Como superar a vergonha através da Fé
“A sua fé salvou você; vá em paz.” Lucas 7:50.
O encontro que transformou uma vida
Na literatura universal, poucos momentos capturam a humilhação pública, como aquele retratado no romance “Os Miseráveis” de Victor Hugo, quando Jean Valjean é exposto por seu passado criminoso. O peso da vergonha pública pode ser esmagador. De maneira semelhante, na narrativa de Lucas 7, encontramos uma mulher enfrentando o julgamento implacável dos olhos acusadores de Simão e seus convidados. Esta cena bíblica nos convida a refletir sobre como a vergonha pode nos paralisar e como o perdão divino oferece um caminho para a libertação.
Do olhar acusador à palavra libertadora
Sem dúvida ela sentiu vergonha enquanto os olhos de Simão comunicavam a todos os presentes que esta mulher era uma pecadora e que Jesus não deveria permitir que ela lhe tocasse. Na verdade, ela era uma pecadora. Havia um lugar para vergonha. Mas não por muito tempo. Jesus disse: “Perdoados são os teus pecados” (Lucas 7.48). E quando os convidados murmuraram sobre isso, ele ajudou a sua fé novamente, dizendo: “A tua fé te salvou; vai-te em paz” (Lucas 7.50).
A Escritura Sagrada nos ensina que a vergonha legítima pelo pecado não deve ser negada, mas tampouco deve ser nossa morada permanente. O Catecismo de Heidelberg afirma que: “O reconhecimento da nossa miséria é o primeiro passo para o conforto genuíno”, (Pergunta 2). No entanto, essa vergonha deve nos conduzir ao Salvador, não nos manter prisioneiros do passado.
Como Jesus ajudou a combater os efeitos paralisantes da vergonha? Ele deu uma promessa: “Os teus pecados foram perdoados! Tua fé te salvou”. Ele declarou que o perdão passado agora concederia paz futura. Portanto, a questão para ela era a fé na futura graça de Deus enraizada na autoridade da obra perdoadora e da palavra libertadora de Jesus.
Ao longo da história da igreja, os crentes têm se deparado com esta mesma luta contra a vergonha. Agostinho, em suas “Confissões”, documenta sua própria batalha com a culpa e a vergonha de seu passado pecaminoso, encontrando libertação apenas quando abraçou completamente o perdão de Cristo.
Essa é a maneira pela qual cada um de nós deve lutar contra os efeitos de uma vergonha devida que ameaça demorar muito tempo e nos prejudicar. Lutamos contra a incredulidade, agarrando-nos às promessas de graça e paz futuras que vêm através do perdão de nossos atos vergonhosos.
A Promessa que Liberta
Assim como na obra “O Peregrino” de John Bunyan, quando o protagonista vê seu fardo de pecado cair diante da cruz, a mulher da narrativa bíblica experimentou a queda do fardo da vergonha diante das palavras de Jesus. As Escrituras nos fornecem âncoras poderosas para esta verdade:
- “Contigo, porém, está o perdão, para que te temam”, Salmo 130.4.
- “Buscai o SENHOR enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao SENHOR, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar”, Isaías 55.6-7.
- “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”, 1 João 1.9.
- “Dele todos os profetas dão testemunho de que, por meio de seu nome, todo aquele que nele crê recebe remissão de pecados”, Atos 10.43.
Não importa se o ato do perdão de Deus é completamente passado, ou se há um novo perdão no futuro — em ambos os casos a questão é o poder libertador do perdão de Deus para o nosso futuro — a liberdade da vergonha. O perdão é pleno de graça futura. Quando vivemos pela fé na graça futura, somos libertos dos efeitos persistentes e paralisantes da vergonha devida.
Rompendo as Correntes da Vergonha
Hoje, você pode estar carregando o peso da vergonha por erros passados, por falhas que parecem definir quem você é. Assim como a mulher no relato de Lucas, você precisa ouvir as palavras libertadoras de Jesus: “A tua fé te salvou; vai-te em paz.” O convite é para abraçar o perdão de Cristo não apenas como um evento passado, mas como uma promessa de graça para o futuro, isso significa:
- Reconhecer sua vergonha diante de Deus, sem minimizar nem maximizar seu pecado.
- Receber o perdão de Cristo como completo e suficiente.
- Rejeitar ativamente as acusações contínuas que tentam perpetuar sua vergonha.
- Reorientar sua vida para a paz que Cristo prometeu.
Lembre-se das palavras de Isaías 55.7: o Senhor “é rico em perdoar”. A abundância do perdão divino supera a profundidade da nossa vergonha. Confiar nesta verdade não é negar a realidade do pecado, mas afirmar a realidade ainda maior da graça.
Pai celestial, agradecemos porque contigo está o perdão. Ajuda-nos a lutar contra a incredulidade que nos mantém presos à vergonha, mesmo após confessarmos nossos pecados. Ensina-nos a viver a liberdade que vem ao abraçar tuas promessas de graça futura. Como a mulher que encontrou Jesus, que possamos sair hoje na paz que só teu perdão pode proporcionar. Em nome de Jesus, que carregou nossa vergonha na cruz, amém.
Somente Cristo! Pr. Reginaldo Soares.

Meu chamado para o ministério pastoral veio em 1994, sendo encaminhado ao conselho da Igreja Presbiteriana (IPB) em Queimados e em seguida ao Presbitério de Queimados (PRQM). Iniciei meus estudos no ano seguinte, concluindo-os em 1999. A ordenação para o ministério pastoral veio em 25 de junho de 2000, quando assumi pastoreio na IPB Inconfidência (2000-2003) e da IPB Austin (2002-2003). Desde de 2004 tenho servido como pastor na Igreja Presbiteriana em Engenheiro Pedreira (IPEP), onde sigo conduzido esse amado rebanho pela graça de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Sou casado há 22 anos com Alexsandra, minha querida esposa, sou pai de Lisandra e Samantha, preciosas bênçãos de Deus em nossas vidas. Me formei no Seminário Teológico Presbiteriano Ashbel Green Simonton, no Rio de Janeiro, e consegui posteriormente a validação acadêmica pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Pela bondade de nosso Senhor, seguimos compartilhando fé, amor e buscando a cada dia crescimento espiritual. Somente Cristo!