COMO É BEM-AVENTURADO O CASAL CRISTÃO

Descubra como o temor do Senhor pode revolucionar e salvar seu casamento através de princípios bíblicos atemporais e práticos para o casal.

COMO É BEM-AVENTURADO O CASAL CRISTÃO

Temer ao Senhor, o segredo esquecido da felicidade conjugal.

“Bem-aventurado aquele que teme ao Senhor e anda nos seus caminhos!” Salmo 128:1.

Há algo deliciosamente irônico sobre nossa busca moderna pela felicidade matrimonial. Gastamos fortunas em terapias de casal, consultamos especialistas em relacionamento e devoramos livros de autoajuda, enquanto ignoramos solenemente o manual de instruções mais antigo e eficaz já escrito. “Bem-aventurado aquele que teme ao Senhor e anda nos seus caminhos!” (Salmo 128:1) – palavras que ecoam através dos milênios como uma receita negligenciada para a verdadeira bem-aventurança conjugal.

Mas o que significa, afinal, para um casal cristão temer ao Senhor em tempos onde o medo parece estar reservado apenas para quedas na bolsa de valores ou críticas nas redes sociais?

A Linguagem Perdida do Amor Sagrado

Em 1945, durante os horrores da Segunda Guerra Mundial, Dietrich Bonhoeffer escreveu uma carta de casamento de sua cela na prisão nazista para seus amigos. Mesmo enfrentando a morte iminente, o teólogo alemão falou sobre o casamento como “mais que o seu amor um pelo outro”, sendo “um novo começo de vida em comunhão com Jesus Cristo”. Suas palavras ecoam através dos séculos, conectando-nos à verdade atemporal de que o matrimônio não é mera convenção social, mas uma proposição divina que glorifica ao Criador e se torna uma notável agência onde consolo, alegria, fé e amor ganham maior fervor.

Que contraste brutal com nossa obsessão contemporânea pela “compatibilidade”! Como se o amor fosse uma equação algorítmica onde personalidades são variáveis a serem otimizadas. O casal cristão que compreende o temor do Senhor descobre algo infinitamente mais profundo: não se trata de encontrar a pessoa “certa”, mas de tornar-se a pessoa certa diante de Deus.

Observe Adão no Éden. Sua exclamação diante de Eva – “Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne!” (Gênesis 2:23) – não foi o grito de alguém que encontrou sua “alma gêmea”, mas de uma criatura que reconheceu o presente dadivoso do Criador. A diferença é teologicamente revolucionária: o primeiro homem não celebrou sua sorte, mas a providência divina.

O Paradoxo do Temor que Liberta

“O temor de Deus é o início da sabedoria, não o fim da alegria.” Para o casal cristão, o temor do Senhor não é uma prisão emocional, mas a chave que liberta o casamento de seus grilhões mais cruéis: o egoísmo, a manipulação e a tirania dos desejos não santificados.

Considere Isaque e Rebeca. “Ele a amou; assim, foi Isaque consolado depois da morte de sua mãe” (Gênesis 24:67). Aqui está o segredo esquecido: o consolo genuíno no casamento não vem de encontrar alguém que satisfaça nossas necessidades emocionais, mas de reconhecer que Deus usa o cônjuge como instrumento de Sua graça consoladora.

Quantos casamentos morrem pela falta dessa compreensão! Esposos que buscam na esposa o que só Cristo pode dar; esposas que esperam do marido a segurança que só o Senhor oferece. O casal cristão que teme ao Senhor compreende que o casamento é um sacramento, não um sacramento de salvação, mas de santificação.

A Anatomia do Conflito Conjugal

Aqui está uma verdade que os terapeutas matrimoniais raramente articularão: a maioria dos conflitos conjugais não são sobre dinheiro, intimidade ou comunicação. São sobre adoração. Como Victor Hugo intuiu, “o amor é a única felicidade real”, mas nossa geração esqueceu que o amor verdadeiro é impossível sem a adoração correta.

O casal cristão moderno enfrenta uma batalha espiritual disfarçada de problemas domésticos. Esposas que idolatram os filhos, colocando-os acima dos maridos. Maridos escravizados pelas redes sociais, oferecendo sua atenção e energia emocional aos “senhores da modernidade” enquanto suas esposas definham na solidão conjugal.

“Maridos, vós, igualmente, vivei a vida comum do lar com discernimento; e, tendo consideração para com vossa mulher, tratai-a com dignidade, porque sois, juntamente, herdeiros da mesma graça de vida, para que não se interrompam as vossas orações” (1 Pedro 3:7). Pedro não está oferecendo conselhos de etiqueta social; está revelando uma verdade teológica: casamentos que não honram a Cristo literalmente interrompem nossa comunhão com Deus.

O Tripé da Restauração

Para o casal cristão que deseja experimentar a bem-aventurança prometida no Salmo 128, três pilares são inescapáveis:

Primeiro, o arrependimento diário. Não a confissão mecânica de faltas menores, mas o reconhecimento profundo de que nossos pecados conjugais ofendem não apenas o cônjuge, mas o próprio Deus. “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 João 1:9) – uma promessa que transforma quartos de dormir apáticos em santuários de reconciliação.

Segundo, o cultivo do temor santo. Tememos perder emprego, saúde, reputação, mas raramente tememos entristecer Aquele que nos deu tudo isso. O casal cristão que “se santifica em Cristo, seu Senhor” descobrirá que esse temor sagrado expulsa todos os outros medos que atormentam o casamento moderno.

Terceiro, a mente de Cristo. “A si mesmo se esvaziou… a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz” (Filipenses 2:6-8). Aqui está o antídoto para todo conflito conjugal: dois corações determinados a imitar o esvaziamento de Cristo, competindo não por direitos, mas por oportunidades de servir.

A Herança Que Deixamos

Há uma pergunta que deveria incomodar todo casal cristão: que herança espiritual estamos deixando? Não falo de testamentos financeiros, mas da influência eterna de um matrimônio vivido sob o temor do Senhor.

Imaginem filhos que cresçam observando pais que oram juntos, se arrependem mutuamente, e encontram em Cristo a fonte de sua unidade. Que dirão quando chegarem à idade de casar? “Queremos um casamento como o de vocês” – palavras que ecoarão na eternidade como fruto de uma vida conjugal verdadeiramente bem-aventurada.

Como cantou o salmista: “Bem-aventurado aquele que teme ao Senhor e anda nos seus caminhos!” Esta não é uma promessa vaga de prosperidade, mas a garantia específica de que o casal cristão fundamentado no temor santo experimentará o que Deus sempre pretendeu para o matrimônio: consolo que cura, alegria que sustenta, e amor que glorifica ao Criador.

Que possamos redescobrir este segredo esquecido, para que nossos lares se tornem verdadeiros santuários onde a graça de Deus se manifesta através da fidelidade conjugal, e onde cada dia de casamento seja um novo capítulo na história de amor entre um homem e uma mulher feitos a imagem e semelhança do Criador.

Senhor, obrigado pelo dom sagrado do matrimônio. Ajuda-nos como casal cristão a viver segundo Teus propósitos, em arrependimento diário, temor santo e unidade de pensamento. Que nosso lar seja uma agência de consolo, alegria, fé e amor, refletindo Tua glória. Livra-nos do egoísmo e da servidão aos ídolos modernos. Que possamos andar em Teus caminhos e experimentar as bênçãos prometidas aos que Te temem. Em nome de Jesus, nosso Senhor. Amém.

Somente Cristo! Pr. Reginaldo Soares.

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Meu chamado para o ministério pastoral veio em 1994, sendo encaminhado ao conselho da Igreja Presbiteriana (IPB) em Queimados e em seguida ao Presbitério de Queimados (PRQM). Iniciei meus estudos no ano seguinte, concluindo-os em 1999. A ordenação para o ministério pastoral veio em 25 de junho de 2000, quando assumi pastoreio na IPB Inconfidência (2000-2003) e da IPB Austin (2002-2003). Desde de 2004 tenho servido como pastor na Igreja Presbiteriana em Engenheiro Pedreira (IPEP), onde sigo conduzido esse amado rebanho pela graça de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Sou casado há 22 anos com Alexsandra, minha querida esposa, sou pai de Lisandra e Samantha, preciosas bênçãos de Deus em nossas vidas. Me formei no Seminário Teológico Presbiteriano Ashbel Green Simonton, no Rio de Janeiro, e consegui posteriormente a validação acadêmica pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Pela bondade de nosso Senhor, seguimos compartilhando fé, amor e buscando a cada dia crescimento espiritual. Somente Cristo!

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