga a grande tolice que as pessoas costumam dizer sobre Ele: ‘Estou pronto para aceitar Jesus como um grande mestre de moral, mas não aceito sua afirmação de ser Deus.'”
C.S. Lewis, Cristianismo Puro e Simples, Editora Martins Fontes, 2005, p. 56.

Se budistas, hindus, muçulmanos e até ateus conseguem admirar Jesus, como podemos dizer que simplesmente gostar d’Ele nos torna cristãos?

Quando Respeito Não Basta

Através dos Evangelhos, Jesus encontra repetidamente pessoas que gostavam d’Ele, O respeitavam e aprovavam Sua mensagem. Mas Ele se volta e diz que lhes falta algo crucial. O jovem rico, Nicodemos, até mesmo multidões que O seguiam, todos precisavam de mais que admiração para serem considerados por Deus como seus filhos. A fé cristã exige algo radicalmente diferente da simples aprovação.

“A fé não consiste em ignorância, mas em conhecimento — e não só de Deus, mas também da vontade divina.”
João Calvino, Institutas da Religião Cristã, Livro III, Capítulo II, Seção 2, Editora UNESP, 2008, p. 42.

Ser cristão implica em crer n’Ele de forma específica, com conteúdo definido (a Bíblia Sagrada) e confiança pessoal. Não basta respeito; é necessária rendição.

Os Elementos de uma Fé Salvadora

Primeiro: Conteúdo Objetivo — Verdades Inegociáveis

A fé cristã não é uma crença vaga ou indefinida; ela possui um conteúdo específico e bem delineado. Não cremos “simplesmente”, mas cremos em algo definido. O Apóstolo Paulo ensina que a salvação acontece através da “fé na verdade”, o que implica que existem doutrinas essenciais que precisam ser ouvidas, entendidas e aprovadas para que alguém se torne um verdadeiro cristão.

O ponto de partida dessa verdade é o reconhecimento da própria condição: Você é pecador. Jesus Cristo recebe apenas aqueles que, de fato, se reconhecem como pecadores. Ele mesmo declarou ter vindo para os doentes, não para os sãos; para pecadores, não para justos. Sendo assim, é imperativo que o indivíduo reconheça sua profunda pecaminosidade e a urgente necessidade de perdão que decorre dela.

Em seguida, somos chamados a contemplar a Pessoa do Salvador: Jesus é plenamente Deus e plenamente homem. Essa dualidade de naturezas é essencial para a obra da salvação, pois somente uma Pessoa infinita e sem pecado poderia carregar sobre Si a punição infinita que nossos pecados mereciam. Paralelamente, somente um ser humano poderia atuar como o Substituto perfeito para outro ser humano.

A obra de salvação foi consumada na Sua ação: Jesus salva através de Sua morte e ressurreição. Na cruz, Ele carregou a maldição e a morte que eram a justa punição pelos nossos pecados. A ressurreição, por sua vez, funciona como a assinatura e o selo de Deus Pai à obra redentora de Cristo. Como Paulo enfaticamente declara nas Escrituras, se Cristo não tivesse ressuscitado, toda a nossa fé seria vã.

Por fim, o resultado da salvação exige uma resposta de vida: Jesus é Senhor. Confessar que Jesus é Senhor significa mais do que uma simples declaração; é o reconhecimento prático de que Ele possui autoridade total sobre a vida do crente e, portanto, é digno de toda a obediência. Ele é a cabeça da Igreja hoje e, no futuro, voltará em glória como o Rei que exercerá plena soberania.

Segundo: Confiança Sincera — Mais Que Assentimento (ato de concordar) Mental

Mas crer na verdade objetiva não basta. Até demônios creem nos fatos sobre Jesus — e tremem! Eles sabem que Ele é o Filho de Deus, mas odeiam esses fatos. A fé genuína é confiança pessoal e sincera numa Pessoa, não mero assentimento intelectual.

“Deus é mais glorificado em nós quando estamos mais satisfeitos nele.”
John Piper, Teologia da Alegria Cristã, Editora Vida Nova, 2001, p. 28.

Confiança sincera gera obediência de coração. Você não é cristão simplesmente por saber fatos sobre Jesus, você precisa confiar que precisa de um Salvador, e que Ele é esse Salvador.

A Pergunta Que Decide Tudo

Gostar de Jesus não salva ninguém. Admirá-Lo como mestre moral não transforma ninguém. A questão central é: você crê nEle? Você confia em Jesus como seu único Salvador e Senhor? Quando nos aproximamos de Jesus em confiança, à busca do perdão e cura que tanto carecemos, descobrimos que Ele está disposto e é capaz de nos ajudar. Esta é a diferença entre a vida eterna e a condenação eterna, não gostar, mas crer.

“E agora, como viveremos?”

Examine-se honestamente: você crê nestas verdades essenciais apresentadas? Você é pecador? Jesus é plenamente Deus e homem? Ele morreu por seus pecados e ressuscitou? Ele é seu Senhor? Se houver dúvida em alguma, não ignore, busque ajuda pastoral, estude as Escrituras, converse com cristãos maduros. Mas não confunda dúvida ocasional com incredulidade persistente. Se você crê, mas luta com dúvidas, clame como aquele pai: “Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé!” E permita que irmãos na igreja caminhem com você nessa jornada. A fé verdadeira persevera, mesmo através das dúvidas.

“Oremos”

Senhor Jesus, reconheço que por muito tempo confundi admiração com fé salvadora. Confesso que sou pecador, totalmente destituído de justiça própria. Creio que Tu és plenamente Deus e plenamente homem, que morreste na cruz por meus pecados e ressuscitaste ao terceiro dia. Confio em Ti como meu único Salvador e Te reconheço como meu Senhor. Perdoa minha incredulidade e aumenta minha fé. Que minha confiança em Ti não seja mero conhecimento mental, mas entrega pessoal e sincera. Ajuda-me a crescer no conhecimento das verdades do evangelho e na confiança transformadora em Tua pessoa. Em Teu nome oro, amém.

Perguntas para Reflexão

  1. Qual a diferença entre assentimento intelectual aos fatos sobre Jesus e confiança pessoal n’Ele como Salvador?
  2. Como você responderia a alguém que diz: “Respeito Jesus como grande mestre, mas não O aceito como Deus”?
  3. Você já confundiu “gostar de Jesus” com fé salvadora? Como sua vida mudaria se você realmente confiasse n’Ele como Senhor?
  4. Como a dúvida ocasional difere da incredulidade persistente? Você tem sido honesto sobre suas dúvidas com outros cristãos?

Somente Cristo! Pr. Reginaldo Soares.

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