“A vida bem vivida não é medida pelos anos, mas pela fidelidade ao chamado de Cristo. Uma mensagem sobre fidelidade, legado e a coroa que nos aguarda.”
2 Timóteo 4:6-8. “Quanto a mim, já estou sendo derramado como uma oferta de bebida, e o tempo da minha partida está chegando. Combati o bom combate, terminei a carreira, guardei a fé. Agora está reservada para mim a coroa da justiça, que o Senhor, o juiz justo, me dará naquele dia; e não apenas para mim, mas também para todos os que amam a sua vinda.”
RESOLUÇÃO 17. “Resolvo viver de tal forma que, ao morrer, deseje ter vivido assim.”
Chegando ao final da estarda
Como você deseja ser lembrado quando suas cortinas se fecharem? Jonathan Edwards, aos vinte anos, fez uma resolução ousada: “Resolvo viver de tal forma que, ao morrer, deseje ter vivido assim.” Poucos têm a coragem de viver olhando para trás a partir do leito de morte. Paulo tinha. Na antessala do martírio, o apóstolo não demonstra arrependimento pela vida vivida, mas gratidão pelo combate travado. A vida cristã autêntica não se mede pela duração, mas pela direção.
“A morte nunca é o fim da história, mas apenas uma vírgula. E para aqueles que confiam em Cristo, é uma vírgula cheia de esperança.” (C.S. Lewis, Cartas de um Diabo ao seu apendiz).
A Segunda Prisão e o Crepúsculo do Apóstolo
Paulo escreve de uma masmorra romana diferente daquela primeira prisão domiciliar. Agora, o império de Nero desencadeava perseguição violenta. O apóstolo sabia que sua execução era iminente. Não morreria de velhice nem em batalha – seria decapitado como criminoso do Estado. Mas seu olhar não estava fixado no verdugo, e sim no Juiz justo. Como observa Jaroslav Pelikan:
“A força da fé cristã primitiva não residia em sua capacidade de evitar o martírio, mas em sua habilidade de transformar o martírio em testemunho. A morte não era derrota, mas coroação.”
— Jaroslav Pelikan, A Tradição Cristã: Uma História do Desenvolvimento da Doutrina
Os Olhares de um Homem Prestes a Morrer
1. Gratidão pelo Passado – O Combate Completo
“Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé.” Paulo não romantiza sua trajetória. Ele usa linguagem militar e atlética – vida cristã é luta, corrida, vigilância. Sua jornada foi um combate contra poderes sombrios, heresias sutis, perseguições externas e tentações internas. Mas Paulo pode dizer: completei. A vida cristã não é medida por sucessos visíveis, mas por fidelidade presente em nossas decisões e nossas atitudes.
“Não morre bem quem não vive bem. A morte é o selo que confirma ou contradiz tudo o que foi professado em vida. Paulo podia morrer tranquilo porque jamais abandonou a verdade nem negou a fé.” — João Calvino, Comentário às Epístolas Pastorais
2. Serenidade no Presente – A Oferta Derramada
“Estou sendo derramado como uma oferta de bebida.” Paulo transforma sua execução em liturgia. Não seria Roma quem tiraria sua vida – seria ele quem a ofereceria a Deus. A imagem é do ritual judaico: vinho derramado sobre o sacrifício (Êxodo 29.40). Sua morte não seria perda, mas libação sagrada. Ele usa analysis (partida) – termo que significa: aliviar de uma carga, soltar um prisioneiro, levantar acampamento, desatar o barco. A morte não o intimidava porque sabia para onde ia. Como Dietrich Bonhoeffer escreveu às vésperas de sua própria execução:
“Este é o fim – para mim, o começo da vida. A morte é o supremo festival no caminho para a verdadeira liberdade.” — Dietrich Bonhoeffer, Cartas e Escritos da Prisão
3. Esperança no Futuro – A Coroa Guardada
“Já agora a coroa da justiça me está guardada.” Mesmo que o imperador o condenasse, o Juiz reto revogaria o veredito. A coroa não era símbolo de mérito próprio, mas de Cristo recebido, Cristo vivido, Cristo esperado. Paulo amplia a promessa: “não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda.” A vida cristã é vivida entre duas vindas – uma em humilhação (que garante nossa redenção), outra em glória (que garante nossa reivindicação).
“O cristão verdadeiro não é aquele que muda a fé conforme os ventos da época, mas aquele que, custando o que custar, permanece fiel ao depósito que lhe foi entregue. Esta é a marca da coragem espiritual.” (João Calvino, Institutas da Religião Cristã, Livro III)
Cristo – O Segredo de Viver e Morrer Bem
Paulo podia olhar para trás com gratidão, para o presente com serenidade e para o futuro com esperança porque sua vida estava ancorada em uma verdade: “Para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro” (Filipenses 1.21). A vida cristã não é construir um legado que sobreviva à morte, mas viver uma realidade que ultrapassa e vence o poder da morte. Cristo não é apenas o Salvador que nos livra da condenação eterna, Ele é a própria vida que vence a morte temporal. Quando o carrasco erguer sua espada, encontrará apenas um corpo vazio, pois o verdadeiro Paulo já terá partido para estar com Cristo.
“E Agora, Como Viveremos?”
Viver de tal forma que, ao morrer, deseje ter vivido assim.
Edwards nos perguntaria hoje: “Você está vivendo de forma que, ao morrer, deseje ter vivido assim?” Aplique o teste retrospectivo de Paulo: se hoje fosse seu último dia, você terminaria com gratidão, serenidade e esperança? Identifique um combate que você tem evitado, uma fidelidade que tem negligenciado, uma esperança que tem abandonado. A vida cristã não é sobreviver até o fim, mas viver tão intensamente em Cristo que a morte se torne apenas mudança de endereço.
“Oremos”
Senhor Jesus, tu que venceste a morte e nos deste vida eterna, ensina-nos a viver olhando para trás a partir do fim. Que nossa vida não seja medida por anos, mas por fidelidade. Perdoa-nos quando tratamos a vida cristã como conveniência, e não como combate. Dá-nos coragem para derramar nossa vida como oferta, sabendo que nada se perde quando é entregue a ti. E quando nossa partida chegar, que possamos dizer com Paulo: Combati o bom combate, terminei a carreira, guardei a fé. Não por nossa força, mas porque tu és nossa coroa. Amém.
PERGUNTAS PARA REFLEXÃO
- Se você morresse hoje, diria que “completou a carreira” ou apenas percorreu parte dela?
- Quais “combates” da vida cristã você tem evitado por medo ou comodidade?
- Como a certeza da “coroa guardada” muda sua forma de enfrentar as perdas presentes?
- Você vive a vida cristã como sobrevivência ou como oferta derramada?
- O que significa, praticamente, “amar a vinda de Cristo” no seu cotidiano?
Somente Cristo! Pr. Reginaldo Soares.
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Meu chamado para o ministério pastoral veio em 1994, sendo encaminhado ao conselho da Igreja Presbiteriana (IPB) em Queimados e em seguida ao Presbitério de Queimados (PRQM). Iniciei meus estudos no ano seguinte, concluindo-os em 1999. A ordenação para o ministério pastoral veio em 25 de junho de 2000, quando assumi pastoreio na IPB Inconfidência (2000-2003) e da IPB Austin (2002-2003). Desde de 2004 tenho servido como pastor na Igreja Presbiteriana em Engenheiro Pedreira (IPEP), onde sigo conduzido esse amado rebanho pela graça de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Sou casado há 22 anos com Alexsandra, minha querida esposa, sou pai de Lisandra e Samantha, preciosas bênçãos de Deus em nossas vidas. Me formei no Seminário Teológico Presbiteriano Ashbel Green Simonton, no Rio de Janeiro, e consegui posteriormente a validação acadêmica pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Pela bondade de nosso Senhor, seguimos compartilhando fé, amor e buscando a cada dia crescimento espiritual. Somente Cristo!