“De todos os lados somos pressionados, mas não desanimados; ficamos perplexos, mas não desesperados; somos perseguidos, mas não abandonados; abatidos, mas não destruídos. Trazemos sempre em nosso corpo a morte de Jesus, para que a vida de Jesus também seja revelada em nosso corpo. Pois nós, que estamos vivos, somos sempre entregues à morte por causa de Jesus, para que a sua vida também seja revelada em nossa carne mortal.” 2 Coríntios 4:8-11 NVI.
“A fé cristã não oferece uma vida livre de problemas, mas uma vida que pode suportar problemas. Não promete escape das dificuldades, mas força para enfrentá-las. A diferença entre o cristão e o não-cristão não está na ausência de sofrimento, mas na presença de um poder sustentador que transforma o sofrimento em crescimento.” D. Martyn Lloyd-Jones, Pregação e Pregadores, p. 89
Em dezembro de 1914, quando o explorador Ernest Shackleton e sua tripulação ficaram presos no gelo antártico por quase dois anos, enfrentaram condições que desafiariam qualquer esperança humana. Contudo, Shackleton nunca permitiu que sua equipe desanimasse, mantendo viva a chama da esperança mesmo quando tudo parecia perdido. Esta imagem ressoa profundamente com as palavras do apóstolo Paulo em sua segunda carta aos coríntios, onde ele revela o segredo da perseverança cristã diante das mais severas adversidades.
“O verdadeiro teste da fé não vem nos momentos de prosperidade, mas nas horas sombrias quando tudo ao nosso redor parece desmoronar. É então que descobrimos se nossa esperança está fundamentada em circunstâncias ou em Cristo.” R. C. Sproul, A Santidade de Deus, p. 156.
Simultaneamente Frágeis e Invencíveis
O apóstolo Paulo nos apresenta um paradoxo cristão fundamental: somos simultaneamente frágeis e invencíveis. “Somos abatidos, mas não destruídos” ecoa as palavras paulinas quando ele declara que embora sejamos “pressionados de todos os lados”, não somos esmagados. A canção captura esta tensão existencial do cristão que reconhece sua vulnerabilidade humana enquanto se apropria da força divina. Paulo não nega a realidade do sofrimento – ele o abraça como parte integrante da experiência cristã autêntica.
“Não devemos buscar uma cruz; não devemos fugir dela. Mas quando ela vier – e certamente virá – devemos tomá-la com gratidão, sabendo que através dela Deus está nos conformando à imagem de Seu Filho.” Dietrich Bonhoeffer, O Custo do Discipulado, p. 98.
“A verdadeira medida da espiritualidade não é a ausência de problemas, mas a presença de paz no meio deles. É possível ter tempestade ao redor e calmaria dentro, quando nossa âncora está firme na rocha eterna.” Augustus Nicodemus Lopes, Teologia do Sofrimento, p. 67.
“A glória é pesada e a tribulação é leve e já vai passar” reflete profundamente a perspectiva paulina sobre o peso eterno da glória versus a leveza temporal do sofrimento. Esta não é uma filosofia de negação da dor, mas uma teologia da esperança fundamentada na ressurreição de Cristo. Quando Paulo afirma que nossos “sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna”, ele estabelece um contraste não baseado na intensidade presente da dor, mas na duração e significado de uma glória eterna.
A história da Igreja está repleta de exemplos desta verdade: desde os mártires do Coliseu romano até Dietrich Bonhoeffer enfrentando o nazismo, e tantos outros anônimos que enfrentam ainda hoje a morte por amor a Cristo, a perspectiva eterna transformou tribulações devastadoras em testemunhos duradouros da graça de Deus.
“Nego-me a ceder, sei que a Tua graça é maior que eu” ecoa o cerne da teologia da graça paulina. Paulo compreende que a perseverança cristã não é produto da força de vontade humana, mas resultado da graça sustentadora de Deus. Esta graça não apenas perdoa nossos pecados, mas nos capacita a suportar o insuportável e a encontrar esperança onde humanamente não existe. A renovação diária mencionada por Paulo, “interiormente estamos sendo renovados dia após dia”, é obra da graça divina que atua em nós independentemente de nossas circunstâncias externas.
“A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional. Podemos escolher como responder às adversidades da vida, e essa escolha define quem realmente somos.” Fiódor Dostoiévski, Crime e Castigo, p. 445.
Com Olhos Cravados na Eternidade
A perspectiva eterna transforma nossa compreensão presente. Paulo nos convida a “fixar os olhos não naquilo que se vê, mas no que não se vê”, reconhecendo que nossa realidade atual é apenas um capítulo em uma narrativa muito maior. “Ver a tua face é o maior favor” aponta para a esperança suprema do cristão: a visão piedosa, o encontro face a face com aquele que nos amou primeiro. Esta esperança não é escapismo, mas realismo eterno que dá significado ao sofrimento presente e força para a perseverança diária.
“A esperança cristã não é otimismo barato nem pessimismo disfarçado, mas realismo redentor. Vemos as coisas como realmente são – quebradas pelo pecado – mas também como serão – restauradas pela graça.” Michael Horton, Cristianismo e Liberalismo, p. 78.
João Calvino nos lembra que “nossa salvação flui da fonte da misericórdia gratuita de Deus”. É esta misericórdia que sustenta nossa esperança quando tudo ao redor desmorona. A ressurreição de Cristo não apenas garante nossa própria ressurreição futura, mas transforma nosso sofrimento presente em participação nos sofrimentos de Cristo, carregando em nosso corpo “a morte de Jesus, para que a vida de Jesus também seja revelada em nosso corpo”.
“A vida cristã não é uma corrida de velocidade, mas uma maratona. E em maratonas, não vence quem corre mais rápido, mas quem persevera até o fim com os olhos fixos na linha de chegada.” John Piper, Desiring God, p. 156.
Pai celestial, reconhecemos nossa fragilidade diante das tempestades da vida, mas também confessamos Tua fidelidade inabalável. Perdoa-nos por todas as vezes que permitimos que as circunstâncias ofuscassem Tua glória em nossas vidas. Renova em nós a perspectiva eterna que vê além do presente e encontra esperança na ressurreição de Cristo. Que possamos ser vasos através dos quais Tua graça seja manifestada, especialmente nos momentos de maior dificuldade. Sustenta-nos com Tua força quando a nossa falhar, e lembra-nos sempre de que nossa leve e momentânea tribulação está produzindo para nós peso eterno de glória. Em nome de Jesus, Amém.
Este devocional se baseia na canção “NÃO DESANIMAMOS do grupo Discípulos“.
Somente Cristo! Pr. Reginaldo Soares.
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Meu chamado para o ministério pastoral veio em 1994, sendo encaminhado ao conselho da Igreja Presbiteriana (IPB) em Queimados e em seguida ao Presbitério de Queimados (PRQM). Iniciei meus estudos no ano seguinte, concluindo-os em 1999. A ordenação para o ministério pastoral veio em 25 de junho de 2000, quando assumi pastoreio na IPB Inconfidência (2000-2003) e da IPB Austin (2002-2003). Desde de 2004 tenho servido como pastor na Igreja Presbiteriana em Engenheiro Pedreira (IPEP), onde sigo conduzido esse amado rebanho pela graça de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Sou casado há 22 anos com Alexsandra, minha querida esposa, sou pai de Lisandra e Samantha, preciosas bênçãos de Deus em nossas vidas. Me formei no Seminário Teológico Presbiteriano Ashbel Green Simonton, no Rio de Janeiro, e consegui posteriormente a validação acadêmica pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Pela bondade de nosso Senhor, seguimos compartilhando fé, amor e buscando a cada dia crescimento espiritual. Somente Cristo!
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