Romanos 8.18-19. “Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós. A criação aguarda, com grande expectativa, que os filhos de Deus sejam revelados.”
A humanidade se agarrou ao avanço tecnológico, na fé de que viveríamos de forma mais tranquila e simples, mas só encontrou desassossego e complexidade. Eletrônicos e eletrodomésticos que agilizam nossas vidas, mas não apazíguam a ansiedade que devora nossos corações. Em meio a tantos avanços, permanecemos terrivelmente inquietos. A resposta reside na tensão fundamental da existência cristã: vivemos entre o “já” da salvação e o “ainda não” da consumação escatológica.
Roma do primeiro século não conhecia smartphones, mas conhecia o terror. Sob Nero, cristãos foram transformados em tochas humanas para iluminar jardins pagãos. A ansiedade dos crentes romanos não era abstrata, mas visceral – alimentada pela ameaça real de confisco, tortura e morte. Contudo, Paulo não oferece escapismo, mas escatologia; não promete alívio das circunstâncias, mas perspectiva eterna sobre elas.
“As maiores coisas são feitas por aqueles que cultivam a esperança mesmo em meio ao desespero.” Dietrich Bonhoeffer.
A Universalidade do Gemido
Paulo nos ensina que toda a criação “geme” (Romanos 8.22), aguardando a redenção. Desde a Queda, uma sombra paira sobre a existência. Nossa inquietação reflete um universo que está ferido desde o evento do pecado, uma criação submetida à futilidade que anseia pela restauração final de Deus.
Cristãos vivem numa tensão fundamental: possuímos o Espírito como “primícias” (Romanos 8.23), mas ainda esperamos a “adoção, a redenção do nosso corpo”. Esta tensão gera ansiedade porque esperamos o “ainda não” agora, desejamos o céu na terra. Contudo, Deus nos chama a viver pacientemente entre a promessa e o cumprimento.
“Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós.” — Romanos 8.18
Romanos 8.28-29 apresenta o antídoto divino para a ansiedade: reconhecer que Deus está conformando-nos à imagem de Cristo através das próprias circunstâncias que nos afligem. Nossos sofrimentos não são aleatórios, mas propositais; não são sinais do abandono divino, mas ferramentas de aperfeiçoamento e santificação.
“Deus muitas vezes nos dá muito pouco daquilo que desejamos para nos dar tudo daquilo de que precisamos.” Elisabeth Elliot.
A ansiedade perde sua força quando compreendemos nossa identidade escatológica. Não somos vítimas das circunstâncias, mas filhos de Deus sendo conformados à imagem de Cristo. Nossa esperança não reside na mudança das circunstâncias, mas na certeza de que Cristo está operando através delas para nosso bem eterno e Sua glória infinita.
E agora, como viveremos?
Enfrentar a ansiedade biblicamente significa cultivar perspectiva eterna. Quando as pressões deste mundo ameaçarem subjugar-nos, devemos lembrar: somos cidadãos do céu vivendo temporariamente na terra. Cada provação é oportunidade para confiar mais profundamente em Cristo, cada aflição é ocasião para experimentar Sua suficiência. Vivamos não como órfãos desamparados, mas como herdeiros aguardando nossa herança gloriosa.
Oremos
Senhor Jesus, nossa ansiedade revela nossa humanidade, mas Tua paz revela Tua divindade. Ajuda-nos a encontrar descanso não na ausência de provações, mas na Tua presença em meio a elas. Quando gemermos com a criação, lembra-nos de que Tu estás preparando um novo céu e nova terra onde não haverá mais dor, nem pranto, nem ansiedade. Até lá, conforma-nos à Tua imagem. Amém.
Perguntas para Reflexão
- Como a compreensão da tensão “já/ainda não” do Reino pode transformar sua perspectiva sobre a ansiedade?
- De que maneiras específicas Deus tem usado suas aflições para conformá-lo à imagem de Cristo?
- Como você pode cultivar esperança escatológica em meio às pressões contemporâneas?
Somente Cristo! Pr. Reginaldo Soares.
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Meu chamado para o ministério pastoral veio em 1994, sendo encaminhado ao conselho da Igreja Presbiteriana (IPB) em Queimados e em seguida ao Presbitério de Queimados (PRQM). Iniciei meus estudos no ano seguinte, concluindo-os em 1999. A ordenação para o ministério pastoral veio em 25 de junho de 2000, quando assumi pastoreio na IPB Inconfidência (2000-2003) e da IPB Austin (2002-2003). Desde de 2004 tenho servido como pastor na Igreja Presbiteriana em Engenheiro Pedreira (IPEP), onde sigo conduzido esse amado rebanho pela graça de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Sou casado há 22 anos com Alexsandra, minha querida esposa, sou pai de Lisandra e Samantha, preciosas bênçãos de Deus em nossas vidas. Me formei no Seminário Teológico Presbiteriano Ashbel Green Simonton, no Rio de Janeiro, e consegui posteriormente a validação acadêmica pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Pela bondade de nosso Senhor, seguimos compartilhando fé, amor e buscando a cada dia crescimento espiritual. Somente Cristo!