
NOVA CRIATURA: Evidência Visível de Transformação
2 Coríntios 5:17. “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.”
Rótulo de Cristão e uma Vida de não Cristão
É possível cantar com fervor aos domingos e viver como demônio nas segundas-feiras? É possível carregar o nome de Cristo e blasfemar esse nome pelas próprias ações? Paulo responde com uma declaração ontológica devastadora: “Se alguém está em Cristo, é nova criatura.” Não “deveria ser”, não “um dia será”, mas é. A afirmação do apóstolo Paulo apinta para uma realidade imediata e não uma espectativa futura. A conversão não é adesão social ou herança familiar, é a transformação fundamental do ser. Mas vivemos tempos perigosos, onde multidões chamam-se cristãs enquanto suas vidas contradizem radicalmente a Cristo. O evangelho reduzido produziu igrejas cheias de pessoas que têm o nome de que vivem, mas estão mortas. A pergunta que nos assombra é: como sabemos que realmente somos cristãos?
“A fé salvadora não é simplesmente um ato isolado da vontade, mas uma mudança radical de toda a pessoa.”
Charles Hodge, Teologia Sistemática, Editora Hagnos, 2001, p. 847.
O Monstro do Cristianismo Nominal
A história da igreja está repleta de gerações que herdaram estruturas, tradições e vocabulário cristãos, mas não a vida. Foi assim com Israel no tempo dos profetas — circuncidados na carne, mas incircuncisos no coração. Foi assim na Europa medieval, batizados na infância, mas não regenerados pelo Espírito. E está acontecendo bem agora, em várias partes do mundo, esta acontecendo bem aqui no brasil, o cristianismo se tornou cultural, onde “ser cristão” tornou-se algo absolutamente comum. Ezequiel 36:25-27 já prenunciava essa realidade: Deus prometeu não apenas purificar externamente, mas dar um “coração novo” e colocar seu Espírito dentro do povo. A Nova Aliança sempre foi sobre transformação interna, não conformidade externa. O ocidente produziu algo mortal: um cristianismo que brilha, mas não é ouro; promessas falsas de que se pode ter Deus e o mundo, adorar no domingo e amar as trevas nos outros seis dias.
“Cristianismo nominal é a desgraça da história da igreja. É uma religião sem poder, sem vida, sem Cristo.”
Martinho Lutero, Obras Selecionadas – Volume 2: Debates e Controvérsias, Editora Sinodal/Concórdia, 1993, p. 234.
A Anatomia da Nova Criatura
Primeiro: O Fundamento — A União com Cristo
Paulo não diz “se alguém acredita em Cristo” ou “se alguém frequenta uma igreja que fala de Cristo”, mas “se alguém está em Cristo”. A preposição grega en (ἐν) denota localização, permanência, união vital. Estar em Cristo não é posição jurídica apenas, é realidade ontológica,1 é participação na própria vida de Cristo. É ser enxertado na Videira verdadeira (João 15:5), é ser membro de seu corpo (1 Coríntios 12:27), é ter morrido e ressuscitado com ele (Romanos 6:4-5).
Esta é a causa original da santificação: não é nossa força de vontade, mas nossa união com aquele que é a própria santidade. A graça que justifica é a mesma graça que santifica. Quem te deu graça para te arrepender e crer te dá graça para continuar se arrependendo e crendo. Quem te dá graça para a justificação também te dará graça para tua santificação. Uma das maiores evidências de que você realmente creu em Cristo é que Deus iniciou uma boa obra de santificação em você — e ele trabalha sem cessar para te fazer santo (Filipenses 1:6).
“A santificação não é meramente imitação de Cristo; é Cristo vivendo em nós e através de nós pelo poder do Espírito Santo.”
John Owen, A Mortificação do Pecado, Editora PES, 2014, p. 56.
Segundo: A Evidência — “As Coisas Antigas Já Passaram”
O que são essas “coisas antigas”? Não são apenas pecados grosseiros, mas todo o sistema de valores, desejos e afetos que caracterizavam a velha natureza. Amar o mundo mais que a Deus. Buscar a estima dos homens mais que a aprovação divina. Definir-se pela cultura, pela família, pelo sucesso, ao invés de se definir por Cristo. Viver seis dias para si mesmo e um dia para um teatro religioso. Ter cristianismo como uma “pequena parte da vida” ao invés de toda a vida.
Paulo é categórico: essas coisas já passaram. Não estão passando gradualmente; já passaram no momento da conversão. Sim, o cristão luta contra o pecado remanescente. Sim, há quedas e fraquezas. Mas há uma diferença radical entre o crente que luta contra o pecado que odeia e o incrédulo que abraça o pecado que ama. A questão não é perfeição sem pecado, mas direção inequívoca: você está ficando menos parecido com o mundo e mais com Cristo, ou está ficando cada vez mais parecido com o mundo?
Terceiro: A Transformação — “Eis Que Se Fizeram Novas”
A palavra grega Kairós não significa apenas “novo no tempo”, mas “novo em qualidade”. Não é reforma, é recriação. Não é melhoria moral, é ressurreição espiritual. Deus não pega a velha criatura e a conserta; ele cria algo que nunca existiu antes — um ser humano regenerado, habitado pelo Espírito Santo, participante da natureza divina (2 Pedro 1:4).
Esta transformação produz novos afetos e desejos. Você pode dizer honestamente que seu maior desejo é ser santo? Que seu maior desejo é ser como Cristo, não como o mundo? Se não pode, você deveria ter medo, muito medo. Porque aqueles que amam o mundo não têm o amor do Pai (1 João 2:15). Ezequiel 36:26-27 prometeu: “Darei a vocês um coração novo e porei dentro de vocês um espírito novo. Tirarei de vocês o coração de pedra e lhes darei um coração de carne. Porei dentro de vocês o meu Espírito.” Isso está acontecendo em você?
“A verdadeira conversão não é apenas uma mudança de opinião sobre Cristo, mas uma mudança de coração que produz uma mudança de vida.”
R.C. Sproul, Nascido de Novo, Editora Fiel, 2013, p. 89.
Quarto: A Urgência — Vida ou Morte Eterna
Esto não é brincadeira, não tem a ver com cultura, trata-se da palavra do Deus vivo, do evangelho de Jesus Cristo, de vida e morte, de céu e inferno. Hebreus 12:14 é claro: “Sem santificação ninguém verá o Senhor.” Isso significa que se você crê em Cristo para salvação, Deus o tornará santo. Se não há sinais visíveis disso, é possível que você não tenha sido convertido.
É perigoso ser criado numa família cristã. É perigoso crescer numa comunidade cristã, pois você pode achar que é cristão só porque seus pais são, ou porque participa de certa tradição religiosa. Mas Deus não salva gerações; ele salva pessoas. Um dia você enfrentará o julgamento de Deus e a pergunta não será “seus pais eram cristãos?” ou “você frequentava a igreja?”, mas “você está em Cristo? As coisas antigas passaram? Você é nova criatura?”
O Poder de Deus Para Sua Glória
Deus não nos salva porque merecemos. Merecemos sua ira, não seu amor. Deus nos salva porque ele mesmo é amor, porque ele é um Salvador. E Ele faz essa grande obra de salvação por dois motivos: primeiro, para obter glória dessa obra. Ele diz: “Vou descer e salvar os homens, não só os justificarei, mas os mudarei e transformarei, mostrando meu poder neles de tal forma que o mundo me louvará pelo poder demonstrado em meu povo” (Ezequiel 36:23). Segundo, para demonstrar seu poder para que as nações saibam que ele é o Senhor.
Mas quando pessoas que se dizem cristãs vivem como não cristãs, o nome de Deus não é louvado é blasfemado. Por isso Paulo é enfático: se você está em Cristo, é nova criatura. O poder de Deus transformando sua vida deve ser evidente. Você está crescendo em santidade? Seu desejo por Cristo está aumentando? Deus está tirando cada vez mais o mundo de você e atraindo você cada vez mais para si e para a conformidade com sua imagem? Se não, você pode ter cristianismo nominal, mas não tem Cristo.
E Agora, Como Viveremos?
Pare agora mesmo e faça estas perguntas com brutal honestidade: Desde que você crê em Cristo, seu amor por ele cresceu? Seu desejo por santidade está crescendo? O poder de Deus transformando sua vida é evidente para você e para os outros? Você pode dizer que seu maior desejo é ser santo, ser como Cristo? Ou você quer ter Deus e o mundo, amar ambos? Porque se você não quer largar o mundo porque o ama, saiba que o amor do Pai não está em você (1 João 2:15).
Não pensem que ser cristão é algo cultural, uma pequena parte da vida, algo que se faz só aos domingos. Se esse é seu cristianismo, você não tem cristianismo, você não é cristão. Examine-se. Teste-se. A evidência da nova criatura não é opcional; é a prova de que você realmente está em Cristo.
Oremos
Senhor Deus, trememos diante desta palavra. Confessamos que tantas vezes temos nos contentado com o nome de cristão sem a realidade da nova criatura. Perdoa-nos por achar que podemos ter a Ti e ao mundo, amar ambos, servir a dois senhores. Tu que criaste os céus e a terra pelo poder de Tua palavra, cria em nós corações novos. Tira de nós os corações de pedra e dá-nos corações de carne. Põe dentro de nós Teu Espírito para que andemos em Teus estatutos. Que as coisas antigas passem de verdade. Que nosso maior desejo seja ser santos, ser como Cristo. E se há alguém aqui que apenas tem o nome mas não a vida, que hoje seja o dia da salvação. Salva-nos, não por nossa causa, mas por Teu nome e para Tua glória. Em nome de Jesus, o único que nos faz novas criaturas. Amém.
Perguntas para Reflexão
- Se você morresse agora, como poderia ter certeza de que Deus o aceitaria? Sua resposta se baseia em ser “nova criatura” ou em fatores externos (família cristã, frequência à igreja, boas obras)?
- Desde que você diz ter crido em Cristo, há evidências claras de que “as coisas antigas passaram”? Quais desejos, valores e afetos mudaram radicalmente em sua vida?
- Você pode dizer honestamente que seu maior desejo é ser santo, ser como Cristo? Ou seu maior desejo ainda é ter a estima do mundo, o conforto, o sucesso segundo padrões seculares?
- Como você diferencia um cristão verdadeiro de um “cristão nominal” ou “cultural”? Essa diferença é visível em sua própria vida?
- Se não há evidências de santificação crescente em sua vida, o que isso pode indicar? Você está disposto a examinar-se biblicamente e buscar ajuda pastoral?
Somente Cristo! Pr. Reginaldo Soares.
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- Ontologia é a investigação sobre o que é real, o que existe e quais são as qualidades fundamentais que fazem algo ser o que é. ↩︎

Meu chamado para o ministério pastoral veio em 1994, sendo encaminhado ao conselho da Igreja Presbiteriana (IPB) em Queimados e em seguida ao Presbitério de Queimados (PRQM). Iniciei meus estudos no ano seguinte, concluindo-os em 1999. A ordenação para o ministério pastoral veio em 25 de junho de 2000, quando assumi pastoreio na IPB Inconfidência (2000-2003) e da IPB Austin (2002-2003). Desde de 2004 tenho servido como pastor na Igreja Presbiteriana em Engenheiro Pedreira (IPEP), onde sigo conduzido esse amado rebanho pela graça de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Sou casado há 22 anos com Alexsandra, minha querida esposa, sou pai de Lisandra e Samantha, preciosas bênçãos de Deus em nossas vidas. Me formei no Seminário Teológico Presbiteriano Ashbel Green Simonton, no Rio de Janeiro, e consegui posteriormente a validação acadêmica pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Pela bondade de nosso Senhor, seguimos compartilhando fé, amor e buscando a cada dia crescimento espiritual. Somente Cristo!
Reginaldo
Meu chamado para o ministério pastoral veio em 1994, sendo encaminhado ao conselho da Igreja Presbiteriana (IPB) em Queimados e em seguida ao Presbitério de Queimados (PRQM). Iniciei meus estudos no ano seguinte, concluindo-os em 1999. A ordenação para o ministério pastoral veio em 25 de junho de 2000, quando assumi pastoreio na IPB Inconfidência (2000-2003) e da IPB Austin (2002-2003). Desde de 2004 tenho servido como pastor na Igreja Presbiteriana em Engenheiro Pedreira (IPEP), onde sigo conduzido esse amado rebanho pela graça de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Sou casado há 22 anos com Alexsandra, minha querida esposa, sou pai de Lisandra e Samantha, preciosas bênçãos de Deus em nossas vidas. Me formei no Seminário Teológico Presbiteriano Ashbel Green Simonton, no Rio de Janeiro, e consegui posteriormente a validação acadêmica pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Pela bondade de nosso Senhor, seguimos compartilhando fé, amor e buscando a cada dia crescimento espiritual. Somente Cristo!
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