“Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas da casa onde estavam os discípulos com medo dos judeus, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco!” João 20.19.
“A ressurreição de Cristo não é apenas um evento do passado, mas uma força presente, uma realidade viva que invade o tempo e o espaço para transformar o medo em coragem, o lamento em louvor, e a morte em vida. A paz que Ele oferece não é mera tranquilidade interior, mas reconciliação objetiva com Deus, fundada na justiça satisfeita por sua morte e confirmada por sua ressurreição.”
Michael S. Horton, Doutrinas da Fé Cristã, p. 630.
No crepúsculo de um domingo que mudaria para sempre a história da humanidade, encontramos uma cena marcante: discípulos aterrorizados, escondidos atrás de portas trancadas. O medo dominava aqueles homens que haviam testemunhado a brutal crucificação de seu Mestre. Temiam que o mesmo destino os aguardasse nas mãos das autoridades judaicas. Contudo, naquele cenário de pavor e desesperança, algo extraordinário aconteceu. As portas permaneciam trancadas, mas Jesus ressuscitado apareceu entre eles. Nem o túmulo nem as portas fechadas podiam conter Aquele que venceu a morte. Sua primeira palavra aos discípulos amedrontados revela o coração de sua missão: “Paz seja convosco!”
Este relato não é apenas uma narrativa histórica, mas uma poderosa metáfora para nossa própria experiência espiritual. Frequentemente nos encontramos como aqueles discípulos – escondidos atrás de portas trancadas de nosso próprio medo, dúvida, vergonha ou culpa. Nossas “portas trancadas” podem representar barreiras que erguemos, impedindo Cristo de entrar plenamente em nossa vida.
Contudo, uma verdade gloriosa emerge deste texto: portas trancadas não podem deter Jesus! Nada o impediu de entrar na casa e de reentrar na vida daqueles homens aterrorizados, provando ser ele o Salvador e a viva esperança deles. Aquele que venceu a morte não é detido por nossas barreiras humanas. Ele se manifesta como alguém que podia ser visto, ouvido, tocado e conhecido – e se aproxima de nossa vida da mesma maneira hoje.
A aparição de Jesus aos discípulos demonstra sua capacidade de entrar em nossa realidade exatamente onde estamos. Não importa onde nos encontremos ou o que tenhamos feito, Cristo pode adentrar nossa vida – em nossa tristeza, nossas trevas, nosso medo, nossas dúvidas – e tornar-se visto e conhecido, declarando: “Paz seja convosco!”
Talvez você se identifique com Tomé, o cético, pronto para questionar os assuntos da fé. Em algum grau, perguntas são boas e saudáveis. Tomé foi direto com Jesus, essencialmente dizendo: “Eu não acreditarei em você a não ser que possa verdadeiramente pôr meu dedo nas suas cicatrizes.” E Jesus respondeu a Tomé: “Tudo bem, se é isso que é necessário para você, então aqui está” (João 20.24-29). Este encontro revela que Jesus não teme nossas dúvidas – ele as enfrenta diretamente e se revela a nós em meio a elas.
Ou talvez você se veja como Pedro, o negador, pronto para renunciar à sua identidade em Cristo e sentindo condenação por ter “pisado na bola”. Jesus tomou Pedro, que o havia questionado inúmeras vezes, mas que desmoronou perante a pergunta de uma jovem serva, e o transformou na pedra sobre a qual sua igreja foi edificada (Mateus 16.18). Esta transformação nos mostra que Jesus nos aceita a despeito de nossas falhas e usa nossa vida de maneiras surpreendentes e restauradoras.
Ou talvez sua história se assemelhe à de Maria Madalena, cujo passado a assombrava, fazendo-a sentir-se indigna do amor e aceitação de Jesus. Contudo, não foi por acaso que Deus ordenou o primeiro encontro registrado de Jesus após sua ressurreição para ser com uma mulher que tinha um passado marcado pelo pecado e que havia sofrido até mesmo possessão demoníaca. Não foi uma coincidência aleatória que o primeiro abraço, por assim dizer, do Cristo ressuscitado fosse com aquela mulher. Ele oferece o mesmo abraço redentor a cada um de nós, independentemente de nosso passado.
“A escolha de Maria Madalena como a primeira testemunha da ressurreição subverte todas as expectativas humanas. A mulher marginalizada se torna portadora das boas-novas eternas. A ressurreição começa com os desprezados, lembrando-nos que o Reino de Deus é para os que nada têm a oferecer além de um coração quebrantado.”
Beeke e Jones, Teologia Puritana, vol. 1, p. 598.
A história da aparição de Jesus aos discípulos amedrontados nos lembra uma verdade fundamental: Jesus pode atravessar portas fechadas; ele pode atravessar corações endurecidos. Através de sua morte e ressurreição, ele foi capaz de construir uma ponte sobre o abismo que o pecado abriu entre uma humanidade rebelde e um Deus justo. O mesmo Jesus que atravessou paredes físicas é capaz de penetrar as barreiras emocionais, intelectuais e espirituais que erguemos.
Em um mundo onde tantos vivem em constante inquietação, as palavras de Jesus – “Paz seja convosco!” – ecoam através dos séculos como um bálsamo para nossas almas feridas. Esta paz não é meramente a ausência de conflito, mas a presença de uma harmonia profunda com Deus, conosco mesmos e com os outros – uma paz que excede todo entendimento e que somente o Cristo ressurreto pode conceder.
Diante desta poderosa verdade, somos confrontados com perguntas que exigem nossa resposta:
Você já recebeu Jesus sem condições e sem reservas?
Você o abraça diariamente?
Você anuncia seu Evangelho a si mesmo a cada manhã?
Precisamos receber a salvação que Jesus oferece livremente. Ela precisa estar fresca em nossa mente a cada dia. Confiar dessa maneira implica em nos darmos em serviço a Deus, submetendo-nos ao seu senhorio como nosso Salvador. Significa levar as promessas de Deus no coração e receber continuamente a salvação que ele nos oferece de graça.
Identifique as “portas trancadas” em sua vida – aquelas áreas que você tem mantido fechadas para Cristo. Pode ser um relacionamento quebrado, um pecado não confessado, uma mágoa profunda ou uma ambição egoísta. Convide conscientemente Jesus a entrar nessas áreas hoje.
Com fé genuína, você descobrirá que o Cristo ressurreto está ao seu lado, oferecendo uma paz eterna e íntima que triunfa sobre sua tristeza, suas trevas, seu medo, suas dúvidas, transformando tudo isso. Em meio às tempestades da vida, ouça o Cristo ressurreto dizer a você: “Paz seja convosco!”
“A paz que excede todo entendimento não é um conceito subjetivo, mas uma realidade objetiva operada pela reconciliação entre o Criador e a criatura. Só há paz verdadeira quando o homem, em sua culpa, é justificado por um Deus que não apenas perdoa, mas se doa em sacrifício. E isso só é possível porque Cristo vive.”
Millard J. Erickson, Teologia Sistemática, p. 951.
Senhor Jesus, assim como entraste naquela sala onde os discípulos estavam amedrontados, entra hoje em meu coração. Atravessa as portas que tranquei por medo, vergonha ou dúvida. Fala tua palavra de paz às áreas tempestuosas de minha vida. Ajuda-me a receber-te sem reservas e a abraçar-te diariamente como meu Salvador e Senhor. Que eu possa experimentar a paz transformadora que só Tu podes dar, mesmo em meio às circunstâncias mais desafiadoras. Em Teu nome, que venceu a morte, eu oro. Amém.
Somente Cristo! Pr. Reginaldo Soares.

Meu chamado para o ministério pastoral veio em 1994, sendo encaminhado ao conselho da Igreja Presbiteriana (IPB) em Queimados e em seguida ao Presbitério de Queimados (PRQM). Iniciei meus estudos no ano seguinte, concluindo-os em 1999. A ordenação para o ministério pastoral veio em 25 de junho de 2000, quando assumi pastoreio na IPB Inconfidência (2000-2003) e da IPB Austin (2002-2003). Desde de 2004 tenho servido como pastor na Igreja Presbiteriana em Engenheiro Pedreira (IPEP), onde sigo conduzido esse amado rebanho pela graça de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Sou casado há 22 anos com Alexsandra, minha querida esposa, sou pai de Lisandra e Samantha, preciosas bênçãos de Deus em nossas vidas. Me formei no Seminário Teológico Presbiteriano Ashbel Green Simonton, no Rio de Janeiro, e consegui posteriormente a validação acadêmica pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Pela bondade de nosso Senhor, seguimos compartilhando fé, amor e buscando a cada dia crescimento espiritual. Somente Cristo!