A VERDADEIRA AUTOESTIMA CRISTÃ.

Descubra como a autoestima cristã, fundamentada nas Escrituras, transforma relacionamentos conjugais e familiares através de uma identidade centrada em Cristo.

A VERDADEIRA AUTOESTIMA CRISTÃ.

A autoestima cristã é fundamentada na Imago Dei e na obra redentora de Cristo, não nas definições culturais de valor pessoal. Uma compreensão bíblica da autoestima cristã transforma radicalmente a dinâmica dos relacionamentos conjugais e familiares. A verdadeira autoestima cristã nos liberta da auto-obsessão para uma vida centrada em Deus e orientada para o serviço aos outros.

Você já se olhou no espelho e não gostou do que viu? Já recebeu um elogio e pensou que não o merecia? Esta experiência comum revela uma das lutas mais profundas da humanidade caída: a questão da autoestima. No entanto, para o cristão, esta não é simplesmente uma questão psicológica, mas profundamente teológica. A autoestima cristã, quando corretamente compreendida à luz das Escrituras, não se fundamenta em nossas capacidades ou aparência, mas na verdade transformadora de nossa identidade em Cristo.

A idolatria do Eu versus a Imagem de Deus

A cultura contemporânea promove incessantemente uma visão da autoestima baseada na autossuficiência e na auto-admiração. Esta perspectiva, no entanto, contrasta drasticamente com a compreensão bíblica e reformada da natureza humana e do valor individual. John Piper, observa:

“A maior ameaça ao nosso gozo de Deus não é que tenhamos pouca estima por nós mesmos, mas que tenhamos tão pouca estima por Ele. Nosso problema fundamental não é a autorrejeição, mas a rejeição de Deus como nossa fonte suprema de satisfação.”

Nossa cultura promove uma autoestima baseada no eu, enquanto a Escritura nos chama para uma identidade fundamentada em Deus. A tradição reformada, com sua ênfase em “Soli Deo Gloria – Somente a Glória de Deus”, nos ensina que o valor humano não deriva da autonomia, mas de sermos criados à imagem de Deus, Gênesis 1:27: “Assim Deus criou o ser humano à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou“.

Abraham Kuyper, teólogo reformado e estadista holandês, afirmou: “Não há um único centímetro quadrado em todo o domínio de nossa existência humana sobre o qual Cristo, que é soberano sobre tudo, não clame: ‘É meu!'” Esta declaração revolucionária nos ajuda a compreender que nossa identidade e valor são derivados não de nossas conquistas ou percepções, mas de nossa relação com o Criador.

A baixa autoestima, caracterizada por insegurança, autocrítica excessiva e busca constante por aprovação alheia, frequentemente resulta de uma teologia distorcida—uma falha em compreender o verdadeiro valor do ser humano como portador da “Imagem de DeusImago Dei“. Por outro lado, uma autoestima exagerada, manifestada em arrogância e egocentrismo, reflete a idolatria do eu, isto é, a tentativa de usurpar o lugar que pertence somente a Deus. Ambos os extremos—autodepreciação e exaltação própria—são sintomas de uma visão equivocada da identidade humana e da relação com o Criador.

Herman Bavinck enfatiza que “o valor do ser humano não reside em si mesmo, mas no fato de que ele foi criado à imagem e semelhança de Deus. Qualquer tentativa de definir a identidade humana fora dessa realidade leva à idolatria do eu ou à degradação da dignidade humana”. Esse desvio ocorre porque, ao perder de vista nossa identidade enraizada em Deus, buscamos significado em padrões humanos subjetivos, seja por meio da autodepreciação, seja por meio da exaltação pessoal.

Historicamente, podemos observar como o Iluminismo gradualmente deslocou a fonte da identidade humana de Deus para o indivíduo autônomo. Esta mudança paradigmática criou o terreno fértil para as crises contemporâneas de identidade e valor pessoal que permeiam nossas famílias e relacionamentos.

A cruz e a restauração da dignidade humana

A doutrina reformada de “Solus Christus – Somente Cristo” oferece um fundamento revolucionário para uma autoestima genuinamente cristã. Em Cristo, recebemos não apenas o perdão dos pecados, mas uma identidade inteiramente nova. Charles Spurgeon, o “Príncipe dos Pregadores”, escreveu:

“O cristão não pensa que Deus o ama porque ele é valioso. Ele entende que é valioso porque Deus o ama. Não é a nossa excelência que nos torna amados; é o amor de Deus que nos torna excelentes.”

Esta inversão profunda da lógica cultural transforma radicalmente nossa compreensão da autoestima. Não somos valiosos por nossas conquistas, aparência ou popularidade, mas pelo preço incomparável pago por nossa redenção: o sangue de Cristo. O apóstolo Paulo expressa esta verdade fundamental quando escreve: “Vocês foram comprados por alto preço” (1 Coríntios 6:20). Na linguagem da época, essa expressão significa que o pagamento foi feito à vista, sem desconto ou barganha. Jesus pagou integralmente com sua própria vida e sangue. Fomos resgatados do pecado, da morte e do diabo, não com ouro ou prata, mas com o sacrifício de Cristo. Este “alto preço” estabelece nosso valor inestimável aos olhos de Deus e fornece a base teológica para uma autoestima genuína.

Na cruz, Cristo não apenas expiou nossos pecados, mas restaurou nossa dignidade como seres humanos. A Palavra de Deus afirma que somos totalmente caídos, mas essa verdade não destói nossa autoestima. No entanto, é precisamente a profundidade da corrupção humana que demonstra a perfeição e a grandeza da graça divina. Como afirmou Martinho Lutero: “Deus não ama aquilo que já encontra adorável, mas torna adorável aquilo que Ele ama.”

Esta compreensão da graça transformadora de Deus em Cristo fornece o antídoto tanto para a autoaversão quanto para a arrogância. Em Cristo, somos simultaneamente pecadores e justificados (simul justus et peccator), profundamente falhos e infinitamente amados.

Substituindo mentiras culturais por verdades bíblicas

Nossa autoestima é profundamente moldada pelas mensagens que internalizamos ao longo da vida. As sagradas Escrituras nos chamam a submeter esta avalanche de mensagens à autoridade suprema da Palavra de Deus. R.C. Sproul, observa:

“A maior batalha de nossas vidas cristãs é a batalha por nossas mentes – para pensar os pensamentos de Deus e não os pensamentos do mundo.”

Esta batalha pela mente é particularmente intensa na área da autoestima, onde as mensagens culturais frequentemente contradizem diretamente as verdades bíblicas. O apóstolo Paulo nos exorta: “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente” (Romanos 12:2). Esta renovação envolve substituir mentiras culturais sobre nosso valor por verdades bíblicas sobre nossa identidade em Cristo.

“Nossa identidade não é fundamentada naquilo que fazemos ou nas opiniões dos outros a nosso respeito, mas em quem somos em Cristo”. Esta perspectiva teológica nos liberta do ciclo destrutivo de buscar validação através de conquistas ou aprovação social. A Bíblia está repleta de declarações que afirmam nosso valor como filhos de Deus. Somos “escolhidos” (Efésios 1:4), “amados” (Colossenses 3:12), “herdeiros” (Romanos 8:17), e “novas criações” (2 Coríntios 5:17). Estas verdades, quando verdadeiramente assimiladas, transformam nossa autocompreensão de maneira mais profunda que qualquer afirmação psicológica.

A graça como modelo para relacionamentos saudáveis

A graça não apenas transforma nossa relação com Deus, mas também revoluciona nossos relacionamentos humanos, especialmente no contexto do casamento e da família. Dietrich Bonhoeffer, teólogo luterano e mártir, escreveu:

“O casamento é mais do que o amor mútuo de dois pessoas; tem uma dignidade mais elevada e um poder maior. Enquanto o amor é sua própria justificativa, o casamento é mais que isso – é um estado divinamente ordenado.”

Assim como nossa identidade individual é fundamentada na graça de Deus, nossos relacionamentos familiares também devem refletir esta mesma graça. No contexto conjugal, a autoestima saudável se manifesta quando ambos os cônjuges se veem como igualmente valiosos aos olhos de Deus, ambos necessitados e beneficiários da graça divina. Jonathan Edwards, teólogo puritano, descreveu o amor conjugal como “uma amostra do céu”, onde a verdadeira intimidade resulta não da perfeição mútua, mas da aceitação mútua baseada na graça.

Quando os cônjuges compreendem seu valor em Cristo, tornam-se menos dependentes da validação do parceiro e mais capazes de oferecer amor incondicional, “O casamento cristão não está fundamentado na auto-realização, mas na abnegação mútua segundo o modelo de Cristo.”

A jornada para uma autoestima verdadeiramente cristã não consiste em técnicas de auto-aperfeiçoamento, mas em uma transformação teológica – uma reorientação radical de nossa identidade em Cristo. Como escreveu C.S. Lewis: “O orgulho se satisfaz com a comparação, enquanto a humildade se satisfaz com a participação na natureza divina.” Esta participação na natureza divina por meio de Cristo, não o narcisismo cultural nem a autodepreciação, é o fundamento da verdadeira autoestima cristã, ela não é conquistada pelo esforço próprio, mas recebida como dom da graça. E quando esta verdade é verdadeiramente assimilada, transforma não apenas nossa autoimagem, mas todos os nossos relacionamentos – no casamento, na família e na comunidade cristã – em expressões vivas do Evangelho.

Pai Celestial, reconhecemos que nosso valor não está em nossas conquistas ou aparência, mas em sermos criados à Tua imagem e redimidos pelo sangue de Cristo. Liberta-nos tanto da autodepreciação quanto do orgulho. Ajuda-nos a ver a nós mesmos e aos outros como Tu nos vês – infinitamente valiosos porque infinitamente amados. Que nossos lares e relacionamentos sejam transformados por esta verdade libertadora. Em nome de Jesus, que se esvaziou para que pudéssemos ser cheios. Amém.

Somente Cristo! Pr. Reginaldo Soares.

Meu chamado para o ministério pastoral veio em 1994, sendo encaminhado ao conselho da Igreja Presbiteriana (IPB) em Queimados e em seguida ao Presbitério de Queimados (PRQM). Iniciei meus estudos no ano seguinte, concluindo-os em 1999. A ordenação para o ministério pastoral veio em 25 de junho de 2000, quando assumi pastoreio na IPB Inconfidência (2000-2003) e da IPB Austin (2002-2003). Desde de 2004 tenho servido como pastor na Igreja Presbiteriana em Engenheiro Pedreira (IPEP), onde sigo conduzido esse amado rebanho pela graça de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Sou casado há 22 anos com Alexsandra, minha querida esposa, sou pai de Lisandra e Samantha, preciosas bênçãos de Deus em nossas vidas. Me formei no Seminário Teológico Presbiteriano Ashbel Green Simonton, no Rio de Janeiro, e consegui posteriormente a validação acadêmica pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Pela bondade de nosso Senhor, seguimos compartilhando fé, amor e buscando a cada dia crescimento espiritual. Somente Cristo!

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