CULTIVANDO A MENTE DE CRISTO.
“Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas.” Filipenses 4.8.
“A mente renovada, iluminada pela graça, tem a verdade como seu alimento e Cristo como seu sol. Quando os pensamentos do homem se alinham com os pensamentos de Deus, sua vida se torna uma expressão harmoniosa da vontade divina, refletindo a beleza da santidade em cada atitude interior e exterior.”
Herman Bavinck, Dogmática Reformada, vol. 1, p. 290.
Em 1837, o poeta e ensaísta Ralph Waldo Emerson escreveu: “Um homem é o que ele pensa durante o dia todo.” Esta observação, embora secular, ecoa uma verdade espiritual profunda que o apóstolo Paulo já havia articulado séculos antes. De muitas formas, somos o que pensamos. Nossa mente não é apenas um repositório de ideias, mas a raiz de nossas ações e o solo fértil onde nossas afeições são despertadas. Os pensamentos que cultivamos hoje determinam a pessoa que nos tornaremos amanhã. É por isso que Paulo, escrevendo aos filipenses, enfatiza de forma tão contundente a importância de direcionarmos nossa atenção mental para o que é verdadeiro, nobre, correto, puro, amável e de boa fama.
O desafio de Paulo aos crentes em Filipos não era simplesmente uma sugestão para pensamentos positivos em meio às dificuldades, mas um imperativo espiritual fundamental. É absolutamente imperativo que pensemos sobre as coisas certas e aprendamos a pensar da forma correta. Em outras palavras, precisamos aprender a pensar de forma cristã.
Mas o que significa exatamente pensar de forma cristã? Algumas pessoas equivocadamente acreditam que pensar de forma cristã é ter uma mente que apenas contempla tópicos explicitamente cristãos, fechando-se a qualquer outra noção. Esta interpretação estreita, contudo, não se encaixa na descrição de pensamento cristão que encontramos na Escritura.
Na verdade, a Bíblia ensina que devemos pensar sobre tudo, mas que precisamos aprender a fazer isso a partir de uma perspectiva bíblica. Paulo nos instrui a “levar cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (2 Coríntios 10.5), o que sugere não uma restrição dos assuntos sobre os quais podemos pensar, mas uma transformação na maneira como pensamos sobre todos os assuntos. Devemos considerar a música, engenharia, medicina, arte, justiça, liberdade e o amor — toda a gama da existência humana — através da lente das verdades reveladas da Palavra de Deus.
O apóstolo Paulo entendeu isso profundamente, e por isso nos deu em Filipenses 4.8 uma lista de qualidades com as quais devemos construir a estrutura do nosso pensamento. Como seguidores de Cristo, nossos pensamentos devem ser direcionados e governados por qualidades como a verdade, justiça e pureza. Este é um filtro divino através do qual devemos processar cada pensamento que entra em nossa mente.
Observe que Paulo não apenas lista virtudes genéricas, mas vai além e diz que devemos pensar sobre aquelas coisas nas quais há “algo de excelente”. A palavra que ele usa para “excelente” é a palavra grega areté, a palavra mais abrangente na língua grega para “virtude”. Em outras palavras, Paulo nos dá uma norma pela qual podemos julgar nossos padrões mentais regularmente. Podemos olhar para a Palavra de Deus e perguntar: “Aquilo sobre o qual estou escolhendo pensar e a forma como estou escolhendo pensar sobre isso estão alinhados com a excelência moral? Estão alinhados com a aprovação de Deus?”
Quão desafiador isso é para nossa cultura contemporânea, onde somos bombardeados constantemente com conteúdos que glorificam o que é falso, deplorável, injusto, impuro, detestável e de má reputação! Em um mundo onde a mediocridade moral é celebrada, Paulo nos chama para a excelência de pensamento.
É importante reconhecer que essa transformação da mente não acontecerá em um vácuo ou sem muito esforço intencional. Se esperamos cultivar um padrão de pensamento cristão, precisamos meditar na Palavra de Deus dia e noite (Josué 1.8). A renovação da mente é um processo contínuo e laborioso, não um evento único. Conforme continuamente nos esforçamos para sermos transformados pela renovação da nossa mente (Romanos 12.2), não apenas iremos glorificar a Deus, mas seremos também fortalecidos pela nossa capacidade de lutar pelo Evangelho em nossas conversas e em toda a nossa vida.
“A santidade começa na mente, pois é ali que a fé opera, que a verdade é compreendida e que os afetos são moldados. Onde não há transformação mental, não haverá vida santa. Toda reforma prática começa por uma reforma no pensamento.”
Joel Beeke & Mark Jones, Teologia Puritana, p. 894.
Jonathan Edwards, o grande teólogo americano do século XVIII, observou que “a principal ocupação de toda vida de um cristão deve ser procurar um conhecimento mais extenso e perfeito de Deus.” Este conhecimento começa na mente, com os pensamentos que escolhemos cultivar. A batalha pela santidade é, antes de tudo, uma batalha pela mente.
A transformação da mente não é apenas um exercício intelectual; ela tem profundas implicações práticas. Nossos pensamentos moldam nossas emoções, que por sua vez influenciam nossas ações. Quando preenchemos nossa mente com o que é verdadeiro, nobre, justo, puro, amável e de boa fama, criamos um habitat interior onde o Espírito de Deus pode trabalhar para nos conformar à imagem de Cristo.
“A disciplina dos pensamentos é um dos maiores deveres do crente. Aqueles que negligenciam esse campo acabam permitindo que sua mente seja moldada pelo mundo. A verdadeira espiritualidade exige que todo pensamento seja trazido cativo à obediência de Cristo, não como um ato isolado, mas como um hábito contínuo de submissão ao Senhorio de Jesus.”
J. Rodman Williams, Teologia Sistemática Pentecostal, vol. 2, p. 334.
A exortação de Paulo nos convida a um autoexame sincero e a uma disciplina mental deliberada. Então, conforme você pensa sobre seus pensamentos hoje, aqui estão três perguntas cruciais para fazer ao buscar aplicar esse versículo em sua vida:
Existe qualquer coisa sobre a qual eu deva pensar mais? Talvez você precise dedicar mais tempo mental à meditação nas Escrituras, à oração reflexiva, ou à contemplação das virtudes cristãs que deseja desenvolver.
Existe qualquer coisa sobre a qual eu deva pensar menos — ou nem sequer pensar nada? Identifique padrões de pensamento negativos, preocupações excessivas, ou conteúdos mentais que não passariam pelo filtro de Filipenses 4.8. Comprometa-se a reduzir ou eliminar esses pensamentos.
Existe qualquer coisa sobre a qual eu deva pensar de outra maneira? Reconheça áreas onde seus pensamentos precisam ser reorientados para alinhar-se com a perspectiva bíblica. Talvez você precise ver circunstâncias difíceis à luz da soberania de Deus, ou considerar as pessoas difíceis através da lente do amor de Cristo.
Desenvolva o hábito de “auditar” seus pensamentos regularmente à luz de Filipenses 4.8. Faça destas virtudes – verdade, nobreza, justiça, pureza, amabilidade e boa reputação – os filtros pelos quais você avalia o que permite entrar e permanecer em sua mente.
Lembre-se: a batalha pela santidade começa na mente. O que você pensa hoje determinará quem você será amanhã.
Pai Celestial, reconheço que minha mente é frequentemente um campo de batalha onde valores contrários à Tua vontade competem por minha atenção. Agradeço-Te pela exortação clara em Tua Palavra sobre o que deve ocupar meus pensamentos. Perdoa-me pelas vezes em que permiti que minha mente se detivesse no que não Te agrada. Pelo poder do Teu Espírito Santo, ajuda-me a disciplinar meus pensamentos, a fixá-los no que é verdadeiro, nobre, justo, puro, amável e de boa fama. Que eu possa ser transformado pela renovação da minha mente, refletindo cada vez mais o caráter de Cristo em cada pensamento. Que os meus pensamentos sejam aceitáveis à Tua vista, ó Senhor, minha Rocha e meu Redentor. Em nome de Jesus, amém.
Somente Cristo! Pr. Reginaldo Soares.

Meu chamado para o ministério pastoral veio em 1994, sendo encaminhado ao conselho da Igreja Presbiteriana (IPB) em Queimados e em seguida ao Presbitério de Queimados (PRQM). Iniciei meus estudos no ano seguinte, concluindo-os em 1999. A ordenação para o ministério pastoral veio em 25 de junho de 2000, quando assumi pastoreio na IPB Inconfidência (2000-2003) e da IPB Austin (2002-2003). Desde de 2004 tenho servido como pastor na Igreja Presbiteriana em Engenheiro Pedreira (IPEP), onde sigo conduzido esse amado rebanho pela graça de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Sou casado há 22 anos com Alexsandra, minha querida esposa, sou pai de Lisandra e Samantha, preciosas bênçãos de Deus em nossas vidas. Me formei no Seminário Teológico Presbiteriano Ashbel Green Simonton, no Rio de Janeiro, e consegui posteriormente a validação acadêmica pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Pela bondade de nosso Senhor, seguimos compartilhando fé, amor e buscando a cada dia crescimento espiritual. Somente Cristo!
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