NÃO FURTARÁS.

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“Não furtarás.” — Êxodo 20:15

Quando olhamos para este mandamento, nossa tendência natural é declararmos com confiança: “Nunca roubei um banco ou uma loja, então estou livre dessa transgressão.” Contudo, como observou Charles Hodge, este mandamento tem raízes muito mais profundas, baseando-se no “direito divino de propriedade” estabelecido pelo Criador. O oitavo mandamento revela o coração de um Deus que cuida tanto da ordem social quanto da integridade pessoal.

John Bunyan, em sua obra menos conhecida “Vida e morte do Sr. Homem-mau”, narra a história de um indivíduo que começou com pequenos furtos na infância e gradualmente desceu ao abismo moral. O Sr. Homem-mau chegou ao ponto de casar-se com uma mulher piedosa apenas para ter acesso a seu dinheiro, usando-o para pagar dívidas contraídas em seus relacionamentos ilícitos. 

O furto assume múltiplas formas em nossa vida cotidiana, muitas além do roubo direto. A Confissão de Westminster sabiamente amplia este mandamento para incluir sequestro, tráfico humano, fraude, extorsão, não pagar empréstimos, plágio e até mesmo envolvimento em processos judiciais injustos. Na era digital, multiplicaram-se as oportunidades para o coração humano obter desonestamente o que não lhe pertence – desde pirataria de conteúdo até roubo de identidade.

O apóstolo Paulo, que trabalhou diligentemente fazendo tendas enquanto servia em Éfeso, exortou: “Aquele que furtava, não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha que repartir com o que tiver necessidade” (Efésios 4:28). Observem a beleza deste versículo: Paulo não apenas condena o furto, mas eleva o trabalho honesto à posição de ministério, onde ganhamos não apenas para sustentar-nos, mas também para abençoar os necessitados.

Como Jonathan Edwards frequentemente enfatizava, o coração renovado pela graça deve manifestar uma nova ética em cada área da vida. Nosso trabalho deve ser realizado “com diligência e alegria, pela percepção de que, em última instância, estamos servindo ao Senhor e Cristo” (Colossenses 3:23-24). Quando entendemos que tudo o que possuímos vem da mão bondosa de Deus, nossa atitude em relação às posses se transforma radicalmente. O trabalho não é primariamente um meio para adquirir, mas um caminho para contribuir. Esta perspectiva redefine nosso entendimento sobre propriedade e sucesso, alinhando-os com o propósito divino.

Examine honestamente suas atitudes em relação às posses, ao trabalho e ao dinheiro. Existem áreas onde você tem tomado atalhos, justificado pequenos furtos ou sido negligente com recursos que Deus lhe confiou? Comprometa-se hoje a trabalhar diligentemente como para o Senhor, a ser completamente honesto em todas as transações e a cultivar um coração generoso que se deleita em compartilhar com os necessitados. Lembre-se das palavras de Agostinho: “Aquele que tem caridade em seu coração tem sempre algo para dar.”

Eterno Deus, não nos deixe ceder à tentação de obter ganhos desonestos ou de ser negligente com os recursos que nos concedeste. Não nos deixe sermos envolvidos por formas sutis de furto. Ajuda-nos a trabalhar diligentemente, a administrar com sabedoria e a dar generosamente. Purifica nosso coração da ganância e ensina-nos a encontrar nossa verdadeira satisfação em Ti, não nas posses materiais. Que possamos honrar-Te em cada transação, em cada hora de trabalho e em cada decisão financeira. Em nome de Jesus, que embora rico, se fez pobre por amor a nós, amém.

Somente Cristo!

Pr. Reginaldo Soares.

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