“A santidade do Evangelho acima das ideologias partidárias.”
Quando o Poder Corrompe a Mensagem
Em julho de 2019, uma reportagem da revista The Atlantic revelou um fenômeno perturbador no cenário político americano. Líderes evangélicos, historicamente conhecidos por defender valores morais rigorosos, haviam se tornado defensores ferrenhos de políticos cujo comportamento contradisse flagrantemente os princípios bíblicos que eles próprios pregavam. A matéria documentou como pastores influentes silenciaram diante de escândalos, justificaram mentiras e minimizaram condutas moralmente questionáveis, tudo em nome da lealdade partidária.
Este fenômeno não se limita aos Estados Unidos. No Brasil, testemunhamos dinâmicas similares, onde cristãos evangélicos se dividem entre polarizações políticas, muitas vezes comprometendo o testemunho do evangelho em nome de alianças partidárias. A questão fundamental que emerge é profundamente teológica: como o cristão deve se relacionar com a política sem comprometer a integridade da mensagem que proclama?
Portanto, a relação entre o cristão e a política demanda uma reflexão cuidadosa sobre fidelidade, testemunho e santidade. Não se trata de um chamado ao isolamento político, mas sim de um convite à sabedoria bíblica que preserve a pureza do evangelho enquanto atua na esfera pública. Assim como Paulo enfrentou o dilema da associação aparente com práticas questionáveis em Atos 16, nós também devemos navegar as complexidades políticas contemporâneas com discernimento espiritual e integridade cristã.
O Perigo das Alianças Acríticas na Política
A história da igreja nos ensina que toda vez que o cristianismo se alia incondicionalmente ao poder político, o evangelho sofre distorção. Além disso, os cristãos enfrentam hoje um desafio particularmente complexo: como praticar a cobeligerância1 sem comprometer o testemunho cristão.
A Necessidade da Cobeligerância Cristã
O conceito de cobeligerância, desenvolvido pelo teólogo Francis Schaeffer, reconhece que cristãos podem e devem colaborar com não-cristãos em causas específicas onde há convergência de valores. No entanto, essa cooperação exige clareza absoluta sobre as diferenças fundamentais de cosmovisão.
“A cobeligerância é essencial no mundo moderno, mas nunca deve obscurecer as diferenças básicas entre a visão de mundo cristã e outras filosofias. Devemos trabalhar juntos onde podemos, mas sempre mantendo nossa identidade distinta e nossas convicções inalteradas.” Francis A. Schaeffer, Como Viveremos?: A ascensão e o declínio do pensamento e da cultura ocidentais, Crossway Books, 2005, 288 páginas.
Schaeffer compreendeu que a participação cristã na esfera pública não pode ser ingênua nem isolacionista. Contudo, ele alertou constantemente sobre os perigos da síntese cultural, onde o cristianismo perde sua capacidade profética ao se tornar apenas mais uma voz no coro político. A cobeligerância verdadeira mantém a tensão criativa entre engajamento e distinção, cooperação e crítica.
Dessa forma, quando cristãos se aliam a políticos ou partidos em questões específicas, devem sempre articular publicamente suas divergências fundamentais. Esta transparência não apenas protege a integridade do testemunho cristão, mas também oferece à sociedade uma perspectiva mais detalhada sobre nossa fé e posicionamento político.
O Contexto Brasileiro e as Polarizações Contemporâneas
O Brasil vive uma era de polarização política sem precedentes, onde o debate público se caracteriza pela demonização do oponente e pela lealdade incondicional a um partido ou político. Nesse ambiente, a tentação cristã é escolher um lado e defendê-lo a qualquer custo, irônica e lamentávelmente não encontramos a mesma inntensidade na defesa do Evangelho e do nome de Nosso Salvador Jesus Cristo.
No entanto, tal postura contraria fundamentalmente a natureza profética do cristianismo. O cristão que se torna incondicionalmente bolsonarista abdica do direito de criticar o armamentismo desmedido, a grosseria no trato público, o negacionismo científico e qualquer apologia à tortura. Similarmente, o cristão que abraça incondicionalmente o petismo perde a capacidade moral de denunciar a corrupção sistêmica, a estranha proximidade e por vezes defesa de pessoas e organizações ligadas ao tráfico, os escândalos bilionários e as políticas que perpetuam dependência ao invés de promover emancipação.
Além disso, ambas as posturas revelam uma compreensão equivocada da natureza do Reino de Deus. O cristianismo bíblico não pode ser domesticado por nenhuma ideologia política, seja de direita ou esquerda, porque sua lealdade fundamental transcende todas as categorias políticas humanas. A única defesa incondicional do cristão é o Evangelho, a palavra de Deus e o nome de Jesus.
A Ética Cristã Diante das Contradições Políticas
Além do Assistencialismo: O Imperativo da Emancipação
Uma das questões mais complexas na interface entre cristianismo e política diz respeito ao papel do Estado na promoção da justiça social. Se por um lado, o evangelho claramente nos chama a cuidar dos pobres e marginalizados, por outro, a natureza dessa assistência deve refletir princípios bíblicos de dignidade humana e desenvolvimento integral.
O assistencialismo, embora necessário em situações emergenciais, torna-se problemático quando se constitui como política permanente. O evangelho fala de emancipação, a libertação integral do ser humano que inclui não apenas alívio imediato do sofrimento, mas também capacitação para uma vida produtiva e digna.
“O verdadeiro amor cristão não se contenta em aliviar sintomas; ele busca tratar as causas. Quando alimentamos o faminto, devemos também perguntar por que ele tem fome. Quando abrigamos o sem-teto, devemos questionar as estruturas que produzem a falta de moradia.” Gustavo Gutiérrez, Teologia da Libertação, Editora Vozes, 1975, 368 páginas.
Gutiérrez articula um princípio importante: a caridade cristã autêntica não se limita ao cuidado individual, mas questiona as estruturas sistêmicas que perpetuam a injustiça. Esta perspectiva encontra eco na tradição reformada, particularmente no pensamento de Abraham Kuyper sobre a soberania das esferas e a responsabilidade cristã na transformação social.
Consequentemente, o cristão deve questionar políticas que criam dependência permanente do Estado. Quando uma cidade inteira depende exclusivamente do Bolsa Família, de pagamentos de pensão ou do funcionalismo público, algo fundamental está errado. O jovem que superou a miséria, aprendeu a ler e conquistou formação superior deve encontrar oportunidades para exercer sua vocação e contribuir para o desenvolvimento de sua comunidade.
A Crítica Profética aos Extremos Políticos
A tradição profética bíblica oferece um modelo para o engajamento cristão na política: falar a verdade ao poder, independentemente de quem esteja no poder. Os profetas do Antigo Testamento criticaram tanto reis israelitas quanto estrangeiros, denunciando injustiça onde quer que ela se manifestasse.
Dessa maneira, cristãos que apoiam políticos de direita devem denunciar publicamente quando estes promovem políticas que contradizem valores cristãos. Isso inclui a glorificação da violência, o desprezo pelos pobres, o negacionismo científico irresponsável e qualquer forma de crueldade ou desumanização do oponente político.
Simultaneamente, cristãos que se identificam com partidos de esquerda devem manter igual rigor moral ao avaliar corrupção, incompetência administrativa e políticas que produzem dependência ao invés de capacitação.
O Exemplo Paulino: Santidade Acima da Conveniência
A Lição de Atos 16: Rejeitando Associações Comprometedoras
A narrativa de Atos 16:16-18 oferece uma ilustração poderosa para a questão da associação política cristã. O apóstolo Paulo encontra uma mulher possessa por espírito de adivinhação que o seguia, gritando verdades sobre seu ministério: “Estes homens são servos do Deus Altíssimo e anunciam a vocês o caminho da salvação.”
Objetivamente, ela dizia a verdade. No entanto, Paulo, “profundamente indignado”, expulsou o espírito maligno. Por quê? Porque reconheceu que sua associação aparente com práticas ocultistas enviaria uma mensagem distorcida sobre a natureza do cristianismo.
“Paulo compreendeu que a verdade proclamada no contexto errado pode se tornar mentira. A associação com aquela mulher, mesmo que ela falasse verdades sobre o evangelho, sugeriria que o cristianismo tolerava o sincretismo religioso.” F. F. Bruce, The Acts of the Apostles: The Greek Text with Introduction and Commentary, Wm. B. Eerdmans Publishing, 1990, 541 páginas.
Bruce observa que a decisão de Paulo não foi baseada na falsidade da proclamação, mas na clareza da mensagem. A integridade do testemunho cristão exige não apenas que proclamemos a verdade, mas que o façamos de maneira que não comprometa a compreensão adequada dessa verdade.
Aplicando este princípio ao contexto político contemporâneo, cristãos devem avaliar não apenas se uma posição política específica está correta, mas se sua associação com determinados políticos ou partidos comunica adequadamente os valores do Reino de Deus.
Timothy Keller e o Desafio do Sistema Bipartidário
Evitando a Captura Ideológica
O pastor e teólogo Timothy Keller ofereceu insights valiosos sobre o relacionamento entre cristianismo e política em contextos polarizados. Sua experiência em Nova York, ministrando em um ambiente de extrema diversidade política, forneceu perspectivas únicas sobre como manter fidelidade bíblica sem alienação desnecessária.
“Em um sistema bipartidário, o cristão não pode fechar questão com nenhum partido. Se o fizer, permitirá que uma plataforma política específica determine sua agenda moral ao invés de permitir que o evangelho forme sua consciência.” Timothy Keller, How to Reach the West Again: Six Essential Elements of a Missionary Encounter, Redeemer City to City, 2020, 176 páginas.
Keller argumenta que tanto republicanos cristãos quanto democratas cristãos nos Estados Unidos enfrentam tensões similares. Os primeiros podem se identificar com certas posições morais de seu partido, mas devem criticar sua insensibilidade social. Os segundos podem apoiar políticas de combate à desigualdade, mas não podem aceitar passivamente toda a agenda moral progressista.
Esta análise se aplica diretamente ao contexto brasileiro. Cristãos conservadores podem valorizar aspectos da agenda moral tradicional, mas devem questionar políticas que ignoram justiça social. Cristãos progressistas podem apoiar programas sociais, mas não podem silenciar diante de questões morais fundamentais.
A Liberdade Cristã Diante do Poder
A essência da crítica de Tim Kelles reside na compreensão de que o evangelho deve formar a consciência cristã, não ser formado por ela. Quando permitimos que lealdades políticas determinem nossa interpretação das Escrituras, invertemos a ordem adequada da autoridade.
Além disso, esta liberdade cristã não é licenciosidade política, mas responsabilidade profética. Significa que o cristão deve estar disposto a ser incompreendido tanto pela direita quanto pela esquerda, tanto pelos conservadores quanto pelos progressistas, porque sua lealdade fundamental transcende essas categorias.
Consequentemente, a fidelidade cristã autêntica produzirá inevitavelmente tensão política. Cristãos fiéis incomodarão conservadores quando defendem justiça social e incomodarão progressistas quando mantêm convicções morais tradicionais. Esta tensão é saudável e necessária.
A Igreja como Custódia do Evangelho
A Responsabilidade Única da Comunidade de Fé
A conclusão inevitável desta reflexão é que o evangelho não pertence a nenhum partido político, movimento ideológico ou sistema governamental. Ele está sob a custódia única da igreja de Jesus Cristo. Esta custódia não é propriedade, mas mordomia — uma responsabilidade sagrada de preservar, proclamar e aplicar a mensagem do Reino.
Historicamente, sempre que a igreja permitiu que poderes políticos definissem sua agenda, o evangelho sofreu distorção. A igreja medieval corrompeu-se através de alianças com o poder imperial. Setores do protestantismo alemão comprometeram-se com o nazismo. A teologia da libertação, em suas versões mais radicais, subordinou o evangelho a ideologias marxistas. O evangelicalismo americano contemporâneo enfrenta acusações similares de compromisso ideológico.
“A igreja que perde sua capacidade profética torna-se irrelevante para o Reino de Deus, mesmo que permaneça influente nos reinos deste mundo.” Jacques Ellul, The Political Illusion, Vintage Books, 1967, 256 páginas.
O Reino de Cristo Acima dos Reinos Terrenos
A afirmação de que nosso compromisso não é com direita nem esquerda, mas com o Reino de Cristo, não representa escapismo político, mas realismo teológico. O Reino de Deus possui uma agenda própria que frequentemente confronta tanto ideologias conservadoras quanto progressistas.
O Reino valoriza tanto a vida do bebê no ventre materno quanto a dignidade do imigrante. Defende tanto a santidade do casamento quanto a proteção do órfão e da viúva. Promove tanto responsabilidade pessoal quanto justiça estrutural. Esta agenda integrada não se encaixa perfeitamente em nenhuma plataforma política humana.
Por isso, cristãos maduros desenvolverão posições políticas que refletem a complexidade do Reino, não a simplicidade das ideologias partidárias. Isso exigirá coragem para ser incompreendido, sabedoria para comunicar nuances e humildade para reconhecer que NENHUMA POSIÇÃO POLÍTICA ENCARNA A VONTADE DE DEUS.
Aplicações Práticas para o Cristão Contemporâneo
Desenvolvendo Discernimento Político
O primeiro passo para um engajamento político maduro é desenvolver discernimento bíblico que transcenda lealdades partidárias. Isso significa submeter todas as posições políticas ao crivo das Escrituras, não o contrário.
Cristãos devem se perguntar: Esta política promove justiça? Protege os vulneráveis? Encoraja responsabilidade pessoal? Fortalece instituições sociais fundamentais como família e comunidade? Promove reconciliação ou divisão? Estas perguntas bíblicas devem determinar posições políticas, não conveniências partidárias.
Ademais, o discernimento cristão reconhece que questões políticas complexas raramente admitem soluções simples. Problemas como guerra, pobreza, criminalidade, educação e saúde pública exigem análise cuidadosa que considere múltiplas variáveis, não apenas frases ideológicas prontas.
Mantendo o Testemunho em Meio à Polarização
Em um ambiente politicamente polarizado, cristãos enfrentam pressão constante para se alinhar com tribos políticas. No entanto, nosso testemunho público exige que transcendamos essa pressão através de posições que reflitam valores bíblicos consistentes.
Isso pode significar apoiar candidatos específicos em determinadas eleições enquanto se mantém crítica pública às suas falhas. Pode significar colaborar com organizações seculares em causas específicas enquanto se articula claramente divergências fundamentais de cosmovisão.
Crucialmente, significa recusar-se a permitir que identidade política defina identidade cristã. Somos cristãos que têm posições políticas, não políticos que usam o cristianismo como ferramenta.
Conclusão: A Santidade do Evangelho em Tempos Sombrios
Vivemos tempos em que a tentação de comprometer o evangelho por ganhos políticos temporários nunca foi maior. A polarização crescente em nossas sociedades pressiona cristãos a escolher lados em batalhas culturais que frequentemente obscurecem questões mais fundamentais sobre justiça emisericórdia.
No entanto, precisamente nesses momentos, a igreja deve demonstrar um caminho diferente, não o meio-termo morno que evita posições difíceis, mas a sabedoria cristã que aplica princípios bíblicos consistentes independentemente das consequências políticas.
O exemplo de Paulo em Atos 16 permanece relevante: às vezes, a fidelidade ao evangelho exige que rejeitemos associações que, embora vantajosas no curto prazo, comunicam mensagens distorcidas sobre a natureza do cristianismo.
Nossa geração de cristãos será lembrada não pelos políticos que apoiamos, mas pela fidelidade com que preservamos e proclamamos o evangelho. Que Deus nos conceda sabedoria para ser sal e luz em nossas sociedades sem perder nosso sabor distintivo ou esconder nossa luz sob ideológias humanas.
Portanto, que nossa postura política seja marcada pela crítica profética, pela compaixão genuína e, acima de tudo, pela fidelidade inabalável ao Reino de Cristo. Pois é esse Reino, não os reinos temporários deste mundo, que oferece esperança verdadeira para a humanidade.
O evangelho permanecerá sob a custódia da igreja, não de partidos políticos ou movimentos ideológicos. Que sejamos mordomos fiéis desta custódia, preservando sua pureza enquanto aplicamos sua relevância transformadora a todas as áreas da vida humana, incluindo a esfera política.
Somente Cristo! Pr. Reginaldo Soares.
Leia também:
Referências Bibliográficas
Literatura Cristã
- Bruce, F. F. The Acts of the Apostles: The Greek Text with Introduction and Commentary. Wm. B. Eerdmans Publishing, 1990, 541 páginas.
- Keller, Timothy. How to Reach the West Again: Six Essential Elements of a Missionary Encounter. Redeemer City to City, 2020, 176 páginas.
- Schaeffer, Francis A. How Should We Then Live?: The Rise and Decline of Western Thought and Culture. Crossway Books, 2005, 288 páginas.
Literatura História da Igreja
- Gutiérrez, Gustavo. Teologia da Libertação. Editora Vozes, 1975, 368 páginas.
Literatura Universal
- Ellul, Jacques. The Political Illusion. Vintage Books, 1967, 256 páginas.
Fontes Jornalísticas
- The Atlantic. “The Evangelical Reckoning on Trump.” Julho de 2019.
Links externos sugeridos:
- Centro de Estudos Kuyper – Recursos sobre Política e Fé Cristã
- Ligonier Ministries – Artigos sobre Igreja e Estado
- No contexto teológico, cobeligerância é a cooperação temporária e pontual entre cristãos e não cristãos (ou entre grupos cristãos com divergências significativas) em causas específicas de interesse comum — como defesa da vida, justiça social ou liberdade religiosa — sem implicar união doutrinária ou comprometimento com a visão de mundo do outro. ↩︎

Meu chamado para o ministério pastoral veio em 1994, sendo encaminhado ao conselho da Igreja Presbiteriana (IPB) em Queimados e em seguida ao Presbitério de Queimados (PRQM). Iniciei meus estudos no ano seguinte, concluindo-os em 1999. A ordenação para o ministério pastoral veio em 25 de junho de 2000, quando assumi pastoreio na IPB Inconfidência (2000-2003) e da IPB Austin (2002-2003). Desde de 2004 tenho servido como pastor na Igreja Presbiteriana em Engenheiro Pedreira (IPEP), onde sigo conduzido esse amado rebanho pela graça de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Sou casado há 22 anos com Alexsandra, minha querida esposa, sou pai de Lisandra e Samantha, preciosas bênçãos de Deus em nossas vidas. Me formei no Seminário Teológico Presbiteriano Ashbel Green Simonton, no Rio de Janeiro, e consegui posteriormente a validação acadêmica pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Pela bondade de nosso Senhor, seguimos compartilhando fé, amor e buscando a cada dia crescimento espiritual. Somente Cristo!