FAMÍLIA CRISTÃ – Um tesouro a ser descoberto.
“Então o Senhor Deus fez cair um pesado sono sobre o homem, e este adormeceu. Tirou-lhe uma das costelas e fechou o lugar com carne. E da costela que havia tirado do homem, o Senhor Deus formou uma mulher e a levou até ele. E o homem disse: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; será chamada varoa, porque do varão foi tirada. Por isso, o homem deixa pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne.” Gênesis 2:21-24.
O tesouro a ser descoberto
Em nossa sociedade atual, onde os valores parecem desaparecer rapidamente, é comum ouvirmos declarações recentemente: “A família tradicional está acabada.” Esta afirmação reflete uma realidade desafiadora: a família cristã comum parece quase extinta em um mundo que constantemente redefine seus valores e estruturas, se afastando de Deus e de sua Palavra. A cultura contemporânea bombardeia o conceito bíblico de família com novas definições, arranjos alternativos e pressões sociais que desafiam o propósito divino.
Porém, apesar deste cenário, a família cristã permanece como um poderoso testemunho da graça extraordinária do evangelho nas condições comuns da vida. Não se trata de um exercício de imaginação idealizado, mas de pessoas reais, de carne e osso, entregando suas vidas como sacrifícios vivos diante de Deus.
O propósito divino da família
A família cristã encontra seu modelo em Efésios 5, onde Paulo descreve os papéis divinamente ordenados. O marido é chamado a exercer liderança amorosa, não como um tirano, mas como um servo. Em 1Tessalonicenses 2, Paulo usa a paternidade como metáfora para o ministério pastoral, lembrando seu trabalho árduo e sacrifício: “Ele pregava de dia e trabalhava de noite para que não fosse um fardo para eles.” Esta é a verdadeira autoridade divina – não em tornar outros servos, mas em servir e entregar a própria vida como sacrifício.
Da mesma forma, a esposa é chamada a viver sob a liderança do marido, ajudando-o a ser bem-sucedido. “Não é fácil subordinar a vida à liderança de outro,” reconhece o texto, “mas Efésios 5 representa isso como um chamado comum para uma esposa.” Em última análise, ela se entrega a Deus, confiando nas bênçãos que virão ao viver sob esta ordem divina.
Os filhos também têm seu chamado claramente definido em Efésios 6, onde Deus promete que “tudo vai bem com a criança que honra e obedece a seus pais.” A obediência não é meramente para satisfazer exigências parentais, mas para cumprir a vontade de Deus, resultando em bênçãos divinas.
Quando estes relacionamentos se alinham à ordem bíblica, a família cristã se torna:
- Um lugar de conhecermos a Deus – “Uma geração louvará a outra geração as tuas obras” (Salmos 145.4). Os pais são chamados a meditar sobre “o glorioso esplendor da majestade de Deus”, falando de Suas obras, grandeza, bondade e justiça. As crianças não desenvolvem amor a Deus magicamente, mas observando pais que se maravilham com Ele, o Deus Todo-poderoso.
- Um lugar para desenvolvermos nossas habilidades de relacionamento – A vida familiar oferece as maiores oportunidades para conflitos relacionais, revelando o que Tiago 4.1 identifica como a verdadeira fonte desses conflitos: “De onde procedem guerras e contendas que há entre vós? De onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne?” Neste laboratório relacional, aprendemos a identificar nossos desejos egoístas e a fazermos correções em nossa trajetória através da prática do amor sacrificial.
- Um lugar para conhecermos o Evangelho de Cristo – onde experimentamos a graça transformadora. A família cristã não é um lugar de perfeição, mas um espaço onde pecamos, sofremos devido a nossos próprios pecados, sofremos com os pecados alheios e aprendemos a viver Efésios 4.32: “Sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou.”
Testemunhas da Graça
Em um mundo onde as estruturas familiares estão sendo desconstruídas, a família cristã se destaca não por sua perfeição, mas por sua autenticidade. Vale ressaltar que este testemunho não se limita às famílias com pai e mãe presentes. Existem inúmeros pais e mães solteiros honrando a Deus em seus lares, avós criando netos, e pessoas que, mesmo na ausência de estruturas ideais, ensinam os princípios bíblicos da família.
A família cristã existe quando pessoas reais entregam suas vidas como sacrifícios vivos. Estes lares imperfeitos, mas transformados pela graça, tornam-se “argumentos poderosos a favor da verdade e da beleza da fé cristã” em um mundo que desesperadamente precisa de testemunhas autênticas do evangelho.
Edificando o lar cristão
Como podemos fortalecer nossas famílias cristãs hoje? Comece reconhecendo que a família é uma realidade vivida por pessoas imperfeitas redimidas pela graça. Dedique tempo para maravilhar-se com Deus em família, falando de Sua grandeza e obras. Veja os conflitos não como interrupções indesejadas, mas como oportunidades para crescimento em amor e graça.
Pais, lembrem-se que são pecadores salvos pela graça antes de serem figuras de autoridade. Esta consciência permitirá que vocês se relacionem com seus filhos com empatia e compaixão, levando-os ao evangelho em vez de apenas exigir conformidade.
Esposos e esposas, vivam seus papéis não como fardos, mas como expressões de amor a Deus, encontrando alegria na ordem divina para a família.
Solteiros, viúvos e famílias não-tradicionais, saibam que podem honrar os princípios bíblicos da família mesmo que as circunstâncias de sua vida não sejam ideais.
A família cristã, vivendo pela graça extraordinária do evangelho, é um dos mais poderosos testemunhos contra-culturais em nosso tempo.
Pai celestial, te agradecemos pelo dom da família. Ajuda-nos a ver nossos lares como mananciais em meio ao deserto, onde conhecemos a Deus, onde crescemos em nossos relacionamentos e onde crescemos no Evangelho de Cristo. Capacita-nos, pela tua graça, a entregar nossas vidas como sacrifícios vivos, demonstrando ao mundo a beleza e a verdade de teu plano para a família cristã. Em nome de Jesus, amém.
Somente Cristo! Pr. Reginaldo Soares.
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Meu chamado para o ministério pastoral veio em 1994, sendo encaminhado ao conselho da Igreja Presbiteriana (IPB) em Queimados e em seguida ao Presbitério de Queimados (PRQM). Iniciei meus estudos no ano seguinte, concluindo-os em 1999. A ordenação para o ministério pastoral veio em 25 de junho de 2000, quando assumi pastoreio na IPB Inconfidência (2000-2003) e da IPB Austin (2002-2003). Desde de 2004 tenho servido como pastor na Igreja Presbiteriana em Engenheiro Pedreira (IPEP), onde sigo conduzido esse amado rebanho pela graça de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Sou casado há 22 anos com Alexsandra, minha querida esposa, sou pai de Lisandra e Samantha, preciosas bênçãos de Deus em nossas vidas. Me formei no Seminário Teológico Presbiteriano Ashbel Green Simonton, no Rio de Janeiro, e consegui posteriormente a validação acadêmica pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Pela bondade de nosso Senhor, seguimos compartilhando fé, amor e buscando a cada dia crescimento espiritual. Somente Cristo!
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