Como viver como um exilado fiel em um mundo "babilônico", buscando a paz da sua cidade enquanto mantém sua identidade como cidadão do céu.

BUSQUE O BEM DA CIDADE.

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O cristão como agente de transformação na cidade

“Assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel, a todos os exilados que eu deportei de Jerusalém para a Babilônia: Edificai casas e habitai nelas; plantai pomares e comei o teu fruto… Procurai a paz da cidade para onde vos desterrei e orai por ela ao SENHOR; porque na sua paz vós tereis paz.” Jeremias 29.4-7.

Cristãos no Coração de Babilônia

Quando o imperador Nero incendiou Roma no ano 64 dC, ele culpou os cristãos pelo desastre, desencadeando a primeira grande perseguição contra os seguidores de Cristo. Em meio às chamas e ao caos, os cristãos enfrentaram um dilema profundo: como deveriam se relacionar com uma cidade que os rejeitava tão violentamente? Uma resposta inspirada pelo Espírito já havia sido dada séculos antes, através do profeta Jeremias, aos exilados judeus na Babilônia. Este paradoxo do exílio – viver em um lugar sem pertencer completamente a ele – permanece central para a identidade cristã até hoje.

Engajamento Redentor em Terras Estrangeiras

“Procurai a paz da cidade para onde vos desterrei e orai por ela ao SENHOR; porque na sua paz vós tereis paz”, Jeremias 29.4-7. As instruções de Deus através de Jeremias são surpreendentemente práticas e positivas. Aos exilados na Babilônia – o símbolo supremo de oposição a Deus – Ele não ordena isolamento ou resistência, mas engajamento construtivo. Se isso foi verdade para os exilados de Deus na Babilônia, parece ainda mais verdadeiro para os exilados cristãos nesse mundo “babilônico”.

A Confissão de Westminster nos lembra que os cristãos possuem “uma vocação comum como cidadãos e uma vocação especial como filhos de Deus.” Essas vocações não são contraditórias, mas complementares quando vividas sob a soberania divina. Então, o que devemos fazer? Nós devemos fazer as coisas comuns que precisam ser feitas: construir casas, habitar nelas, plantar pomares. Isso não o contaminará se você fizer tudo para o verdadeiro Rei e não apenas funcionar à vista, como para agradar aos homens.

Até mesmo o trabalho mais mundano de um cristão manifesta a “Face de Deus”, através da qual Ele continua Sua obra de sustentação e provisão para o mundo. Busque a paz da cidade para onde Deus o levou. O termo hebraico para “paz” (shalom) implica mais que apenas ausência de conflito – significa prosperidade, bem-estar integral e florescimento. Pense em si mesmo como enviado por Deus, porque é isso que você é. Ore ao Senhor por sua cidade. Peça que coisas grandes e boas aconteçam para a cidade.

Evidentemente Deus não é indiferente à paz da cidade e a razão pela qual ele não é indiferente é que seu povo terá paz. Há uma interconexão divinamente ordenada entre o bem-estar da comunidade e o bem-estar do povo de Deus. Fazemos bem à cidade convocando tantos de seus cidadãos quantos pudermos para serem cidadãos da “Jerusalém lá de cima”, Gálatas 4.26.

Duas cidadanias, Um único testemunho

Santo Agostinho, no século V, desenvolveu o conceito das “duas cidades” na sua obra “A Cidade de Deus”, escrita após o saque de Roma. Ele argumentava que os cristãos são simultaneamente cidadãos da cidade terrena e da cidade celestial. Nossa lealdade primária pertence à cidade celestial, mas isso não nos isenta da responsabilidade para com a cidade terrestre.

Este paradoxo não significa abandonar nossa identidade como exilados e peregrinos. Na verdade, como C.S. Lewis observou em “Cristianismo Puro e Simples”: “Se você ler a história, descobrirá que os cristãos que mais fizeram pelo mundo presente foram precisamente aqueles que pensaram mais no mundo vindouro.”

Vivamos assim, para que os que só possuem cidadania terrena desejem conhecer o nosso Rei. Nossa vida deve despertar curiosidade sobre o Rei que servimos, sobre a cidade celestial que aguardamos, e sobre o evangelho que nos transformou. Como então podemos buscar o bem da nossa cidade hoje?

  1. Reconheça seu propósito divino: Você não está onde está por acaso. Deus o colocou estrategicamente em sua comunidade, bairro, e local de trabalho para ser sal e luz.
  2. Ore intensamente: Estabeleça o hábito de orar especificamente pela sua cidade – seus líderes, escolas, negócios, desafios e oportunidades.
  3. Mantenha sua identidade distinta: Sua influência mais profunda virá não da assimilação cultural, mas de uma vida que demonstra claramente os valores do Reino de Deus.
  4. Compartilhe a esperança do Evangelho: O maior bem que podemos oferecer à nossa cidade é a mensagem transformadora de Cristo, convidando outros a se tornarem cidadãos da cidade celestial.

Dietrich Bonhoeffer, escrevendo da prisão nazista, captou essa tensão: “O cristão não vive em um vácuo, mas nas responsabilidades terrenas e dificuldades do dia a dia… É somente vivendo completamente no mundo que se aprende a crer.”

Pai Celestial, agradecemos por nos posicionares na cidade e na comunidade onde vivemos. Ajuda-nos a buscar a prosperidade da cidade onde vivemos através do nosso trabalho, relacionamentos e serviço. Dá-nos sabedoria para viver como fiéis exilados – engajados com o mundo sem sermos conformados a ele. Que nossas vidas apontem tão claramente para Ti que muitos sejam atraídos a se tornarem cidadãos do Teu Reino eterno. Em nome de Jesus oramos, amém.

Somente Cristo! Pr. Reginaldo Soares.

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