“Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo irá preservá-la para a vida eterna.” João 12:25.
Vivendo com o Olhar Fixo nas Realidades Celestiais
As palavras de Jesus em João 12:25 apresentam um dos maiores paradoxos do evangelho: para realmente vivermos, precisamos estar dispostos a “perder” nossa vida. Esta afirmação, à primeira vista desconcertante, contém uma profunda verdade espiritual sobre onde devemos fixar nosso olhar e como isso determina nosso destino eterno.
No contexto original, Jesus estava prestes a enfrentar a cruz, demonstrando o exemplo máximo de alguém que “odiou” sua vida terrena para cumprir um propósito maior. Ele não estava ensinando um desprezo literal pela existência humana, mas sim estabelecendo uma questão de prioridades e perspectiva.
“Essa expressão é utilizada de modo comparativo, pois devemos desprezar a vida na medida em que nos impede de viver para Deus, pois, se o meditar na vida celestial fosse o sentimento predominante em nosso coração, o mundo não teria influência para nos deter.” João Calvino, As Institutas da Religião Cristã, Livro IV, Capítulo IX, Seção 3.
Esta interpretação alinha-se perfeitamente com a analogia da fé e encontra eco em outras passagens como Mateus 6:33, onde Jesus nos exorta a “buscar primeiro o Reino de Deus” e sua justiça.
O olhar para o céu não é um chamado ao misticismo desconectado da realidade, mas uma reorientação de valores. Quando vivemos obsessivamente focados nas preocupações, conquistas e prazeres terrenos, paradoxalmente perdemos tanto a vida presente quanto a futura. Tornamo-nos como o homem rico da parábola, Lucas 12:16-21, que acumulou tesouros terrenos mas era “pobre para com Deus”.
Esta perspectiva celestial transforma nossa relação com tudo: dinheiro, relacionamentos, trabalho e até sofrimento. O apóstolo Paulo, com seu olhar fixo no céu, pôde declarar:
“Nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação” 2 Coríntios 4:17.
No mundo atual, somos constantemente bombardeados por mensagens que nos convidam a viver apenas para o aqui e agora. As redes sociais, a publicidade e a cultura do consumo promovem incessantemente uma visão focada apenas nessa vida. O chamado para olhar para o céu vai contra essa corrente predominante.
Como John Piper observa profundamente:
“O maior inimigo do apetite por Deus é o excesso de apetite por praticamente qualquer outra coisa.” John Piper, Deus é o Evangelho: Meditações Sobre a Pessoa e a Obra de Deus, p. 57.
Olhar para o céu não significa, contudo, negligência com as responsabilidades terrenas. Pelo contrário, essa perspectiva eterna dá significado e propósito até às tarefas mais comuns do cotidiano. A mãe que cuida dos filhos, o trabalhador que exerce sua profissão com integridade, o estudante dedicado aos estudos – todos podem fazê-lo “como para o Senhor”, Colossenses 3:23-24, quando seu olhar está fixo nas realidades celestiais.
Reorientando Nossa Visão
Como podemos desenvolver essa perspectiva que olha para o céu? Comece com uma avaliação honesta de suas prioridades. Pergunte-se: “Onde estou investindo mais tempo, energia e emoções? Em coisas temporárias ou eternas?”
Estabeleça um tempo diário para meditar nas promessas de Deus sobre a vida eterna, aprenda a visualizar as realidades celestiais que nos aguardam. Pratique a gratidão pelos vislumbres do céu que Deus nos dá nesta vida: momentos de adoração profunda, comunhão genuína, beleza natural ou alegria inesperada são todos prenúncios da glória vindoura. Investa em coisas eternas: relacionamentos, discipulado, adote um estilo de vida de serviço a quem necessita e proclame o evangelho. Quando vivemos com o olhar fixo no céu, nossas ações na terra ganham significado eterno.
Pai Celestial, reoriente nosso olhar para as realidades eternas. Quando formos tentados a viver apenas para o aqui e agora, lembra-nos do peso de glória que nos aguarda. Ajuda-nos a “odiar” corretamente esta vida, valorizando-a como dádiva, mas mantendo-a subordinada à vida eterna contigo. Em nome de Jesus, amém.

Meu chamado para o ministério pastoral veio em 1994, sendo encaminhado ao conselho da Igreja Presbiteriana (IPB) em Queimados e em seguida ao Presbitério de Queimados (PRQM). Iniciei meus estudos no ano seguinte, concluindo-os em 1999. A ordenação para o ministério pastoral veio em 25 de junho de 2000, quando assumi pastoreio na IPB Inconfidência (2000-2003) e da IPB Austin (2002-2003). Desde de 2004 tenho servido como pastor na Igreja Presbiteriana em Engenheiro Pedreira (IPEP), onde sigo conduzido esse amado rebanho pela graça de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Sou casado há 22 anos com Alexsandra, minha querida esposa, sou pai de Lisandra e Samantha, preciosas bênçãos de Deus em nossas vidas. Me formei no Seminário Teológico Presbiteriano Ashbel Green Simonton, no Rio de Janeiro, e consegui posteriormente a validação acadêmica pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Pela bondade de nosso Senhor, seguimos compartilhando fé, amor e buscando a cada dia crescimento espiritual. Somente Cristo!