A LEI E O EVANGELHO.

O evangelho não é um conceito limitado à conversão, mas a força transformadora que molda toda a vida cristã.

A LEI E O EVANGELHO.

Confiar no evangelho significa descansar totalmente na obra consumada de Cristo, sem tentar acrescentar méritos próprios.

“Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério guardado em silêncio nos tempos eternos, e que, agora, se tornou manifesto e foi dado a conhecer por meio das Escrituras proféticas, segundo o mandamento do Deus eterno, para a obediência por fé, entre todas as nações.” Romanos 16:25-26.

Existe um equívoco comum entre muitos cristãos: enxergar a Lei e o Evangelho como realidades totalmente separadas e até contraditórias. De um lado estaria a Lei, austera e condenatória; de outro, o Evangelho, todo graça e misericórdia. Esta visão, embora contenha elementos de verdade, não captura a rica harmonia do plano redentor de Deus.

Calvino sabiamente observou que existe um contraste legítimo quando Paulo fala da Lei como “a regra do viver santo em que Deus reivindica o que lhe é devido”, exigindo perfeita obediência e pronunciando maldição sobre qualquer falha. Sob esta perspectiva, a justiça da Lei e a do Evangelho aparecem como opostas. Uma depende de nossas obras; a outra, da graça divina mediante a fé.

Entretanto, o Evangelho não substituiu a Lei apresentando um método de salvação completamente diferente. Como escreveu Herman Bavinck: “O Evangelho é a realização das promessas da Lei, não sua negação”. O Evangelho confirma a Lei, demonstrando como suas exigências foram plenamente satisfeitas em Cristo. O que era sombra transformou-se em substância.

Jonathan Edwards elaborou este ponto com profundidade: “A Lei mostra nossa doença; o Evangelho traz o remédio. A Lei revela nossa miséria; o Evangelho oferece a misericórdia. Mas ambos procedem do mesmo coração amoroso de Deus.” Em seu comentário sobre Romanos, Charles Hodge afirma que “a Lei e o Evangelho não são sistemas rivais, mas aspectos complementares da mesma verdade divina.”

Quando Jesus afirmou que: “Até a chegada de João, a lei de Moisés e a mensagem dos profetas eram seus guias. Agora, porém, as boas-novas do reino de Deus estão sendo anunciadas, e todos estão ansiosos para entrar. É mais fácil o céu e a terra desaparecerem que ser anulado até o menor traço da lei de Deus.” (Lucas 16:16), não estava sugerindo que os patriarcas estavam fatalmente presos à maldição da Lei. Antes, indicava que eles conheciam apenas os rudimentos, enquanto agora temos a plenitude da revelação em Cristo. Paulo chama o Evangelho de “[…] poder de Deus em ação para salvar todos os que creem…” (Romanos 1:16), mas acrescenta que foi “testemunhado pela Lei e pelos profetas” (Romanos 3:21).

Cristo não veio para abolir a Lei, mas para cumpri-la perfeitamente, algo que nenhum ser humano poderia fazer devido à sua natureza pecaminosa. O fato de Cristo ter cumprido a Lei não significa que agora vivemos sem direção ou sem mandamentos, mas que nossa obediência não é mais um meio de salvação, e sim uma resposta ao amor e à graça de Deus. Em Cristo, não seguimos regras para tentar merecer o favor divino, mas porque fomos transformados e capacitados pelo Espírito Santo a viver de acordo com a vontade de Deus. Seus mandamentos, agora escritos em nossos corações, nos guiam a uma vida de santidade e obediência, não como um fardo, mas como um reflexo da nova criação que somos n’Ele. Assim, seguimos não apenas a letra da Lei, mas seu verdadeiro propósito: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.

Você tem tratado essas duas realidades como completamente separadas ou mesmo opostas? Reconheça que ambas procedem do mesmo Deus e servem ao mesmo propósito redentor. Cristo não é apenas aquele que nos libertou da maldição da Lei, mas também aquele que cumpriu perfeitamente suas exigências em nosso lugar. “Cristo não veio para abolir a Lei, mas para ser o fim da Lei para justiça de todo aquele que crê” (Romanos 10:4). Permita que esta verdade produza em você não apenas gratidão pela graça, mas também um profundo desejo de viver em “obediência por fé” (Romanos 16:26).

Deus eterno, obrigado por teu plano perfeito de redenção, revelado progressivamente através dos tempos e manifestado plenamente em teu Filho Jesus Cristo. Perdoa-me por muitas vezes enxergar a Lei e o Evangelho, como se fossem realidades distintas e não aspectos complementares da tua verdade. Ajuda-me a ver em Cristo o cumprimento de toda a justiça exigida pela Lei e o fundamento da graça oferecida no Evangelho. Que eu possa viver em obediência por fé, não por temor da condenação, mas por amor àquele que me amou e se entregou por mim. Em nome de Jesus, que não veio para abolir a Lei, mas para cumpri-la. Amém.

Somente Cristo! Pr. Reginaldo Soares.

Meu chamado para o ministério pastoral veio em 1994, sendo encaminhado ao conselho da Igreja Presbiteriana (IPB) em Queimados e em seguida ao Presbitério de Queimados (PRQM). Iniciei meus estudos no ano seguinte, concluindo-os em 1999. A ordenação para o ministério pastoral veio em 25 de junho de 2000, quando assumi pastoreio na IPB Inconfidência (2000-2003) e da IPB Austin (2002-2003). Desde de 2004 tenho servido como pastor na Igreja Presbiteriana em Engenheiro Pedreira (IPEP), onde sigo conduzido esse amado rebanho pela graça de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Sou casado há 22 anos com Alexsandra, minha querida esposa, sou pai de Lisandra e Samantha, preciosas bênçãos de Deus em nossas vidas. Me formei no Seminário Teológico Presbiteriano Ashbel Green Simonton, no Rio de Janeiro, e consegui posteriormente a validação acadêmica pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Pela bondade de nosso Senhor, seguimos compartilhando fé, amor e buscando a cada dia crescimento espiritual. Somente Cristo!

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