Descubra como superar o egocentrismo na família através do modelo de Cristo, transformando relacionamentos familiares em expressões vivas do amor sacrificial que reflete a glória de Deus.

DE FAMÍLIA EGOCÊNTRICA A FAMÍLIA CRISTOCÊNTRICA

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“Não façam nada por interesse pessoal ou vaidade, mas por humildade, cada um considerando os outros superiores a si mesmo, não tendo em vista somente os seus próprios interesses, mas também os dos outros. Tenham entre vocês o mesmo modo de pensar de Cristo Jesus…” Filipenses 2:3-5.

“Como podemos ser tão egocêntricos se somos uma família cristã?” Este lamento ecoa em incontáveis lares cristãos. O egocentrismo na família não é exclusivo dos não-crentes – é a manifestação natural da nossa condição caída. Como escreveu C.S. Lewis: “O orgulho é a natureza da doença que torna uma criatura capaz de se alegrar em si mesma mais do que no Deus que a fez.” O orgulho não é apenas um vício entre outros — é a essência da rebelião do coração humano contra Deus. Quando ele diz que é a “natureza da doença”, está apontando que o orgulho não é um simples comportamento errado, mas uma distorção interior profunda que afeta o modo como a criatura se relaciona com o Criador.

O egocentrismo na família manifesta-se quando crianças discutem sobre brinquedos, quando o pai prioriza sua carreira acima da família, ou quando a mãe exerce controle excessivo. Nas palavras de Agostinho: “O amor de si mesmo até o desprezo de Deus forma a cidade terrena; o amor de Deus até o desprezo de si mesmo forma a cidade celestial.” Essa frase contrapõe dois amores centrais, um amor desordenado de si mesmo, que busca a própria glória, autonomia e satisfação em detrimento da vontade divina e um amor ordenado a Deus, que se entrega com humildade, mesmo que isso custe a autonegação. A verdadeira questão do ser humano é uma questão de amor: o que ou quem amamos em primeiro lugar define a quem pertencemos, se ao mundo ou Deus.

O pecado, em sua essência, é egocentrismo. Adão, no primeiro “aconselhamento familiar” da história, demonstrou isso claramente ao culpar Deus e Eva por sua própria transgressão (Gênesis 3:12). A maldição intensificou esta condição – à mulher foi dado o “desejo” pelo marido, e ao homem a obsessão pelo trabalho.

O modelo contra-cultural

Para entender a alternativa ao egocentrismo na família, precisamos contemplar a jornada terrena de Jesus. Ele declarou: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mateus 20:28). Essa afirmação não é apenas uma descrição de sua missão, mas um convite a um estilo de vida voltado para o outro. Em um contexto familiar, onde tantas vezes o orgulho, a busca por reconhecimento e a insistência em direitos pessoais geram conflitos, Jesus apresenta um caminho radicalmente diferente: o da entrega sacrificial. Seu exemplo nos desafia a abrir mão da centralidade do “eu” para colocar o outro em foco — seja o cônjuge, os filhos ou os pais. O serviço de Cristo, culminando na cruz, é o antídoto para nossa tendência egoísta e o modelo para um lar onde o amor é mais do que sentimento: é ação humilde, diária e deliberada.

Na Trindade, vemos o modelo perfeito de relacionamento familiar. Jesus, “imagem do Deus invisível” (Colossenses 1:15) e “expressão exata do seu Ser” (Hebreus 1:3), viveu o oposto da vida egocêntrica, especialmente na cruz. Como afirmou Jonathan Edwards: “Cristo é o fim da lei; conformidade com Ele é a perfeição da virtude.”

A única cura

O egocentrismo na família não é meramente um problema comportamental – é uma questão do coração. Filipenses 2:6-8 revela o modelo transformador: “Tenham entre vocês o mesmo modo de pensar de Cristo Jesus, que, mesmo existindo na forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus algo que deveria ser retido a qualquer custo. Pelo contrário, ele se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se semelhante aos seres humanos. E, reconhecido em figura humana, ele se humilhou, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz.”

A cura do egocentrismo na família começa com nossa união com Cristo pela fé, que nos redime da escravidão ao pecado. Como observou John Owen: “A morte de Cristo é a morte do pecado; onde uma é verdadeiramente aplicada, a outra certamente acontecerá.”

Transformação prática

Para superar o egocentrismo na família, Paulo nos exorta: “Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros” (Filipenses 2:3-4). Uma família cristocêntrica é norteada por três compromissos fundamentais:

  1. Adoração como motivação suprema, reconhecendo que cedemos nossos direitos não apenas para evitar conflitos, mas para glorificar Cristo.
  2. Seguir deliberadamente a Jesus através da Palavra, oração e integração na igreja, permitindo que Sua mente seja formada em nós.
  3. Regozijar-se em olhar para os outros como Cristo nos vê, encontrando alegria no serviço mútuo.

Pai Celestial, confessamos nosso egocentrismo. Perdoa-nos pelas vezes em que colocamos nossos desejos acima dos outros. Agradecemos pelo exemplo perfeito de Cristo, que se esvaziou completamente em amor sacrificial. Transforma nosso lar de um campo de batalha de egos para um santuário de amor cristocêntrico. Que possamos encontrar deleite em servir uns aos outros como adoração a Ti. Em nome de Jesus, que deu Sua vida por nós, amém.

Somente Cristo! Pr. Reginaldo Soares.

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4 comments

  1. A morte de Cristo é a morte do pecado; onde uma é verdadeiramente aplicada, a outra certamente acontecerá.” Maravilhosa essa citação.

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