SABEDORIA PARA A ERA DIGITAL
“As redes sociais como espelhos que expõe nossos pecados.”
“O que foi é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará a fazer; não há nada de novo debaixo do sol.” Eclesiastes 1:9.
Certamente os pecados na rede são um fato recente da nossa história! Nunca antes as tentações foram tão sofisticadas, tão personalizadas, tão… algorítmicas. E, no entanto, quando Orson Welles transmitiu “A Guerra dos Mundos” em 1938, causando pânico nacional, fazendo a população acreditar que o mundo estava sendo invadido por marcianos. Será que ele não estava demonstrando a mesma fragilidade humana diante da informação cuidadosamente apresentada que hoje chamamos de “manipulação digital”?
O Antigo Coração em Novas Roupagens
Deus não se surpreende com nossos dilemas digitais. Os pecados na rede que nos angustiam, o consumismo desenfreado que nos faz comprar coisas que não precisamos com dinheiro que não temos, a inveja que nasce da comparação constante com vidas cuidadosamente editadas, a disseminação de mentiras que satisfaz nossa necessidade de estarmos “certos”, são velhos conhecidos da alma humana.
Tiago já havia diagnosticado essa mecânica: “Cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz” (Tiago 1:14). A cobiça não nasceu com a internet e os celulares; ela habitava já no coração de Eva quando “viu que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento” (Gênesis 3:6). A serpente não precisou de algoritmos para identificar os desejos mais profundos do coração humano, ela simplesmente conhecia a natureza caída.
Não sejamos ingênuos, os pecados na rede não são criados pelas plataformas digitais; são revelados por elas. Como Calvino observou, “o coração do homem é uma fábrica de ídolos”, e as redes sociais simplesmente providenciaram uma linha de produção mais eficiente.
A Responsabilidade que Não Podemos Terceirizar
Aqui reside uma tentação peculiarmente moderna: culpar os algoritmos pelos pecados praticados na rede como se fôssemos marionetes indefesas nas mãos de programadores. Que conveniente seria se pudéssemos dizer no Dia do Juízo: “Senhor, foi o algoritmo que me fez comprar, comparar, mentir, negligenciar minha família!” A Confissão de Fé de Westminster é clara: “Pecado é qualquer falta de conformidade com a lei de Deus, ou qualquer transgressão dela.” Os pecados permanecem pecados, independentemente de sua sofisticação tecnológica.
Quando na sua juventude, Agostinho lutava contra seus próprios desejos desordenados, não tinha Instagram para culpar, mas enfrentava a mesma batalha fundamental que nós. Ele poderia tranquilamente repetir as mesmas palavras do apóstolo Paulo: “Vejo o bem que quero fazer, mas não o faço; em vez disso, continuo fazendo o mal que não quero fazer” (Romanos 7:19). A tecnologia amplificou as tentações, mas não alterou a natureza do conflito.
A Graça Mais Poderosa que Qualquer Algoritmo
Mas é aqui que está a gloriosa interrupção do Evangelho, a história não termina em desespero! Paulo proclama com ousadia: “Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões” (Romanos 6:12). Isto não é aspiração piedosa; é declaração de possibilidade real em Cristo.
O mesmo Espírito que ressuscitou Jesus dentre os mortos habita em nós (Romanos 8:11). Pensemos nisto: o poder que quebrou as cadeias da morte é mais forte que qualquer estratégia de marketing digital! Os pecados na rede podem ser vencidos não por força de vontade ou desconexão digital, mas pela graça transformadora que opera em corações regenerados.
Nós possuímos tanto o “potencial para resistir ao pecado” (providenciado por Deus) quanto a “responsabilidade de resistir” (que é nossa). Esta distinção é crucial. Deus nos capacitou; agora devemos cooperar com Sua graça.
Vivendo Como Mordomos Digitais
Como então andaremos nesta era de pecados na rede? Primeiro, como mordomos conscienciosos do tempo que Deus nos concedeu. “Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio” (Salmo 90:12) aplica-se também aos minutos que dedicamos às telas.
Segundo, exercitando o discernimento que o Espírito nos concede. “Examinai tudo. Retende o bem” (1 Tessalonicenses 5:21) deve governar tanto nosso consumo de conteúdo digital quanto nossa participação em debates online.
Terceiro, lembrando-nos de que fomos chamados para ser “sal da terra e luz do mundo” (Mateus 5:13-14) também no ambiente virtual. Os pecados na rede não nos isentam da responsabilidade de refletir o caráter de Cristo em cada tweet, compartilhamento e comentário.
Para pais cristãos, a tarefa é ainda mais solene. “Treine uma criança no caminho que deve seguir, e quando for idosa não se desviará dele” (Provérbios 22:6). Isto inclui orientá-los através dos labirintos digitais de nossa época.
Os pecados na rede não são criaturas inéditas; são antigas serpentes com novas peles. Nossa resposta deve ser igualmente antiga: arrependimento genuíno, fé simples em Cristo, e busca constante de santificação. Não somos vítimas indefesas da era digital, mas santos chamados para viver com sabedoria em meio às complexidades de nosso tempo.
Como o hino antigo nos lembra: “Firme alicerce Deus deu à nossa fé na excelsa e santa Palavra de Deus.” Este alicerce permanece firme, mesmo quando os ventos digitais sopram com força. Que possamos usar a tecnologia como instrumentos nas mãos do Oleiro divino, sempre lembrando que “maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo” (1 João 4:4).
Pai celestial, Tu conheces cada clique, cada compra, cada comparação que fazemos no mundo digital. Perdoa-nos quando permitimos que os pecados na rede dominem nossos corações, quando culpamos as circunstâncias por nossas escolhas pecaminosas. Concede-nos sabedoria para navegar nesta era digital com integridade, domínio próprio para resistir às tentações refinadas de nosso tempo, e coragem para sermos luz em lugares virtuais muitas vezes sombrios. Que nossa presença online reflita nossa identidade como filhos e filhas do Rei. Em nome daquele que venceu o mundo, Jesus Cristo. Amém.
Somente Cristo! Pr. Reginaldo Soares.
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Meu chamado para o ministério pastoral veio em 1994, sendo encaminhado ao conselho da Igreja Presbiteriana (IPB) em Queimados e em seguida ao Presbitério de Queimados (PRQM). Iniciei meus estudos no ano seguinte, concluindo-os em 1999. A ordenação para o ministério pastoral veio em 25 de junho de 2000, quando assumi pastoreio na IPB Inconfidência (2000-2003) e da IPB Austin (2002-2003). Desde de 2004 tenho servido como pastor na Igreja Presbiteriana em Engenheiro Pedreira (IPEP), onde sigo conduzido esse amado rebanho pela graça de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Sou casado há 22 anos com Alexsandra, minha querida esposa, sou pai de Lisandra e Samantha, preciosas bênçãos de Deus em nossas vidas. Me formei no Seminário Teológico Presbiteriano Ashbel Green Simonton, no Rio de Janeiro, e consegui posteriormente a validação acadêmica pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Pela bondade de nosso Senhor, seguimos compartilhando fé, amor e buscando a cada dia crescimento espiritual. Somente Cristo!
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