DIFERENÇAS NO CASAMENTO.

As diferenças entre homens e mulheres no casamento podem fortalecer a união quando compreendidas à luz do plano divino.

DIFERENÇAS NO CASAMENTO.

Os desafios das diferenças no relacionamento conjugal se tornam oportunidades de crescimento quando vistos pela lente da graça. O amor sacrificial, modelado por Cristo, transforma as diferenças no casamento de obstáculos em bênçãos diárias.

Você já se perguntou por que homens e mulheres parecem tão diferentes em suas necessidades, expressões e expectativas dentro do casamento? Essa diversidade, longe de ser um obstáculo, é parte essencial do plano divino para nossa complementaridade. Quando Deus declarou em Gênesis 2:18 que “não é bom que o homem esteja só”, Ele não estava apenas reconhecendo uma necessidade humana por companhia, mas estabelecendo um modelo de relacionamento onde as diferenças entre homens e mulheres se complementam para formar uma união singular.

O Design Divino para Homem e Mulher

A narrativa da criação em Gênesis 1:26-28 e 2:18-24 revela claramente a intencionalidade de Deus ao criar homens e mulheres distintos, mas complementares. Esta diferenciação não foi acidental, mas proposital. Como afirma John Piper:

“Deus criou o homem e a mulher não como duplicatas, mas como complementos. Ele não fez dois seres idênticos; Ele fez dois seres que se encaixam perfeitamente, cada um suprindo o que falta no outro, cada um completando o outro de maneiras que duas pessoas do mesmo sexo nunca poderiam fazer.”

Esta citação nos ajuda a compreender que as diferenças entre homens e mulheres não são meramente culturais ou sociais, mas fazem parte do plano divino para o casamento. Piper, como representante do pensamento reformado contemporâneo, enfatiza a complementaridade como um princípio essencial no design divino. Este princípio está firmemente enraizado na doutrina da criação, onde o “Sola Scriptura – Somente a Escritura” nos orienta a valorizar a revelação divina sobre qualquer construção cultural.

Quando examinamos o contexto histórico-teológico de Gênesis, percebemos que Deus estabeleceu as diferenças como bênção, não como obstáculo. Em um mundo que frequentemente tenta minimizar ou eliminar essas diferenças, a visão reformada nos convida a celebrá-las como expressão da sabedoria divina.

As Cinco Linguagens do Amor: Expressões Diferentes da Graça Divina

Gary Chapman, em sua obra “Como mudar o que mais irrita no casamento”, identifica cinco linguagens do amor que frequentemente se manifestam de forma diferente em homens e mulheres. Esta observação psicológica moderna encontra respaldo na visão reformada sobre a diversidade humana como expressão da graça divina. Augustus Nicodemus, comenta sobre esta dimensão do casamento:

“No casamento cristão, homem e mulher são chamados a refletir aspectos diferentes da imagem de Deus. Esta diversidade não é acidental, mas essencial para cumprirmos nosso propósito como imagem do Criador. As diferentes formas como expressamos e recebemos amor são reflexos da multiformidade da graça divina.”

Analisando esta citação, percebemos como Nicodemus conecta a doutrina da “Imago Dei – Imagem de Deus” com a prática do casamento. Na tradição reformada, representada pelo Catecismo de Heidelberg, o ser humano foi criado à imagem de Deus em verdadeiro conhecimento, justiça e santidade. Estas qualidades se manifestam de maneiras diferentes, mas complementares, em homens e mulheres.

No contexto contemporâneo, esta compreensão nos ajuda a valorizar as diferenças ao invés de lutar contra elas. Quando um homem aprecia palavras de afirmação e uma mulher valoriza mais qualidade de tempo, essas diferenças não são obstáculos à intimidade, mas oportunidades para demonstrar amor de maneiras significativas para o cônjuge.

As Diferenças que Desafiam e Fortificam o Casamento

Comunicação e Conexão: Duas Abordagens Diferentes

Uma das áreas onde as diferenças se manifestam mais claramente é na comunicação. Conforme apontado no texto fonte, homens frequentemente “resumem seu dia em ‘foi tudo bem'”, enquanto mulheres “querem uma descrição nos mínimos detalhes com todas as emoções e reações possíveis”. Esta observação cotidiana encontra fundamento teológico na forma como Deus nos criou. C.S. Lewis, observa:

“O homem e a mulher foram feitos para serem diferentes. Quando juntos no matrimônio, formam não uma duplicação da vida, mas uma contrastante harmonia… Não são como violinos tocando a mesma nota, mas como instrumentos diferentes contribuindo para uma única sinfonia.”

Lewis capta poeticamente como nossas diferenças comunicacionais não são defeitos, mas características intencionais que, quando harmonizadas, criam uma “sinfonia matrimonial“. Esta metáfora musical nos ajuda a visualizar como duas vozes distintas podem criar uma harmonia mais rica do que duas vozes idênticas. A reconciliação que Cristo operou entre Deus e a humanidade serve como modelo para a reconciliação das diferenças no casamento.

Intimidade e Afeto: Expectativas Diversas

Homens e mulheres frequentemente têm expectativas diferentes quanto à intimidade. Para muitas mulheres, a conexão emocional precede a física, enquanto muitos homens buscam a conexão física como expressão primária de afeto. R.C. Sproul, escreve sobre esta dinâmica:

“No casamento, Deus estabeleceu a intimidade não apenas como reprodução, mas como um meio de graça através do qual marido e mulher experimentam uma profunda comunhão. As diferentes abordagens à intimidade entre homens e mulheres não são acidentes evolutivos, mas parte de um design inteligente que ensina paciência, consideração e abnegação.”

Sproul, fiel à tradição reformada, conecta a intimidade conjugal à doutrina da “Sola Gratia -Somente a Graça”. Esta perspectiva transforma as diferenças de expectativas em uma oportunidade para crescer em graça, considerando as necessidades do cônjuge acima das próprias.

Um estudo recente publicado no Journal of Marriage and Family (2023) confirma que casais que aprendem a respeitar e adaptar-se às diferentes expectativas de intimidade reportam maior satisfação conjugal e estabilidade a longo prazo. Esta descoberta contemporânea valida o que a teologia reformada tem afirmado há séculos: que a abnegação é central para o florescimento do casamento.

O Caminho para a Harmonia nas Diferenças

Amor Sacrificial: O Modelo de Cristo

Em João 3:16 conseguimos ver a grandeza do amor sacraficial de Deus, esse amor serve de fundamento para o casamento cristão, o modelo de entrega e de alto sacrifício que deve estar presente na caminhada de um casamento encontrará referência em Jesus Cristo. Jonathan Edwards, escreveu:

“O amor verdadeiro sempre se expressa em sacrifício. No casamento, marido e mulher são chamados a imitar o amor de Cristo, que não reteve nada, mas deu tudo. Quando um cônjuge busca o bem do outro acima do próprio, as diferenças deixam de ser obstáculos e tornam-se caminhos para expressar amor genuíno.”

O sacrifício de Cristo não é apenas um evento histórico, mas um modelo contínuo para o relacionamento cristão. No casamento contemporâneo, este princípio se aplica quando maridos e esposas escolhem deliberadamente colocar as necessidades do cônjuge acima das próprias. Quando um homem cultiva a paciência para ouvir os detalhes que importam para sua esposa, ou quando uma mulher respeita as formas diferentes como seu marido expressa afeto, ambos estão praticando o amor sacrificial modelado por Cristo.

Perdão Constante: A Prática da Graça

Em Mateus 18:21-22, Jesus está ensinando sobre perdoar, é quando Ele declara a conhecida frase: “Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete”, se existe um ambiente onde precisamos exercitar com frequência o perdão, é no casamento. Herman Bavinck, afirma:

“O perdão não é opcional no casamento cristão, mas sua própria essência. Assim como somos perdoados gratuitamente em Cristo, sem mérito próprio, somos chamados a perdoar nossos cônjuges não porque merecem, mas porque fomos primeiros perdoados. Esta graça mútua transforma o casamento de uma instituição de expectativas para uma comunidade de graça.”

O perdão não é opcional no casamento cristão, mas sua própria essência. Assim como fomos perdoados gratuitamente em Cristo, sem mérito próprio, somos chamados a perdoar nossos cônjuges, não porque merecem, mas porque fomos primeiro perdoados. Essa verdade é central na doutrina da Sola Gratia, que enfatiza que a salvação e o favor de Deus são imerecidos. Aplicada ao casamento, essa doutrina transforma a relação conjugal de uma instituição baseada em expectativas mútuas para uma comunidade de graça. Herman Bavinck ressalta que o perdão não é apenas um ato isolado, mas uma disposição constante que reflete o caráter do Evangelho:

“A graça de Deus é sempre anterior à nossa resposta. O perdão não é concedido porque merecemos, mas porque Deus, em Sua misericórdia, escolhe nos reconciliar consigo mesmo em Cristo. Essa mesma graça deve moldar nossas relações humanas, especialmente no casamento.”

No casamento o perdão torna-se tão indispensável porque nesse ambiente a proximidade inevitavelmente revela nossas imperfeições e falhas, não apenas as virtudes são percebidas intensamente, nossas falhas também. Quando um cônjuge irrita o outro por características enraizadas em sua diferença natural, seja a necessidade feminina de detalhes ou a tendência masculina à simplificação, o perdão se torna não apenas uma resposta a transgressões, mas um meio de graça que permite que as diferenças coexistam sem criar ressentimento.

Nesse sentido, perdoar no casamento não é apenas um dever moral, mas uma oportunidade de testemunhar a graça transformadora de Deus em nossa própria vida. O apóstolo Paulo instrui: “Antes, sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo” (Ef 4.32). Esse perdão diário e repetido não é uma fraqueza, mas a mais pura manifestação da força que vem de Deus. O perdão constante no casamento é uma prática da graça, um reflexo do próprio amor de Cristo por Sua Igreja. A graça nunca é separada da vida prática do crente. John Owen nos lembra que “quando experimentamos o perdão de Deus, somos chamados a refletir essa mesma misericórdia em cada aspecto de nossa vida”.

Portanto, longe de ser um fardo ou uma obrigação difícil, perdoar no casamento é um convite para viver segundo o próprio caráter de Deus. A verdadeira liberdade em um relacionamento conjugal não está na ausência de falhas, mas na disposição de cobrir essas falhas com a mesma graça que Cristo nos concedeu.

Pai Celestial, agradecemos porque em tua infinita sabedoria nos criaste diferentes. Ajuda-nos a ver nossas diferenças como instrumentos em tuas mãos para nos aproximar de ti e um do outro. Dá-nos a graça de amar sacrificialmente e perdoar continuamente, refletindo o amor de Cristo em nossos lares. Em nome de Jesus, Amém.

Somente Cristo! Pr. Reginaldo Soares.

Meu chamado para o ministério pastoral veio em 1994, sendo encaminhado ao conselho da Igreja Presbiteriana (IPB) em Queimados e em seguida ao Presbitério de Queimados (PRQM). Iniciei meus estudos no ano seguinte, concluindo-os em 1999. A ordenação para o ministério pastoral veio em 25 de junho de 2000, quando assumi pastoreio na IPB Inconfidência (2000-2003) e da IPB Austin (2002-2003). Desde de 2004 tenho servido como pastor na Igreja Presbiteriana em Engenheiro Pedreira (IPEP), onde sigo conduzido esse amado rebanho pela graça de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Sou casado há 22 anos com Alexsandra, minha querida esposa, sou pai de Lisandra e Samantha, preciosas bênçãos de Deus em nossas vidas. Me formei no Seminário Teológico Presbiteriano Ashbel Green Simonton, no Rio de Janeiro, e consegui posteriormente a validação acadêmica pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Pela bondade de nosso Senhor, seguimos compartilhando fé, amor e buscando a cada dia crescimento espiritual. Somente Cristo!

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