Davi pede que Deus sonde seu coração. Aprenda a examinar suas motivações ocultas e viver inteiramente para a glória de Deus.
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Jonathan Edwards – RESOLUÇÃO 23: A Intenção do Coração

Salmos 139:23-24. “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos. Vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno.”

RESOLUÇÃO 23. “Resolvo frequentemente tomar uma ação deliberada que pareça improvável de ser feita para a glória de Deus e rastrear sua intenção original; e se não for para a glória de Deus, considerá-la um erro.”

A Arqueologia da Alma

Por que fazemos o que fazemos? Davi não pede a Deus que examine suas ações, mas suas intenções — o território invisível onde nascem todos os atos. Mesmo obras aparentemente nobres podem brotar de raízes corruptas: orgulho mascarado de serviço, busca de glória própria disfarçada de zelo divino.

“O coração tem razões que a própria razão desconhece.” — Blaise Pascal (1623-1662), Pensamentos

A oração de Davi é um convite perigoso: deixar que Deus exponha os motivos secretos que nem nós mesmos ousamos confrontar.

O Salmo 139 começa com um Deus que conhece tudo — pensamentos, palavras, caminhos. Davi encerra não fugindo desse conhecimento, mas convidando-o: “Sonda-me”. No hebraico, chaqar significa investigar profundamente, como quem escava em busca daquilo que está oculto. O salmista reconhece uma verdade devastadora: não somos transparentes a nós mesmos. Jerônimo dizia que “o coração é enganoso acima de todas as coisas” (Jeremias 17:9). Somos necessitados da atuação de Deus como cirurgião que opera para expor as intenções que camuflamos até de nossa própria consciência.

A Ilusão da Boa Intenção

Podemos servir na igreja buscando reconhecimento, orar em público cultivando admiração, dar esmolas comprando aprovação. Ações corretas, realizadas com motivações corrompidas. Jesus confrontou fariseus que faziam tudo certo pelos motivos errados (Mt 6:1-6).

“E, quando orarem, não sejam como os hipócritas, que gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das praças, para serem vistos pelos outros. Em verdade lhes digo que eles já receberam a sua recompensa. Mas, ao orar, entre no seu quarto e, fechada a porta, ore ao seu Pai, que está em secreto. E o seu Pai, que vê em secreto, lhe dará a recompensa.” Mateus 6:5-6.

A resolução proposta é radical: examinar frequentemente ações que parecem improváveis de serem para a glória de Deus, rastreando sua intenção original. É preciso assumir um compromisso inegociável de investigar nossas almas para descobrir motivos egocêntricos, pois no novo nascimento fomos feitos para vivermos inteiramente para Deus.

“O orgulho pode estar à espreita sob a capa de humildade; a vanglória pode se disfarçar de zelo; a avareza pode se esconder sob a forma de prudência.” — Jonathan Edwards (1703-1758), Afeições Religiosas

Davi não confia em seu próprio discernimento. Ele sabe que o autoexame humano é limitado, contaminado pelo pecado, que frequentemente usa a racionalização para justificar motivações erradas. Apenas Deus pode iluminar os recantos escuros do coração. “Prova-me” (bachan) é termo usado para testar metais no fogo — expor impurezas pela intensidade do calor divino.

Cristo: O Coração Puro

Jesus é o único cuja intenção jamais se desviou. Cada palavra, cada ato, cada silêncio — tudo para a glória do Pai (Jo 17:4). Sua justiça, que nos é atribuída, cobre nossas vidas de graça; Seu Espírito nos transforma. A cruz revela tanto a profundidade de nossa corrupção quanto a suficiência de Sua purificação.

“E agora, como viveremos?”

Institua momentos diários de exame: “Por que fiz isso?” Ore como no exemplo do Salmo 139, com disciplina espiritual constante. Quando perceber ações virtuosas, questione: “Busco glória de Deus ou minha própria?” Peça ao Espírito que exponha motivações ocultas. Pratique transparência com irmãos de confiança — eles veem o que você não vê. Reconheça violações sem desespero; há graça para corações sinceros que buscam pureza.

“Oremos”

Senhor, sonda-me como só Tu podes. Exponha as intenções que oculto até de mim mesmo. Revele o orgulho disfarçado de humildade, a vaidade escondida no serviço. Purifica as fontes de onde brotam minhas ações. Que tudo — menor ou maior, corpo ou alma — tenda unicamente para Tua glória. Guia-me pelo caminho eterno. Amém.

Perguntas para Reflexão

  1. Quais ações “boas” você pratica que podem estar motivadas por busca de aprovação humana?
  2. Como você pode desenvolver maior honestidade no exame de suas próprias motivações?
  3. Que mecanismos de prestação de contas podem ajudá-lo a identificar intenções distorcidas?

Somente Cristo! Pr. Reginaldo Soares.

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AS RESOLUÇÕES DE JONATHAN EDWARDS

Meu chamado para o ministério pastoral veio em 1994, sendo encaminhado ao conselho da Igreja Presbiteriana (IPB) em Queimados e em seguida ao Presbitério de Queimados (PRQM). Iniciei meus estudos no ano seguinte, concluindo-os em 1999. A ordenação para o ministério pastoral veio em 25 de junho de 2000, quando assumi pastoreio na IPB Inconfidência (2000-2003) e da IPB Austin (2002-2003). Desde de 2004 tenho servido como pastor na Igreja Presbiteriana em Engenheiro Pedreira (IPEP), onde sigo conduzido esse amado rebanho pela graça de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Sou casado há 22 anos com Alexsandra, minha querida esposa, sou pai de Lisandra e Samantha, preciosas bênçãos de Deus em nossas vidas. Me formei no Seminário Teológico Presbiteriano Ashbel Green Simonton, no Rio de Janeiro, e consegui posteriormente a validação acadêmica pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Pela bondade de nosso Senhor, seguimos compartilhando fé, amor e buscando a cada dia crescimento espiritual. Somente Cristo!

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