A oração nos lembra da nossa condição de peregrinos e nos fortalece para a jornada, Deus não precisa de nossas orações para saber nada sobre nossas necessidades, dores ou desejos, mas através da vida de oração Ele a usa para nos transformar e nos alinhar ao seu propósito.
A urgência silenciosa da oração
“A oração é a respiração da alma.” Esta frase resume uma verdade essencial: sem oração, nossa vida espiritual enfraquece e definha. Em momentos de angústia, todos enfrentamos a realidade descrita pelo salmista:
“Laços de morte me envolveram, e angústias do inferno se apoderaram de mim; aflição e tristeza me dominaram”, Salmos 116:3.
Mas como reagimos diante das tormentas da vida? Tristeza, frustração, raiva e desesperança podem nos dominar. A oração, no entanto, é o caminho que nos conduz à presença de Deus e nos permite processar essas emoções sob a luz de sua sabedoria e graça.
Reordenando Nossos Afetos Através da Oração
Santo Agostinho compreendeu magistralmente que “viver bem depende de reordenar nossos afetos”, a oração nos ensina a reorientar nossos sentimentos diante de Deus, transformando amargura em esperança e desespero em confiança. A vida de oração funciona como um GPS espiritual, constantemente realinhando nossa trajetória de vida e fortalecendo nossa comunhão com Deus.
“Orar é perceber que estamos fazendo a jornada na companhia do Eterno, não é uma experiência solitária.”
Este realinhamento não é opcional. Sem uma vida de oração sincera, corremos o risco de nos tornarmos pessoas amargadas, com feridas emocionais que nunca cicatrizam. Vivemos em um mundo de distrações e ansiedades, cheio de pressões que podem minar nossas forças e nossa confiança em Deus. Como antigos timoneiros que guiavam seus navios observando os astros, precisamos da oração para reorientar nossa alma em meio às turbulências da vida.

“A oração é a principal forma de exercício da fé, pela qual recebemos os benefícios de Deus”. Sem uma vida de oração, corremos o risco de nos tornar espiritualmente endurecidos, arrogantes e insensíveis. Quando entendemos a prática da oração como uma necessidade que precisa ser suprida como fazemos com nossas necessidades físicas, paramos de olhar para Deus como um resolvedor de problemas que vai alterar seus planos porque estamos orando e o vemos como Ele de fato é o pai que deseja ser reconhecido por seus filhos pelo amor que Ele lhes dedica. A oração deixa de ser uma ferramenta para manipular Deus e se torna o laço que nos aproxima, nos molda e nos prende a Ele.
Veja como intercede a Deus pela igreja, sua intercessão em nada tem a ver com solução de problemas, conquistas materiais ou satisfação de interesses pessoais.
Paulo intercede pelas igrejas para serem fortalecidas espiritualmente, cresçam no conhecimento de Deus e vivam de maneira digna do Senhor. Ele ora para que os crentes sejam cheios de sabedoria, discernimento e poder espiritual, não para seus próprios interesses, mas para frutificarem em boas obras e glorifiquem a Cristo. A oração do apóstolo revela que a vida cristã não se trata de conquistas individuais, mas de um alinhamento profundo com a vontade divina. A transformação que Deus opera no coração do crente por meio da oração fortalece sua fé, molda seu caráter e o conduz à maturidade espiritual, tornando-o um reflexo da graça e do propósito de Deus no mundo.
Uma oração intercessora e não interesseira.
Quando olhamos para o testemunho de Daniel e Ana, por exemplo, percebemos que a vida de oração transcende pedidos pessoais e envolve uma profunda intercessão tanto comunitária quanto individual. Daniel, mesmo sob ameaça de morte, manteve sua disciplina de oração, intercedendo pelo povo de Israel e buscando a direção de Deus para sua nação (Dn 6:10; 9:3-19). Ana, em sua angústia, derramou sua alma diante do Senhor, não apenas clamando por um filho, mas consagrando-o para o propósito divino (1Sm 1:10-11, 27-28). Suas histórias revelam que a oração não é apenas um meio de buscar socorro para necessidades pessoais, mas um ato de aliança e entrega à vontade soberana de Deus. A oração molda o coração do intercessor, fortalece a fé da comunidade e alinha os propósitos individuais ao plano eterno do Senhor.
As minhas petições a respeito das angústias que enfrento se ramificam por minha história toda, minha trajetória com a comunidade e o propósito de Deus.
Por que orar se Deus já sabe tudo?
Esse é um questionamento que sempre ocorre em meio a caminhada de oração do cristão: “Se Deus é soberano, por que devo orar?” A resposta encontra-se na própria natureza da oração. Não oramos para informar a Deus sobre nossas necessidades, mas para alinhar nosso coração com a Sua vontade, para encontrarmos satisfação em Deus e não na realização de nossas vontades.
“Orai sem cessar.” (1 Tessalonicenses 5:17)
A graça de Deus não é algo distante ou impessoal; é um amor real, vindo de um coração que sofreu e se entregou por nós, que continua intercedendo em nosso favor. Quando oramos, nosso coração responde a esse amor com gratidão. Como já mencionado em 1 Tessalonicenses 5:10: “Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo, que morreu por nós para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos em união com ele.” nossa conversa com Jesus começa aqui e agora e continuará por toda a eternidade. Quando a Bíblia diz “Orai sem cessar”, não significa que devemos apenas aumentar o tempo que passamos em oração, pois até mesmo Saulo de Tarso, antes de se converter, orava muito, mas sem conhecer verdadeiramente a Jesus. O que esse versículo realmente ensina é que a oração deve fazer parte da nossa vida de forma natural e constante, como uma conversa contínua com Deus, tornando nossa caminhada espiritual mais rica e cheia de alegria.
R.C. Sproul explica: “A oração não muda os planos de Deus, mas nos transforma e nos conduz para dentro de Sua vontade.” Deus decreta não apenas os fins, mas também os meios, e a oração é um meio pelo qual Ele opera em nós e no mundo.
Sua Vida de Oração Como Revolução Pessoal
A oração é indispensável. Ela nos sustenta na dor, nos reorienta na caminhada e nos aproxima de Deus. Embora Deus não dependa de nossa oração, Ele nos chama a orar para nossa própria edificação. Se desejamos uma fé viva e vibrante, não podemos negligenciar a oração.
Ela não é um ritual, mas um estilo de vida que tem início na conversão e segue crescendo e se desenvolvendo até que atravessemos os portões da cidade santa. Não se trata do que Deus pode fazer por nós, mas de quem podemos nos tornar através dessa poderosa intimidade. Que possamos, como os santos do passado, fazer da oração nossa respiração espiritual.
Antão, o Grande:
“Como o peixe morre se ficar muito tempo fora da água, assim também o cristão perece se demorar fora do lugar de oração.”1
“Senhor, transforma nossa vida de oração de um simples hábito para um encontro transformador. Que cada respiro seja uma conexão profunda contigo.”
Somente Cristo! Pr. Reginaldo Soares.
- Parafraseado pelo autor. Citação original: “Como o peixe morre se ficar muito tempo fora da água, assim também o monge perece se demorar fora da cela, afastado da oração.” ↩︎

Meu chamado para o ministério pastoral veio em 1994, sendo encaminhado ao conselho da Igreja Presbiteriana (IPB) em Queimados e em seguida ao Presbitério de Queimados (PRQM). Iniciei meus estudos no ano seguinte, concluindo-os em 1999. A ordenação para o ministério pastoral veio em 25 de junho de 2000, quando assumi pastoreio na IPB Inconfidência (2000-2003) e da IPB Austin (2002-2003). Desde de 2004 tenho servido como pastor na Igreja Presbiteriana em Engenheiro Pedreira (IPEP), onde sigo conduzido esse amado rebanho pela graça de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Sou casado há 22 anos com Alexsandra, minha querida esposa, sou pai de Lisandra e Samantha, preciosas bênçãos de Deus em nossas vidas. Me formei no Seminário Teológico Presbiteriano Ashbel Green Simonton, no Rio de Janeiro, e consegui posteriormente a validação acadêmica pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Pela bondade de nosso Senhor, seguimos compartilhando fé, amor e buscando a cada dia crescimento espiritual. Somente Cristo!