AMOR VERDADEIRO

Descubra como o amor cristão ensinado por Paulo em Romanos 12 revoluciona nossas relações em um mundo ferido e polarizado.

AMOR VERDADEIRO

“Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.” Romanos 12:21.

Amar de verdade

Em pleno Império Romano, quando a vingança era considerada uma virtude e o status social determinava o valor das pessoas, o apóstolo Paulo ensinava aos cristãos de Roma sobre o amor verdadeiro. Em Romanos 12:9-21, escrito por volta de 57-58 d.C., encontramos não princípios teológicos abstratos, mas orientação prática para viver um amor genuinamente transformador em um mundo fragmentado.

Roma era uma megalópole cosmopolita com cerca de um milhão de habitantes, marcada por extremos de riqueza e pobreza e por tensões sociais significativas. A igreja ali estabelecida enfrentava desafios únicos, com uma composição mista de cristãos gentios e judeus convertidos, especialmente após o decreto de Cláudio que havia expulsado judeus de Roma em 49 d.C. Neste contexto urbano complexo, as palavras de Paulo ganham relevância particular.

“O amor seja sem hipocrisia. Detestai o mal, apegai-vos ao bem.” Romanos 12:9.

O texto começa com uma exortação fundamental: o amor deve ser “sem hipocrisia”. A palavra hipocrisia significa literalmente “sem fingimento”, que se referia originalmente à arte de representar no teatro grego. Paulo, portanto, enfatiza um amor genuíno, não uma mera encenação cristã.

A Revolução do Amor Fraternal

“Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros.” Romanos 12:10.

Paulo introduz um princípio revolucionário para a cultura romana: “preferindo-vos em honra uns aos outros”. Esta exortação desafia diretamente o sistema de patronato romano, onde pessoas de status inferior (clientes) buscavam favores de patronos poderosos, criando obrigações sociais recíprocas. No lugar dessa hierarquia social, Paulo propõe um modelo comunitário radicalmente diferente onde o status não é buscado para si, mas conferido aos outros.

O amor cristão autêntico se manifesta através de um serviço zeloso e fervoroso: “Não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor”, Romanos 12:11. A expressão “fervorosos de espírito” indica uma intensidade espiritual que contrasta diretamente com a atitude “morna” posteriormente criticada na igreja de Laodicéia (Apocalipse 3:15-16).

Amor aos inimigos: O distintivo cristão

“Abençoai os que vos perseguem; abençoai e não amaldiçoeis.” Romanos 12:14.

Aqui encontramos um dos aspectos mais radicais do amor cristão: a resposta à perseguição não deve ser a maldição, mas a bênção. Este princípio, diretamente derivado dos ensinamentos de Jesus no Sermão do Monte (Mateus 5:44), representava uma completa inversão dos valores dominantes na cultura greco-romana, onde a vingança era considerada não apenas aceitável, mas necessária para preservar a honra. O clímax desta revolução ética vem nos versículos finais:

“Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.” Romanos 12:20-21.

A metáfora “amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça” enfatiza que o amor ao inimigo produz uma reação forte e inescapável. No contexto, não significa causar dor ao inimigo, mas provocar uma possível vergonha ou arrependimento através de atos inesperados de bondade, interrompendo o ciclo de vingança tão comum na sociedade romana.

Uma ética transformadora

O historiador Rodney Stark, em sua obra “A Ascensão do Cristianismo”, documenta como a ética dos primeiros cristãos, especialmente durante epidemias devastadoras no Império Romano, contribuiu significativamente para o crescimento da fé cristã. Enquanto os pagãos abandonavam seus doentes, os cristãos, movidos por este amor autêntico descrito por Paulo, arriscavam suas vidas para cuidar não apenas de seus irmãos na fé, mas também de seus perseguidores.

O amor cristão autêntico apresentado em Romanos 12:9-21 não é uma ética baseada em normas sociais ou culturais, mas fundamentada na resposta à misericórdia divina (12:1) e na submissão ao senhorio de Cristo (12:11). Este amor genuíno e sacrificial, particularmente direcionado aos inimigos, constitui o distintivo ético mais radical do cristianismo, diretamente vinculado aos ensinamentos de Jesus e ao seu exemplo na cruz.

Contra a corrente cultural

Em uma sociedade cada vez mais polarizada e individualista, onde a vingança é frequentemente glorificada e a busca de status nas redes sociais domina as relações, as exortações de Paulo oferecem um caminho radicalmente diferente.

  1. Ame ativamente: O amor cristão autêntico não é apenas um sentimento, mas uma decisão e ação diária que se manifesta em gestos concretos de serviço e sacrifício.
  2. Responda diferentemente: Em um contexto cultural onde o “cancelamento” e a retribuição imediata são normalizados, você é chamado a romper com esse ciclo, não retribuindo mal com mal.
  3. Seja agente de reconciliação: Em tempos de profundas divisões políticas, raciais e sociais, busque ativamente a paz, construindo pontes em vez de muros.
  4. Confie na justiça divina: “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu retribuirei, diz o Senhor”, Romanos 12:19. Quando confrontado com injustiças, não tome a vingança nas próprias mãos, mas confie no justo julgamento divino.

Senhor Deus, reconhecemos que amar como Tu nos chamas a amar é impossível apenas com nossas próprias forças. Transforma nossos corações para que possamos amar sem hipocrisia, preferir os outros em honra e até mesmo abençoar aqueles que nos perseguem. Em um mundo que celebra a vingança e o egoísmo, ajuda-nos a sermos revolucionários do Teu amor, vencendo o mal com o bem, assim como Cristo fez por nós na cruz. Que nosso amor autêntico seja um testemunho poderoso do Evangelho em nossos relacionamentos e comunidades. Em nome de Jesus, Amém.

Somente Cristo! Pr. Reginaldo Soares.

Meu chamado para o ministério pastoral veio em 1994, sendo encaminhado ao conselho da Igreja Presbiteriana (IPB) em Queimados e em seguida ao Presbitério de Queimados (PRQM). Iniciei meus estudos no ano seguinte, concluindo-os em 1999. A ordenação para o ministério pastoral veio em 25 de junho de 2000, quando assumi pastoreio na IPB Inconfidência (2000-2003) e da IPB Austin (2002-2003). Desde de 2004 tenho servido como pastor na Igreja Presbiteriana em Engenheiro Pedreira (IPEP), onde sigo conduzido esse amado rebanho pela graça de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Sou casado há 22 anos com Alexsandra, minha querida esposa, sou pai de Lisandra e Samantha, preciosas bênçãos de Deus em nossas vidas. Me formei no Seminário Teológico Presbiteriano Ashbel Green Simonton, no Rio de Janeiro, e consegui posteriormente a validação acadêmica pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Pela bondade de nosso Senhor, seguimos compartilhando fé, amor e buscando a cada dia crescimento espiritual. Somente Cristo!

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